Sé da Rua denuncia o temor de ser um corpo travesti por meio de rimas afiadas

20/07/2023

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Gabriela Amorim

Por: Gabriela Amorim

Fotos: Reprodução

20/07/2023

Bandas que você não conhece mas deveria é a seção mais antiga da NOIZE. Desde 2007, ela se reinventa em diferentes formatos e continua sendo impressa a cada lançamento do NOIZE Record Club. Toda quinta-feira, vamos publicar uma indicação musical apresentada na revista. Nesta edição, Sé da Rua foi a indicada no BQVNC do Lado A da revista #135, que acompanha o vinil de “Meu Esquema”, de Rachel Reis.  

Sé da Rua é uma travesti não binária, produtora musical, rapper, MC, malabarista de farol, artesã e outras mil coisas. Atualmente a artista caiçara reside no Jardim Elisa Maria, bairro localizado no subdistrito de Brasilândia, Zona Norte de São Paulo. Antes de divulgar seu primeiro disco, Bruxaria de Viela (Parte 1) (2020), a artista lançou singles que conversavam mais com o gênero do rap. Atualmente, passeia também por outros gêneros, como o reggae.

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Neste ano, Sé da Rua lançou seu segundo disco solo, Ori de Trava (2023), com sete faixas, e divulgou dois singles ao lado da MC e produtora cultural Sodomita, com a qual ela realizou participações no episódio oito do projeto “Grime”, do Centro Cultural da Juventude de São Paulo, e no projeto “Brasil Grime Show”, em abril passado. Ambos os vídeos estão disponíveis no Youtube de cada projeto. 

 Por onde começo? Pelo disco Ori de Trava (2023), no qual a artista já dá um ótimo panorama da sua sonoridade. Depois, siga para os vídeos das apresentações nos projetos do “Brasil Grime Show” e do Centro Cultural da Juventude de São Paulo e assista a artista rimando ao vivo. Por fim, termine no disco Bruxaria de Viela (Parte 1), no qual recomendo a faixa “Esse Sangue é Meu” e a música-título. 

Mood? Underground, contemporâneo, afiado e forte. Através de suas poesias, Sé da Rua denuncia a violência urbana, a desigualdade social, e o temor de ser um corpo travesti não binário que busca sobreviver em um cenário brasileiro. Vivendo por anos nas ruas e munida de histórias, a artista sagaz rima com domínio, exibindo um trabalho que ainda está em ascensão. Como nem tudo é só profundidade e papo cabeça, Sé também destina parte de suas canções para a sua fé. 

Como soa? Rap em diálogo com suas vivências de rua e influências pessoais. Sé da Rua consegue se conectar com qualquer oportunidade de fazer um novo som e, assim, colocar a sua marca. Pra quem gosta de: Irmãs de Pau, Brisa Flow, Sodomita e ABRONCA. 

Qual a vibe? Pronta pro jogo, sempre com a faca amolada. Sé da Rua tem registros fortes, que mostram pautas e críticas que talvez sejam pouco debatidas dentro da sua bolha, permitindo que o ouvinte não saia do mesmo jeito que era quando deu o play na faixa. Ouça o som de mente aberta. 

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20/07/2023

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