por Gustavo Lacerda
Cachorro Grande foi uma incandescente chama piloto para o fogão de duas bocas que inflamou as cerca de 12 mil pessoas presentes no Gigantinho. Oasis entrou no palco, ao som de Fuckin` in the Bushes, às 21h40. Os irmãos Gallagher, apesar de praticamente não se comunicarem, mostraram que estão em plena forma, mesmo vindos de uma turnê que começou em outubro e Porto Alegre sendo o último de quatro shows no Brasil – os outros foram no Rio de Janeiro, em São Paulo e Curitiba.
A banda, aliás, mostrou seu novo integrante da cozinha: Chris Sharrock. Se não demonstra tanta habilidade quanto Zack Starkey – baterista, filho de Ringo Star, que vinha acompanhando o grupo, participou da gravação do último CD, Dig Out Your Soul, e voltou a se dedicar em tempo integral ao The Who -, o ex-baterista de Robbie Williams esbanja virtuosismo.
A coesa escolha da sequência inicial de músicas fez a pista incendiar rapidamente: “Rock & Roll Star”, “Lyla”, “The Shock of the Lighting”, “Cigarettes and Alcohol” e “Meaning of a Soul”. Misturando canções do primeiro CD, Definitely Maybe, com dos dois últimos, Don´t Believe the Truth e Dig Out Your Soul, no começo do show, Liam, liderando os vocais em todas, garantiu que o público pulasse sem parar.
Com uma plateia em ponto de ebulição, foi hora de desacelerar um pouco e cozinhar em banho-maria. Para isso, nada melhor do que a nova “To Be Where There`s Life”, com direito a improvisação. Em seguida, Noel assume os vocais – de forma tímida, mas com muita qualidade. Esta, inclusive, é a diferença entre os irmãos diante do microfone: enquanto Liam tem um timbre mais agressivo e uma forma única de cantar, que o fez ser um dos frontmen mais influentes dos anos 90, Noel se destaca pela técnica. E que técnica fez o Gigantinho inteiro cantar, no bis, “Don´t Look Back in Anger”, liderado por Noel na voz e violão, numa versão sem bateria e sem o característico piano nos moldes de Imagine, dos Beatles.
Falando nos Fab Four, para colocar mais lenha na fogueira e pôr fogo em tudo de uma vez, a noite acabou com um cover de “I`m the Walrus”, numa pegada bem mais rock`n roll do que a original.
Ainda se destacaram os clássicos “Champagne Supernova”, “Supersonic”, “Morning Glory” e “Wonderwall”. Diante das labaredas desencadeadas pelo Oasis, até a chuva que caiu forte na manhã se intimidou, cessando três horas antes da passagem de som do grupo.