Desde o lançamento de Acorda, Pedrinho, em março do ano passado, a Jovem Dionísio entrou em um ritmo agitado de shows e compromissos profissionais. Em pouco mais de um ano, realizaram cerca de 80 apresentações, incluindo uma turnê na Europa, um show no Rock in Rio Lisboa, além de participações em programas de televisão e uma colaboração com Marcos Valle, em “Melhor do Mundo”.
Nesse meio tempo, o grupo arranjou tempo para fazer imersões criativas para compor novo material. O resultado desses encontros se tornou o single “por dentro e por fora”, lançado em 19 de outubro, com produção de Jd, Lucas Suckow e Thiago Ramalho. No videoclipe, eles mostram algumas cenas registradas em Madri, Paris e Dublin.
“Estamos trabalhando desde que terminamos a tour. Durante as viagens, a gente não tinha desvendado como conciliar a parte criativa com os compromissos. Estamos aprendendo a criar rotina, manter os nossos relacionamentos, ficar com a saúde em dia”, explica o vocalista Bernardo Pasquali. “Fizemos um retiro no início do ano e outro antes da Europa, onde tentamos levantar o máximo de músicas que a gente consegue e vemos o que fazer com isso. Agora estamos nesse momento: canalizá-las para algum lugar. O nosso desejo é fazer um segundo disco.”
Para o guitarrista Rafael Dunajski, a essência da banda está justamente no cuidado que os integrantes colocam tanto no som, quanto no visual e em tudo que envolve a Jovem Dionísio. “A gente gosta de pegar na mão e produzir entre a gente. Como estávamos na loucura, estava difícil, agora fora da estrada, conseguimos focar 100% no estúdio”, divide o músico.
O tempo na estrada impactou no som da banda. O single novo traz uma inovação logo de cara: ainda que ela se mantenha dançante, há uma guitarra com distorção em primeiro plano. O equilíbrio entre pop e indie rock: “Essa música se conecta com o que estamos escutando agora. A gente queria incluir o sentimento que temos nos shows”, explica o baterista Gabriel Dunajski.
Depois de viralizar com o hit “Acorda, Pedrinho” no TikTok, música usada em mais de 600K vídeos compartilhados na plataforma, o grupo reflete sobre os possíveis caminhos sonoros que desejam percorrer. “Estamos descobrindo como envelhecer dentro desse trabalho”, conta o vocalista. “Como o nosso gosto vai flutuando nesse caminho? O que a gente deixa de gostar? O que a gente gostava e continua fazendo sentido? Acho que essa música mostra as coisas que todo mundo está curtindo agora”.
A exposição na internet resultou em plays, mas também se transformou em um público fiel, que se mantém atento às novidades. Ainda que o sucesso tenha sido abraçado pela banda, eles não se preocupam em reproduzir formatos ou buscam viralizar a qualquer custo. “Estamos aqui para fazer música boa e o resultado disso é fazer shows. As coisas estavam boas antes de tudo isso acontecer, agora seguimos nos divertindo entre nós. Se tiver outro hit, beleza. Não sabia que ‘Acorda, Pedrinho’ aconteceria”, afirma Bernardo.
Em Curitiba, casa do quinteto, não é incomum os pararem na rua para perguntar se eles são os meninos do “Acorda, Pedrinho”. “É engraçado”, diz o cantor. “Curitiba é ótimo – e uma merda – porque tudo está sempre igual. A nossa relação com a cidade está diferente. Muita gente vem trocar ideia, uma parada que a gente não vivenciava antes, e que traz muitas responsabilidades.”
No entanto, como qualquer coisa da vida, a exposição online tem o seu lado bom e o lado ruim. No caso dos curitibanos, ter uma rede de apoio faz toda a diferença quando se vive algo novo: “É uma loucura o poder das redes sociais. A parte boa é que estamos vivendo isso juntos, somos amigos há muito tempo, então conversamos sobre qualquer situação”.
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