A fervilhante plateia do festival Psica não poupou os gritos de “endoida, caralho” durante o show da Liniker, no último domingo, 15/12. A cantora escolheu Belém do Pará para encerrar o ano e a primeira parte da turnê do disco Caju (2024).
O bordão usado pelos paraenses surgiu no circuito das aparelhagens para expressar o ápice do rolê. Não à toa, para se despedir da plateia, a cantora escolheu o remix de “Caju” na moda local do tecnomelody, releitura concebida pelos DJs Barbie Plus Size e DJ Felino.
Aliás, não faltaram momentos memoráveis durante a 13ª edição do festival criado pelos irmãos Gerson Júnior e Jeft Dias há mais de dez anos. Realizado entre 13 e 15 de dezembro, o Psica reuniu 85 mil pessoas, que passaram pelo centro da cidade na sexta-feira com programação gratuita, e no estádio Mangueirão durante o final de semana.
Com line-up diverso, as mais de 50 atrações de diferentes estilos musicais destacaram as sonoridades da região amazônica – como o tecnobrega e o carimbó. O festival está inserido no ecossistema de artistas e produtores culturais que, nos últimos anos, ajudou a projetar a grandeza da música nortista para o restante do país.
A curadoria propõe conexões geracionais e territoriais. Ao longo do final de semana, foi possível escutar um pouco de tudo – do pop de Pabllo Vittar ao rap de Duquesa e Brisa Flow –, presenciar a história da soul music em movimento com a Banda Black Rio e Tony Tornado, e encerrar a noite com as equipes J Som, Super Pop e Carabao.
Confira 5 destaques do Psica:
Fafá de Belém
Acompanhada da banda formada por músicos paraenses, a cantora interpretou o repertório do segundo disco da carreira, Água (1977). “Estou com a minha gente, cantando músicas de compositores de várias gerações. A gente se banha nas águas desses rios”, ela declarou durante o show. No repertório, incluiu “Raça”, composição de Fernando Brant e Milton Nascimento, “Cidade Pequenina”, de Caetano Veloso e Roberto Menescal, e ainda incluiu “Emoriô”, de Gilberto Gil e João Donato.
João Gomes e Don L
Repetindo a dobradinha realizada no ano passado em Belo Horizonte, o ícone do piseiro convidou o rapper cearense para dividir o palco no último show de domingo. Antes de introduzir Don L, João Gomes rasgou seda e afirmou a importância do artista na sua formação musical. O encontro poderia soar fora do tom, mas casou com naturalidade. Para além da dobradinha, o setlist trouxe hits autorais, versões de Luiz Gonzaga e Kid Abelha, e até mesmo o último single, “Vira-Lata”, parceria com Pabllo Vittar, que subiu ao palco para a participação surpresa.
Liniker
A expectativa em relação ao show valeu a pena pois a cantora estava com o público nas mãos. Ainda que o foco estivesse nas músicas do novo disco, ela ainda incluiu “Baby 95”, do Indigo Borboleta Anil (2021). A participação de Pabllo Vittar em “Deixa Estar” foi a cereja do bolo da apresentação emocionante. Ao longo de uma hora, Liniker passeou pelo r’n’b com pegada gospel – muito por conta do show a parte dos backing vocals –, pagodão baiano, samba, house, tudo muito com a cara da artista.
Rossy War
Conhecida como rainha da tecnocumbia, a cantora peruana voltou aclamada a Belém, com direito a fãs usando camisetas com seu rosto e cartazes com mensagens a ela. A sua música romântica ressoa nas aparelhagens há anos, então a sua escalação reforça as conexões entre a Amazônia latina, um flerte iniciado na década de 1990.
Viviane Batidão e Zaynara
Autodeclarada “madrinha do Psica” pois se apresentou em quatro edições, Viviane Batidão entregou uma performance de pop star com bailarinos, coreografias ousadas e muita pirotecnia. Dividido em blocos, a introdução trouxe os hinos do tecnobrega, seguiu para um medley eletrônico com os sucessos do EDM, e por fim, convidou Zaynara para encerrar a noite. “Me identifico e me vejo na princesinha do beat melody”, declarou ao apresentá-la a plateia. A convidada, por sua vez, não decepcionou ao cantar canções como “Quem Manda em Mim” e “Sou do Norte”.