Por dentro dos festivais: programação do Rock in Rio destaca artistas brasileiros

19/09/2024

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Lucas Vieira

Por: Lucas Vieira

Fotos: Divulgação

19/09/2024

Com público de cem mil pessoas, o primeiro sábado (14/9) de Rock In Rio foi marcado por grandes shows de artistas brasileiros que balançaram a Cidade do Rock, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Confira alguns dos destaques:

Pato Fu + Penélope

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“Esse encontro estava prometido desde os anos 90”, comentou Fernanda Takai durante o show que reuniu pela primeira vez as bandas Pato Fu e Penélope, que haviam se apresentado separadamente na edição de 2001.

O show foi dividido entre números juntos e separados, Penélope entregou um setlist sem surpresas porém certeiro, com as faixas “Namorinho de Portão”, “Holiday”, “Ciranda da Bailarina” e “Caixa de Bombom”.

Já o Pato Fu apostou em clássicos de sua fase mais pop: abriram com “Canção Pra Você Viver Mais”, seguiram com “Perdendo Dentes”, colocaram o público para cantar “Sobre O Tempo”, e fecharam o bloco com o medley “Made In Japan/Capetão 66.6 FM”.

A rainha do rock, Rita Lee, foi homenageada em momento marcante do show. Fernanda Takai cantou “Ovelha Negra” ao violão junto de Érika Martins, da baterista Nicolly de Oliveira na pandeirolae de Erika Nande, ex-integrante da Penélope, tocando baixo acústico com arco.

Nas apresentações conjuntas, as bandas tocaram com duas baterias, dois teclados, três guitarras e dois baixos, entregando muito peso. No bloco final, participaram os músicos Mário Jorge Heine (bateria) e Constança Scofield (teclado), também ex-integrantes da banda baiana, e foi feita uma homenagem a Luisão Pereira, guitarrista do conjunto que faleceu em março de 2024. Os grupos noventistas abriram o palco Sunset com um show agradável e sem muitas surpresas, comemorando os 32 anos de Pato Fu e 25 de Penélope.

Lulu Santos

Lulu Santos abriu o Palco Mundo cheio de energia. Foi só após uma sequência de quatro músicas, cantadas e dançadas por todo o público, que o cantor se dirigiu à plateia: “Senhoras e senhores, senhoras e senhoras e senhores e senhores, obrigado por comparecerem mais cedo para a matinê, afinal, todo mundo espera alguma coisa de um sábado a tarde”.

O repertório foi recheado de canções pop já sacramentadas nos ouvidos brasileiros, com melodias e letras atemporais, como “Último Romântico”, “Aviso Aos Navegantes” e “Apenas Mais Uma de Amor”. Na apresentação, o artista recebeu Gabriel, O Pensador para cantar as faixas “Cachimbo da Paz” e “Astronauta” e a Sinfônica Ambulante em “Tempos Modernos”. Ao longo do show, Lulu Santos deu recados politicamente afiados em sua sutileza. Na abertura, atualizou a letra de “Toda Forma de Amor”: “Eu sou um homem, você é o que quer”, e, em “A Cura”, pediu apoio ao público: “Grita comigo pela saúde, pela música, pela cultura, pela ecologia”.

Durante a apresentação, o apreço pela qualidade dos arranjos se destacou em cada música. Baseado na turnê mais recente de Lulu, Barítono, o show contou com diversas trocas de instrumentos. Vários baixos e teclados diferentes foram utilizados pela banda, além de o cantor ter tocado guitarras de 6 e 12 cordas e o guitarrista Tavinho Menezes ter tocado também mandolin, electric sitar e lap steel, abrilhantando as composições.

O show mostrou a grandeza consolidada da obra de Lulu Santos e reforçou suas qualidades como um artista de multidões. Durante a apresentação, o cantor ditou coreografias ao público, caminhou pelo corredor para se aproximar da plateia e entregou um espetáculo que contou até com explosões de papel picado. Uma tarde que o Rock In Rio não se esquecerá.

Mestrinho

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Não há dúvidas de que Mestrinho é o grande nome da sanfona de sua geração. Em formato que acrescenta a linguagem do jazz ao trio nordestino – acordeon, zabumba e triângulo –, o artista dá novos tons aos ritmos tradicionais do nordeste, como o xote, o baião e o forró, com novos elementos, que incluem utilizar uma pedaleira de efeitos poucos convencionais em seu instrumento.

Em sua apresentação no palco Global Village, o sanfoneiro trouxe o clima de festa de interior para o público com canções autorais e releituras de clássicos da música brasileira, como “Pagode Russo”, “Realce”, “Odara”, “Eu Só Quero Um Xodó” e “Festa”. A plateia aproveitou para dançar bastante e apreciar a exuberância das melodias da banda de apoio de Mestrinho.

O grande destaque ficou para a faixa de encerramento, “Lamento Sertanejo”, em que o artista celebrou seu orgulho nordestino: “Uma honra estar fazendo forró no Rock in Rio e defendendo a cultura nordestina”. No número, Mestrinho apresentou sua banda, que realizou solos virtuosos esquentando o final da apresentação.

Geraldo Azevedo

Estrela da noite do Global Village, Geraldo Azevedo reuniu o maior público do palco, substituindo Hermeto Pascoal, que cancelou sua presença no festival por motivos de saúde. Celebrando o Dia Nacional do Frevo, o cantor transformou a noite do primeiro sábado do Rock In Rio em uma mistura de carnaval com festa junina.

Sucessos como “Paula e Bebeto”, “Dia Branco”, “Sabiá” e “Dona da Minha Cabeça” sacudiram a plateia que, entre as músicas, ovacionou o cantor, fazendo coro gritando seu nome. Com banda formada por músicos do Recife, quem se destacou durante a apresentação foi o flautista e diretor musical César Michiles. Além de trazer um gosto especial ao repertório com sua flauta, o artista protagonizou dueto virtuoso com Geraldo ao violão na música “Bicho de Sete Cabeças”, ponto alto do show.

Para o encerramento do show, o cantor entregou um inusitado momento especial: ao lado de sua banda, apresentou uma versão de “Taj Mahal”, clássico de Jorge Ben Jor, em ritmo de frevo, com uma interpretação contagiante.

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