Tim Bernardes mostra suas dores mais íntimas no primeiro disco solo, “Recomeçar”

26/09/2017

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Marta Karrer

Por: Marta Karrer

Fotos: Divulgação

26/09/2017

Recomeçar é um disco que se deve ouvir de olhos fechados. Sem os riffs agitados e longe das viradas contagiantes d’O Terno, a vulnerabilidade arrasadora das composições de Tim Bernardes nunca esteve tão escancarada. No seu primeiro disco solo, o frontman do trio paulistano aposta em arranjos mais leves e sutis – mas nunca menos emocionantes.

As letras pesadas podem surpreender quem espera a mesma ironia de “Culpa”, “Ai, Ai, Como Eu Me Iludo” ou “Eu Confesso” (já clássicas na discografia da banda), mas retratam com maestria a perda de inocência de toda uma geração. Falando de amor ao mesmo tempo que comenta sobre a vida, descreve o cotidiano e todas as contradições que vem com ele, Tim consegue fazer com que suas letras se apliquem a qualquer pessoa sem nunca soar clichê, genérico ou óbvio.

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Recomeçar é um álbum para ouvir do início ao fim, sem interrupções. E foi exatamente isso que aconteceu quando o cantor fez uma audição surpresa do disco através de um live no Facebook na noite de segunda, às vésperas do lançamento oficial nas plataformas de streaming. As quase 200 pessoas reunidas naquele mesmo canto da internet ouviram as canções em primeira mão, chorando juntas por amores que não deram certo e se sensibilizando pela dor de quem nem conheciam.

Sofrer ouvindo as composições do Tim já é costume dos fãs desde que a demo de “Não” surgiu no Youtube em 2014. Agora, a faixa ganhou mais dimensão e se afirma como um dos seus melhores trabalhos, com trechos arrasadores como “Não peça tempo para eu te esquecer/Que eu me acostumo, mas eu não te esqueço”.

Recomeçar é um disco em primeira pessoa. Quase todas as canções contam histórias do ponto de vista de Tim, que também assina os arranjos (de banda, cordas, sopros e harpa), a produção, a direção musical e até a mixagem. A exceção a essa regra é “Ela”, que traz a veia observadora do compositor e se transforma num híbrido entre apelo e carta de amor.

A sensibilidade é tanta que parece estranho ouvir as faixas pela internet – as composições quase parecem algo íntimo demais para ser cantado fora da sala da própria casa. Depois de citar os músicos envolvidos no álbum, os colegas de banda, Luiza Lian, Charles Tixier e tantos outros nomes, Tim encerra os agradecimentos com “E claro, obrigado a você que está ouvindo” – e é justamente essa sensação de que as músicas falam do que há de mais íntimo e visceral em cada um de nós que faz o disco bater tão forte.

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26/09/2017

Marta Karrer

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