Bandas que você não conhece mas deveria é a seção mais antiga da NOIZE. Desde 2007, ela se reinventa em diferentes formatos e continua sendo impressa a cada lançamento do NOIZE Record Club. Toda quinta-feira, vamos publicar uma indicação musical apresentada na revista. Nesta edição, Oblomov foi o indicado no BQVNC do Lado A da revista #125, que acompanha o vinil de “Sim Sim Sim”, do Bala Desejo.
Recebendo o nome de um romance do russo Ivan Gontcharov, a banda Oblomov foi fundada em 2017, na cidade de São Simão, interior de Goiás, pelos então adolescentes João Víctor Queiroz e José Eduardo. Nascendo da afinidade musical, que provinha de longas horas de sessões de improviso de rock clássico, na garagem de José Eduardo, a dupla começou a se interessar pelo indie rock ao ouvir bandas como The Growlers e Boogarins. Em um rumo natural, o duo começou a incorporar ao seu som elementos da Tropicália, Clube da Esquina, psicodelia nordestina e rock independente dos anos 2010, e assim divulgou seu primeiro EP Oblomov (2019). Tendo a estética sonora setentista como base, em uma espécie de saudosismo, o som da dupla veio passando por um amadurecimento, assim como os jovens João e José, que agora cursam Música Popular, na Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais. Durante os últimos dois anos, o duo divulgou singles e seu segundo EP Oblomov II (2021), lançado pelo selo fonográfico Honey Bomb Records. Este último conta com capa fantástica, criada pelo ilustrador Giulio Sertori. Vale destacar que, no primeiro semestre de 2022, a dupla virou um quarteto, com a chegada de Hugo Scharfenberg (baixo) e José Neto (bateria).
Por onde começo? Indico pelos videoclipes disponíveis no Youtube de “Lanterna do Saber” e da faixa “Noites Longe de Você”. Com uma discografia curta, comece pelo trabalho mais recente, o EP Oblomov II (2021), onde indico começar pelas canções “Olhos Coloridos” e “Nada de Novo”. Depois, siga para o primeiro EP Oblomov (2019).
Mood? “Todo mistério é imensidão, toda verdade é um navegar sem fim”, sentiu? Essa é uma das frases presentes em uma música do duo cativante João e José. Com a produção dividida entre os dois integrantes iniciais, suas músicas passeiam entre o indie, passam pelo folk, mas se cravam no psicodélico. Entre referências nacionais e internacionais, eles assumem um trabalho complexo e bem produzido, com vocais leves, mixagem bem realizada, além de linhas de guitarras versáteis. Se você gosta de Boogarins, irá curtir o som dos jovens.
Como soa? Uma viagem pelos delírios que as melodias causam na mente, mas sem bad trip. Letras reflexivas com teclados, guitarra, baixo e vozes sobrepostas. Com muito talento, a dupla mostra que apesar da jovialidade, sabe entregar faixas que convidam o ouvinte para uma imersão curta, porém de intensidade necessária.
Qual a vibe? Coloque seus fones de ouvido e saia do lugar, mesmo parado. Na verdade, o gostoso mesmo é escutar com o pé na grama ou pertinho do mar. Com o foco no presente, as faixas despertam o que é necessário, ativando uma sensibilidade que, na maioria das vezes, se perde em meio a rotina.
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