A banda de folk-rock abriu a noite com “Para Abrir os Olhos”, aquecendo o público – todos convidados, nenhum pagante, mas muitos fãs. Em seguida, mandou a mais country “Just to See The Blue Eyes See”, já com palmas do público. A terceira foi “Miss Universe”. No fim desta canção, Helio Flanders, líder do grupo, que tocava seu violão com uma rosa presa ao fim do braço, brincou pela primeira vez com o público: “Hoje é uma noite especial. Fiz até o cabelo”. Arrancou risadas como se estivesse brincando, mas realmente haviam passado a tesoura em suas madeixas, sempre mais relaxadas e compridas do que nesta apresentação. Foi a primeira vez que algum integrante do grupo se manifestou durante as gravações.
Um quarteto de cordas – com três violinos e um violoncelo – acompanhou o grupo em “Hemisfério”. Então, todos saíram do palco, com exceção de Helio, que chamou a primeira convidada. Mallu Magalhães entrou e começou a assoprar sua gaita, enquanto o cuiabano entoou, nervoso, os primeiros versos de “The Last Time I Saw You”, acompanhado pela cantora adolescente – recebida por alguns sarristas entre o público com os versos “Olha só / que cara estranho que chegou”, referência aos Los Hermanos de Marcelo Camelo, parceiro a quem Mallu vem dedicando mais atenção – e até lágrimas -, o que tem gerado especulação da mídia.
A canção de amor foi repetida para que a produção fizesse os takes certos no DVD, mas não antes de Helio mais uma vez conversar com a platéia: “Ajam como se nada tivesse acontecido, como quando vocês chegam em casa e encontram seus pais”. Depois da regravação, o violonista ainda brincou que, agora que a garota deixava o palco, a banda poderia tocar músicas mais pesadas.
Fizeram “Cachaça” e depois “Antes que Eu me Esqueça”, mais uma vez acompanhada pelo quarteto erudito. Realmente estavam mais empolgados. As canções vieram mais rápidas, com menos levada do folk clássico a la Dylan. Diminuíram o ritmo em “Love is the World”, já mais soltos no palco.
O tocador de acordeon Arthur de Faria ajudou a diminuir o ritmo ainda mais em “Robert”, que passou calmamente para “Last Days of Romance” e “Beloved”. A audiência, de cerca de 400 pessoas, já estava em transe, acompanhando com palmas, cantando, se emocionando.
A banda então migrou para um momento mais curioso do show, primeiro com uma versão country de “O Mar” (“O mar / quando quebra na praia / é bonito / é bonito”), de Dorival Caymmi. O público foi pego de surpresa mas recebeu bem a canção. Logo em seguida, Helio anunciou duas inéditas, primeiro a rock ‘n roll “Promessas de Navegação”, depois a balada folk “Mexico City Blues”, que a banda já havia tocado em outras apresentações, como a do festival Planeta Terra deste ano. Ao fim, o vocalista recebeu um retoque na maquiagem, enquanto a platéia dava um misto de risadas e aplausos. Chamou para frente do público os amigos das bandas Porcas Borboletas e Los Porongas: “Pode vir queimar o cigarrinho aqui. Gravação não tem cheiro”.
Após “Cosmonauta”, chamaram ao palco Luiz Carlini, guitarrista da seminal banda Tutti-Frutti (na qual Rita Lee era vocalista, logo após o fim dos Mutantes), e juntos fizeram duas vezes “You Know Me Well”.
Fecharam animados com “Enquanto Isso na Lanchonete”, a rapidinha “Hey Yo Silver” e com seu maior sucesso, “Semáforo”. Após o fim do show, ainda repetiram algumas músicas para garantir tomadas extras de filmagem, o que deu ao público que ficou na casa pelo menos mais meia hora de apresentação.