Bruno Krieger Martins saiu de Porto Alegre especialmente para assistir ao U2 em São Paulo. Aqui, ele conta, com exclusividade para a NOIZE, por quê é grato por ter estado lá.
Dezenove horas. Uma fila de mais de 300 metros até a entrada do estádio Morumbi, em São Paulo. Para o tamanho, o trajeto não é considerado demorado. Pouco mais de meia hora. No caminho, a cerveja gelada vendida pelos ambulantes (consideravelmente barata, entre 3 e 4 reais) e as tentativas dos engraçadinhos de furarem a nossa frente, nos distrai. Negociar a bebida e mandar os furões para o final faz com que o tempo passe mais depressa.
Ao entrar, nos deparamos com um Morumbi quase lotado (o que viria a ocorrer instantes mais tarde). O palco “aranha” do U2 é enorme! Um mastodonte. Impossível não ficar boquiaberto diante daquilo.
A banda Muse abre a noite, pouco antes das 20 horas. Confesso que – apesar do bom som que a banda faz – usei este tempo para ir ao banheiro, comprar mais cerveja e evitar um pouco a chuva que caía. Portanto, qualquer comentário que fizer, estarei sedo injusto.
Fim do show do Muse. Movimentação no palco. Sobem algumas caixas de som e se encaixam às pernas da “aranha”, pessoas correm, andam, conversam, nos enrolam; quase quarenta minutos e nada.
Momentos antes das dez da noite e… lá vêm eles. Devagar em direção ao palco. Bono vem atrás da sua trupe. O tempo parece parar. A chuva já não cai mais. Eles são foda. Dá para ver no andar.
O palco, que já parecia imponente, agora mostra a que veio. Luzes. Cores. Som. O telão até então tinha mostrado apenas a sua presença. Agora ele ajuda a comandar a noite. Subindo, descendo, abrindo e transmitindo – além do show ao vivo – vídeos preparados para a noite e que se encaixam, com uma exatidão absurda, ao que a banda faz. Um megaespetáculo. Show digno de ser visto por todos os ângulos! É, eles acertaram no nome, U2 360º.
Nas músicas, consagradas pela banda irlandesa, tudo parece feito para cada um de nós. É Bono, eu ainda não encontrei o que eu procuro! Mas esta noite encontrei um estádio lotado, fascinado por um espetáculo que não sairá de nossas cabeças tão cedo.
A plateia extasiada cantava junto, ou pelo menos tentava, como na música “One” (admito que fiz a mesma coisa), em coro: “One love, one life… uis gote cihehossseho (isso foram alguns resmungos). “Esta última parte foi cantada em tom mais baixo e disfarçadamente. Pô, ninguém é obrigado a saber tudo, né?
Mais de duas horas de show. Tudo concatenado. Tudo exato. E lá se foi o U2. Deixando sua marca na vida daquelas pessoas que os prestigiaram. Deixando em nossas caras aquela expressão de quem viu algo e ainda não acredita.
Instantes depois da sua saída, cai uma chuva grossa, gelada, como ainda não havia caído. Nos faz voltar a realidade. Nos faz lembrar que estamos em São Paulo e que demoraremos bastante para chegar em casa. De que os taxistas tentarão tirar vantagem de estarmos dependendo deles. Apesar do choque de realidade, continuamos agradecidos. Como ouvi um cidadão comentar no banheiro: “Cara, que show. Coisa de outro mundo”.
Fico feliz por ter estado lá.
Fotos: MRossi/Divulgação