Álbum: What Kind of World
Gravadora: Readymate Records / Deck Disc
_por Fernando Halal
Bem antes de provar o gosto da fama com o Raconteurs, onde divide vocais e guitarras com o amigão da vizinhança Jack White, Brendan Benson já era o herói de muita gente. Dono de pelo menos duas pequenas obras-primas do power pop (Lapalco e The Alternative to Love), o cantor, compositor e multiinstrumentista de Michigan nem precisava de toda essa exposição para sentir-se um artista realizado – há até quem defenda (leia-se o autor deste texto) que músicas como “Gold Into Straw” superam toda a discografia do White Stripes.
What Kind of World é o quinto álbum solo do cara, e o seu segundo pós-Raconteurs (o anterior foi My Old Familiar Friend, de 2009). Coincidência ou não, são trabalhos nitidamente inferiores aos da primeira fase.
Será que pesou a vida paralela como rockstar em uma superbanda? Deixemos que a psicologia responda, e vamos nos ater ao novo repertório do homem.
De cara, dá para dizer que suas letras continuam boas e o disco está todo no lugar, muito bem produzido – tem até espaço para uma sobra do Racounters, o rockão “Here in the Deadlights”. Da acelerada “Met Your Match” à soturna “Pretty Baby” e a ópera crescente à la Todd Rundgren que é “No One Else But You”, temos aqui uma aula de gravação em estúdio. Além da clara figura de um compositor com “C” maiúsculo.
O que Benson talvez precise é sair um pouco da zona de conforto ou, quem sabe, ampliá-la. Todo artista, e ele é um dos raros que existem por aí, necessitam arriscar um pouco mais de vez em quando.
Ser mais um dentre tantos certamente não deveria ser o destino de um talento nato como este.
Sorte que suas canções são recheadas de melodias amigáveis, fáceis de gostar. Peguemos o single “Bad for Me”. Imagine esta música sendo lançada em 70 e poucos: estaria disputando a tapa o ranking da Billboard com um John Denver da vida!
O disco segue em boa rotação, mas sempre com a sensação de que falta uma pitada de sal aqui e ali, de que Benson podia mais.
Tudo isso é, lógico, papo de crítico. Quando você menos perceber, What Kind of World estará na sua playlist, tomando o lugar de Blunderbuss (o recém-lançado álbum solo de você-sabe-quem). Vai por mim.
Avaliação: Dá um caldo
Pra quem gosta de: Big Star, Teenage Fanclub, Raconteurs e Badfinger
@halalson é jornalista malemolente, fotógrafo de técnica zero e cinéfilo dodói. Não morre sem ver um show do Neil Young.