Natascha Falcão celebra a tradição do forró no EP “Universo de Paixão” 

22/07/2024

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Thuanny Judes

Por: Thuanny Judes

Fotos: Divulgação/ Maika Mano

22/07/2024

Natascha Falcão é uma artista apaixonada, é perceptível ao ouvir a emoção em sua voz já na primeira canção do EP Universo de Paixão, “Timidez”. Lançado às vésperas do Dia de São João, em 21 de junho, o trabalho destaca os sons mais tradicionais do norte do país, ainda que misture as nuances mais contemporâneas da música brasileira. Usando o forró como base, ela aborda temas românticos com doçura, força e sensualidade. O projeto foi elaborado em parceria com o instrumentista e diretor musical Beto Lemos e lançado pelo selo Biscoito Fino.

A escolha das cinco canções que compõem o EP foi pensada para narrar uma história de amor. Nele, há músicas de compositores como Rômulo César, Ferreira Filho, Gino Liver, Edu Falaschi e Kiko Loureiro, e inclui “Melhor Assim”, parceria da artista com Beto Lemos. 

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Para Natascha, esse projeto é a realização do seu desejo de cantar forró, um ritmo que representa a cultura do Nordeste: “Universo de Paixão retrata os territórios da minha paixão, o que faz meu coração vibrar, que é falar de amor e cantar as músicas da minha terra. Esse trabalho traz à tona as lembranças da minha infância e adolescência,  aprendendo forró na cozinha de casa com minha tia. Sinto que o Brasil todo tem uma ligação com o Nordeste, com a música nordestina”, afirma.

Nascida em Pernambuco, a compositora vive no Rio de Janeiro há 10 anos, onde divide o tempo entre a música e a atuação. Em 2019, lançou o EP Kitsch Completo, seguido do single “Banho de Flor”, em 2021. Seu primeiro álbum completo, Ave Mulher (2023), foi lançado em pela Biscoito Fino, e lhe rendeu indicação ao Grammy Latino na categoria Artista Revelação no mesmo ano. Em sua outra faceta artística, integra o elenco da novela No Rancho Fundo desde abril, como a personagem Lola. No folhetim, gravou a música de abertura com Elba Ramalho

Convidamos Natascha para uma conversa sobre o EP e também sobre o seu universo particular de paixões. Acompanhe o bate-papo: 

Universo de Paixão é um EP sobre o que está no seu coração: o Nordeste, a arte, o forró, a cultura da sua terra. Como aconteceu a escolha das composições?

Aqui, no sudeste, tem um movimento muito forte pelo forró, se nutre uma grande paixão pelo ritmo, tem festivais e muitos grupos que enaltecem o forró, mas sinto que fica um pouco limitado ao forró pé de serra e à composição de um forró mais tradicional – que é maravilhoso e de um valor inestimável. Mas o forró é um organismo vivo e em constante evolução, e eu tenho uma paixão bem especial pelo que a gente chama de forró das antigas, que seria um forró “estilizado”, que foi um estouro nos anos 1990 e 2000. Um hit internacional não é um hit internacional se não tiver uma versão em forró, sabe? Além de genial, isso é grandioso. Por essas e outras, eu senti esse desejo de resgatar alguns dos meus forrós favoritos e trazê-los para o universo da canção, que pra mim significava: valorizar a poesia contida em cada música e também manter a raiz. Então escolhi “Timidez” (Cavalo de Pau e Mastruz com Leite), “Me Usa” (Banda Magníficos), “Anjo Querubim” (Limão com Mel), e “Agora Estou Sofrendo” (Calcinha Preta). Essas bandas são de grande valor e movimentam uma cena gigante. São músicas lindas, que me emocionam, e falam de fortes emoções, profundas e grandiosas. Durante as gravações, era bem difícil não me emocionar. Eu e Beto Lemos, meu parceiro de produção musical, chegávamos a chorar de verdade, pelo transbordar das belezas.

Qual foi a faísca para o surgimento do projeto?

O meu álbum Ave Mulher é um disco super forte, mítico, que fala de força, de pertencimento, de ancestralidade, transcendências. Também fala de amor, mas carrega uma dor muito forte, uma necessidade de superação. Para esse EP, eu queria acessar uma outra persona. Uma delicadeza, um despertar de belezas. Acho que pouca coisa deixa a gente tão vivaz como um amor, um universo de paixão. Juntar também com o fato de estar numa novela de estética nordestina me deu vontade de aproveitar e mostrar essa faceta mais contemporânea e pop da minha terra, das minhas raízes, do que me constitui. 

“Melhor Assim”, faixa destaque do EP, fala de paixão e também de uma decepção. A composição já estava guardada para o projeto ou foi escrita especialmente para o EP?

O nome do EP nasce dessa música. Tem um verso que diz: “me enganei, é o fim de um Universo de Paixão”. Essa cantiga não foi exatamente planejada para fazer parte do EP, mas digamos que nasceu predestinada para tal. Ela fecha perfeitamente a narrativa de enamoramento que eu conto no repertório. E abraça todo o conceito poético e estético desse albinho. 

O videoclipe desse single também é bastante artístico e carregado dessa paixão, além de contar com a participação do seu colega de cena, José Loreto, que também está no ar na novela. Conta um pouco sobre a concepção do vídeo? Vi que você também assina o roteiro.

Pra mim, era fundamental evocar esse clima de festa junina, de romantismo, tons de Almodóvar e de cinema pernambucano. O drama que habita na dialética nua e crua entre desejo e realidade. O romance, a brincadeira. O contemporâneo. O ancestral. A gente é tudo isso, afinal. Na dramaturgia, a minha personagem revive a criação desse universo de paixão, que como um cristal, depois de quebrado que não cola jamais, mas é na fresta que se abre espaço para a luz, para o novo. A melodia da música é animada, mas existe um lamento, seguido de uma aceitação. Eu assino direção artística, roteiro e figurino, ao lado de Julia Juazeira. Uma multiartista pernambaiana que admiro muito e também mora aqui no Rio de Janeiro. Escolhi a feira de São Cristóvão por ser um pedacinho do Nordeste no Rio de Janeiro. E traz esses elementos fundamentais, essas cores, o karaokê de um lado, um trio pé de serra do outro, essa vibe de tradição, de bagaceira diversão e nostalgia. Foi perfeito, melhor que isso, só indo pro Parque do Povo, no interior de Pernambuco. 

Como a atuação e a música se cruzam no seu processo criativo? 

Eu costumo dizer que a cantora que eu sou deve muito a atriz que tem em mim. Acho que eu sou, antes de tudo, uma intérprete. Eu amo cantar porque dou vida e emoção à música que canto. Assim como amo atuar, porque da mesma forma, ofereço o meu jeito de sentir e expressar minhas emoções para uma cena, ou personagem. Estou vivendo um momento maravilhoso em que dou vida a uma personagem que é cantora na novela das 18h. A Lola, minha personagem, canta várias músicas em cena, no palco do Cabaré Voltagem. Além disso, tem música do meu álbum na trilha sonora e eu ainda canto a abertura da novela ao lado de Elba Ramalho. Muita honra. Vários presentes. Então posso dizer que essas camadas estão se cruzando e fluindo lindamente. Também foi lindo conseguir lançar meu EP homenageando o forró, no melhor mês possível, que traz festividades de tradições tão importantes para a minha gente.

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22/07/2024

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