Disco: Blunderbuss
Avaliação: Ouça no talo
Jack White é um músico tão prolífero que o lançamento de um álbum solo parecia uma questão de tempo. Afinal, mesmo dando as cartas no White Stripes e no Raconteurs, e ainda dividindo as atenções com Alison Mosshart no Dead Weather, o homem sempre deu a impressão de ter algo escondido na manga. Só era preciso um projeto mais intimista para que isso se confirmasse.
Não há grandes surpresas em Blunderbuss, cujas treze faixas passeiam pelo rock sessentista que Jack sempre venerou, além de folk, blues e várias vertentes da música negra norte-americana. Mas esse aparente “conservadorismo” não tira os (muitos) méritos do álbum, gravado com nada menos que duas bandas de apoio.
A guitarra marcante de Jack está presente em músicas como “Sixteen Saltlines” e “Freedom at 21”, mas em geral não há muita distorção. Ouvindo as lindas melodias de piano de “Love Interruption” e “Hypocritical Kiss”, a gente percebe que isso nem faz tanta falta. As letras transbordam melancolia, talvez pelo momento vivido por Jack – o fim do White Stripes e de seu casamento.
“Estava escrevendo o encarte outro dia e parecia que tudo tinha muito a ver com a morte. Por alguma razão, ela é presença esmagadora em toda as letras”, chegou a comentar o músico.
Parece que realmente há males que vêm para o bem. Pelo menos na música.
@danielsanes é editor-assistente de Geral do Jornal do Comércio-RS, editor de Música do site Nonada e faz uns freelancers por aí. Ouve de (quase) tudo, mas sua devoção por Ramones e Motörhead é eterna.