“Aprendi a cantar atrás dos tambores”, diz Ruben Rada, lenda da música uruguaia

08/11/2023

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Ariel Fagundes

Por: Ariel Fagundes

Fotos: Lu Lee/Divulgação

08/11/2023

Entre o couro esticado dos tambores e a eletricidade vibrante das bandas de rock e de jazz, Ruben Rada redesenhou o mapa musical da América do Sul. Aos 80 anos, ele é o artista mais importante da música afro-uruguaia, tendo sido responsável por conectar as raízes percussivas do candombe com a musicalidade psicodélica dos anos 1960, um movimento que a imprensa da época batizou de Candombe-Beat.

Em sua vasta carreira, com algo entre 40 e 50 discos lançados solo ou em projetos coletivos, “El Negro Rada”, como é apelidado em seu país natal, protagonizou uma revolução estética no Uruguai. Ainda assim, na conversa que segue abaixo, ele conta que enfrentou a fome, a pobreza, o racismo e a Ditadura Militar até que finalmente fosse consagrado como o artista monumental que é. “Foi duro chegar aos 80 anos. Agora todo mundo me quer, todo mundo me respeita”, diz Rada pouco antes de se apresentar no palco do Sesc Jazz, em São Paulo, no último dia 2.

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Segundo Rada, o show foi a primeira vez que o público brasileiro pagou ingressos para vê-lo, e o músico estava radiante com isso. Sua mãe era gaúcha, nascida em Santana do Livramento (RS), e Rada possui uma relação íntima com o Brasil: em 1969, ele participou do IV Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro, nos anos 1970, tocou com Airto Moreira e Flora Purim, além de ser amigo de diversos músicos brasileiros, de Milton Nascimento a Daniela Mercury e Hermeto Pascoal. Nesta entrevista, Ruben Rada revisa o seu passado com muita transparência, falando com muito bom humor de temas delicados, como o racismo e a repressão política que sofreu.

Como você se sente aos 80 anos? Como estão seus projetos?

Eu gravei um álbum no Uruguai com meu parceiro Ronaldo Bastos, um grande poeta. Ele foi ao Uruguai, também é amigo de Tamy, que toca comigo, e falamos de fazer um disco que fosse um presente para a minha mãe, que nasceu no Brasil. Então, eu gravei um disco em português, e eu sei que o espírito de minha mãe voltou ao Brasil. Ela nunca pôde voltar, por problemas de dinheiro, filhos e a pobreza, então nunca mais voltou a Santana do Livramento (RS), nunca voltou ao Brasil. Então, eu fiz esse disco, As Noites do Rio (2021), e estou muito feliz.

O único problema é que o disco foi gravado durante a pandemia. Então, não tinha jornalistas pra falar de nada, tudo era a pandemia e a política. Mas eu estou muito feliz com esse disco, alguém vai escutar e saber que é um disco muito respeitoso ao Brasil. Eu sou muito amigo do Milton Nascimento, do Gilberto Gil… Agora, outro dia, foi jantar lá em casa a Daniela Mercury

Você tem uma relação antiga com o Brasil, né? Além da sua mãe ser brasileira, em 1969, você foi ao Rio de Janeiro para tocar no IV Festival Internacional da Canção.

Sim, em 1969 vim tocar no Rio. Cantei uma canção chamada “Escapa”. Eu estava com o Joan Manuel Serrat. Estávamos nós dois, mas ninguém falava conosco (risos). 

Por quê? 

Ah, porque havia um montão de artistas muito importantes. De nós, ninguém falou. Eu cantei “Escapa” e ele cantou uma canção maravilhosa dele [“Penélope”]. Depois, o Serrat se tornou grande no mundo inteiro. 

E depois disso você tocou bastante com o Airto Moreira. 

Depois, com o Airto Moreira. Eu trabalhei com ele nos Estados Unidos, gravei um disco com ele, I’m Fine, How Are You? (1977), eu fiz umas canções ali com uns grandes músicos. Também fizemos turnê pelos EUA, com o Airto e com a Flora Purim. Foi uma época muito linda. E ali eu também gravei com o Opa, com o Hugo Fattoruso, Osvaldo Fattoruso e Ringo Thielmann. E acho que um dia ficou doente um percussionista brasileiro [Laudir de Oliveira], ele não podia tocar, e eu toquei em um show com o Chicago, tocando percussão. Eu não conhecia nada, mas naquela época você fazia “tlim-tlim-tlim”, e os americanos: “Ah, que bom…”. E era uma merda! A única coisa que eu tocava bem eram as congas [“tumbadoras”, em espanhol]. O resto era um desastre. Mas foi bom, foi bom.    

Você tem uma trajetória bem extensa, mas tudo começou com o candom… 

O carnaval! Comecei aos 10 anos no Uruguai com uma comparsa de candombe, que é como uma escola de samba daqui. Eu cantava e meu nome era “Sapatito”, que é um sapato pequeno, né? Porque eu tinha dez anos e calçava 44, já tinha os pés grandes, mas depois nunca mais cresceu (risos). E eu desfilei e ganhei um prêmio de melhor artista do carnaval aos dez anos. Aí comecei, saí dois anos seguidos com a comparsa. Depois, aos 16 anos, fui para a murga [gênero de teatro musical típico do carnaval uruguaio]. O nome da murga seria aqui [no Brasil] Milonga Nova [o nome era La Nueva Milonga]. E lá também ganhei prêmio como o melhor artista do carnaval. E nas murgas, eu tinha que fazer as vozes. O diretor da murga era muito inteligente para criar as vozes, mas era dessas pessoas que falam como o Louis Armstrong. E eu era um menino, tinha muitos registros voz, eu cantava em qualquer lugar [grave ou agudo], de tudo. E aí eu aprendi a fazer vozes, com a murga. 

Depois da murga, eu passei para um grupo de salsa do Pedro Ferreira [Orquesta tropical candombera Cubanacán], fiquei ali uns dois anos, e ali eu aprendi a cantar candombe bem, por cima do ritmo. Aprendi a frasear com ele. Meu ídolo sempre foi Ray Charles, aprendi a escutar Ray Charles e roubei tudo dele, da sua forma de cantar. Depois, passei para um grupo de dixieland [The Hot Blowers], todas essas coisas, lembro que quem também fazia isso era a Elza Soares, o scat. Depois trabalhei como ator cômico de televisão por sete anos, sempre cantando. Depois formei o grupo El Kinto, com Eduardo Mateo, que foi uma lenda da música uruguaia. Eduardo Mateo era nosso John Lennon

E como começou a ideia de conectar a raiz percussiva do candombe com o rock psicodélico dos anos 1960?

Bom, foi com o El Kinto. Os jornalistas falavam que nós tocávamos Candombe-Beat, porque tocávamos com duas guitarras, baixo… Tudo eletrônico. E eu tocava percussão com as congas. E os negros ficavam brabos comigo, irritados, porque o candombe se toca com três tambores: o piano, o chico e o repique. Mas durante muito tempo tocamos essa música, fizemos muito sucesso com El Kinto. As melodias do Mateo eram maravilhosas e foi muito bom para o Uruguai. El Kinto é o que faz com que, depois, apareça o Totem

É uma continuidade, né?

Uma continuidade, El Kinto foi a matriz. 

Pena que o El Kinto gravou pouco. 

Gravou pouco, sim. El Kinto nunca gravou um disco. Nós trabalhamos num programa de televisão, o nome era Discodromo Show, e nós íamos para o estúdio, gravávamos as músicas, depois fazíamos playback. Naquela época, a televisão não tinha nada pra cantar. 

https://open.spotify.com/intl-pt/album/53l5PseiS9aBeCLi4DWOMD?si=LlDVUgVeTKewkZETmf8Mrg

Os registros que temos do El Kinto vêm daí.

Claro. Aí o homem que gravava com a gente, chamado Carlos Píriz, guardou todas essas músicas, e depois, em um estúdio na Argentina, mixou e fez Musicasión 4 ½ (1971). Foi um momento incrível. Mas a gente nunca ganhou nada, era sempre fome. Fome, fome, fome… Éramos muito importantes, mas não ganhamos nada. Por isso que eu sempre saía dos grupos, minha razão era essa. 

Aí no ano de 1969, eu gravei meu próprio disco [compacto], o nome era Las Manzanas. E aí eu comecei como artista solo. Mas, para mim, as melhores músicas da minha vida eu fiz com bandas, como Kinto, Totem, Opa, Confidence, La Banda na Argentina, depois gravei com o [Javier] Malosetti um disco chamado Varsovia (2007). Depois disso, se eu começo a falar vai levar o dia inteiro. Eu tenho mais de 45 discos gravados. Solo e com outras pessoas. Com o Jon Anderson [do Yes] eu também gravei. 

Voltando ao que você falou sobre a comunidade negra do Uruguai, como o público negro uruguaio recebeu seu som, o que achou de misturar o candombe com outras musicalidades?

É porque o candombe, como todos os ritmos do mundo, como o samba, o frevo, tudo, não tem música, é um ritmo. E nós, os músicos, roubamos o ritmo para fazer música. Mas o ritmo na rua não precisa de música. Você pode cantar o que quiser. Eu aprendi a cantar atrás dos tambores. Ali eu aprendi a entender o ritmo e a gostar disso. Quando eu era muito pequeninho, tinha a Banda Policial, a banda da Marinha, e eu ia atrás, sem sapatos, nada. Descalço, atrás da banda.

Mas as pessoas entenderam quando surgiu o chamado “Candombe-Beat”?

Não, eles não entendiam, especialmente os negros. A gente sabe que, no mundo inteiro, as raças, ainda que sejam a mesma, todas pensam diferente. Então a maioria dos negros não gostava. Mas outros, que eram mais modernos, entendiam e gostavam dessa música. Mas tem muito mais brancos no Uruguai. Nós éramos, na época, nos anos 1950 ou 1960, uns 10% da população. E depois os militares [na Ditadura de 1973-1985] derrubaram os cortiços, que eram como se fosse o Harlem, onde moravam todos os negros, e todo mundo fazia a sua música. Em uma festa de negros, você entra e já tem festa. Em uma festa de brancos, ninguém fala, até que comece o álcool ou o baseado, e as pessoas comecem a ficar à vontade. Em uma festa de negros, chega um negro com uma roupa toda azul e com uma boina verde, por exemplo, e todo mundo: “Olha, parece um passarinho”, e aí começa a festa. 

Hoje não dúvidas de que você é uma das pessoas mais importantes para a cultura afro-uruguaia, se não a mais importante.   

Sim. Eu trabalhei muito para isso. Sofri muito também.  

Que tipo de sofrimento?

De racismo. Todo mundo critica todo mundo. E nós, negros, criticamos também. Quando eu tive uma namorada branca, minha mãe disse: “Não, ela vai rir de você. Deixa isso. Quando tiverem um filho, ele vai ser diferente na escola”. Todos somos racistas, o negro também. Se você for à África, e for uma mulher branca, a família do negro prefere que você se case com uma mulher negra. E isso é uma coisa que eu não tinha a consciência que agora eu tenho. 

Essa questão vem avançando no Uruguai?

Sim, mudou no mundo. Eu me lembro do primeiro casamento do Sammy Davis Jr., que se casou com uma mulher branca e judia. A minha esposa é branca e judia. Mas naquele momento foi uma coisa que as pessoas não conseguiam entender, que nem quando o John Lennon se apaixonou pela Yoko. O pobre inglês odiava aquela mulher, e fizeram muito mal a ela somente porque era japonesa. O mundo foi muito cruel e é muito cruel agora também. Então, o importante é o que minha mãe falou pra mim: “Você não está mal, não está doente, os doentes são eles”. Então aprendi isso, se tem uma pessoa que não gosta de mim porque eu sou negro, bom, que siga seu caminho. Eu sigo o meu. Como falava Malcolm X, eu não posso esperar que o branco entenda que o preto é igual a ele. Era isso o que propunha o Martin Luther King: paciência com o branco. E o Malcolm X dizia: “Eu tenho uma vida só, não tenho tempo de vida pra esperar que o branco me entenda, eu quero viver agora”.

E além do racismo, você teve também que enfrentar a Ditadura no Uruguai.

Sim! Mas era tão ignorante a polícia do Uruguai. Eu havia gravado uma canção que dizia: “Si te gusta comer manzanas/ Son más frescas por la mañana” [“Se você gosta de comer maçãs/ São mais fresas pela manhã”]. Então eu era muito conhecido como um homem divertido. E aí nós vínhamos em um táxi, cinco pessoas, e os militares nos pararam. E eu havia gravado com Totem: “Dedos son dedos, días son días/ Madres son madres, hijos son crías/ Los pensamientos son todos míos/ Pero mi lengua ya no es tan mía” [“Dedos são dedos, dias são dias/ Mães são mães, filhos são crias/ Os pensamentos são todos meus/ Mas minha língua já não é tão minha”]. Porque você não podia falar. Mas eles não entendiam essa letra, eles pensavam que o Rada era um negrinho que cantava “Las Manzanas”. “Ah, vocês estão com o Negro Rada! Canta pra mim!”, e nos deixaram passar. Mas eu era de esquerda, estava contra eles. Apesar de que eles mataram muita gente de esquerda, eu pensava que os comunistas eram inteligentes, por isso que [os militares] iam e queimavam os livros, os quadros e tudo da gente. Eles não eram bobos, sabiam que havia gente capaz. E bom, assim foi sempre. Foi duro chegar aos 80 anos. E agora todo mundo me quer, todo mundo me respeita. Mas politicamente sempre estou do lado do povo. Sempre. 

E como você vê a ascensão da extrema direita no Uruguai e aqui no Brasil?

Bom, eu não gosto, mas não posso falar mais nada. Porque, quando você fala fora do país, eu jamais falo “eles, os uruguaios”. Não, eu falo “nós, os uruguaios”. Eu sou culpado de tudo o que acontece no meu país, de mau e de bom. Então, eu não gosto, mas tampouco saio jogando bombas, nada disso. Eu luto com a cultura.  

Sua música se conecta com muitas vertentes, o jazz, o blues, o rock, o candombe...

Sim, são muitos galhos. 

…e eu li uma entrevista em que você dizia que o seu estilo musical era a “world music”… 

Sim, world music.

… mas também a “fome”.

Sim, a fome também. Eu tinha que tocar com qualquer um que passasse. Na minha época, igual à época do Milton [Nascimento], não existia um estilo, nós trabalhamos nas boates, nos hoteis, e cantamos as músicas da época: “Only you…”, “Feelings… Nothing more than feelings…”, “Se você disse que eu desafino, amor…”. Eu cantava todas as músicas. Cantei em alemão quando estava na Alemanha, cantei em italiano… Eu cantava tudo, como um passarinho. Tanto que o Hugo Fatturoso falou que eu era um Mockingbird, um passarinho preto dos Estados Unidos que imita os outros passarinhos. Eu era um crooner, igual ao Milton, cantávamos de tudo. Então, essa música entrou em nós. Se eu canto cha-cha-cha é porque eu conheço o cha-cha-cha. Se canto rumba, eu canto porque eu conheço a rumba, estive em Cuba, ouvi os músicos. Se eu canto jazz é porque eu ouvia Ray Charles, Sinatra, Tony Bennett, County Bassie.

E depois os Beatles, que, pra mim, foram quem ensinaram os jovens a compor. Todo mundo escutava música, mas não havia compositores de música moderna. Quando eu ouvi “Love, love me do/ You know I love…”, aí eu disse: “Olha, eu gosto desse caminho”. Aí eu comecei a compor. E com Mateo formamos El Kinto e fomos tocar música como os Beatles, a forma de cantar também. Nós gravávamos em dois canais apenas, então depois  virávamos a fita, e a fita tocava tudo ao contrário. Fazíamos essas trapaças, amávamos os Beatles. Na banda, tinha pessoas que eram dos Rolling Stones e dos Beatles. Eu era da parte dos Beatles, mas agora entendo que os únicos que respeitaram e tocaram o rock n’ roll sempre foram os Rollings. Os Beatles eram música pop. Tem alguns rock n’ roll, mas os Rolling são mais sinceros com o rock n’ roll. 

E o rock, o jazz, o blues, são todas músicas de raízes negras.  

De raízes negras, como o candombe, o tango e a milonga, que os negros levaram do Uruguai. E aconteceu uma coisa com o tango: ninguém queria o tango, odiavam o tango, porque os negros tocavam nos quilombos. Tinha mulheres que… eu falava que “iam ver o dentista” (risos), mas iam pro quilombo. Então, tocávamos aquela música lá. Quando [Carlos] Gardel e os brancos começaram a tocar, o tango arrasou no mundo. Mas era dos negros. Foi o mesmo com o rock n’ roll. Chuck Berry tocava rock n’ roll, os negros dançavam e cantavam rock n’ roll. Todo o povo americano, não. Quando aparece Elvis Presley, o rock n’ roll vira algo pra todo mundo. E o “Rei do Rock n’ Roll” é? Elvis Presley. Quando o Rei é o Chuck Berry. E o Little Richard

Mas você acredita que a mesma herança seja a conexão entre todas essas musicalidades?

Sim. Eu tenho muito respeito por Elvis Presley…

Eu digo em relação à herança negra, se seria esse o motivo pelo qual é possível unir o candombe, e etc. 

Sim, sim. Porque são ritmos, o candombe está em quatro [compassos]. Como é um ritmo com três tambores e é complicado, a gente pensa que não vai entender. Mas é fácil, é só entrar dentro e tocar. Quando você toca, entende tudo. É o mesmo que você tocar um samba. Como é o tamborim? Tem que ouvir. Eu aprendi, e eu não sou músico, eu sou intuitivo. Tudo o que eu faço é intuitivo. Então eu aprendi a escutar a música. Antes eu escutava o saxofone, o trompete ou o cantor. Não sabia o que acontecia atrás. Até que Hugo Fatturoso falou pra mim: “Escuta o baixo, o que está fazendo”. Aí aprendi a escutar o baixo. “Escuta o pianista, a harmonia que está fazendo”. Aí aprendi a escutar os músicos. Então quando eu escuto uma música, eu escuto os músicos, depois eu escuto o cantor. 

Ruben, e como você se sente voltando ao país?

Estou muito feliz porque é a primeira vez na minha vida que venho ao Brasil e as pessoas pagam pra me ver. Da última vez, tocamos em Campo Grande e Corumbá, mas esta é a primeira vez que eu toco no Brasil e as pessoas pagam para ver o Rada. Então estou muito feliz. 

E tem alguma história que você tenha vivido aqui no Brasil que marcou você?

Sempre que eu vinha era pra casa do Milton, pra falar com ele, ver amigos, na casa da Tamy também conheci muitos músicos. Conheci o Gilberto [Gil] nos Estados Unidos, quando ele gravou um disco com o Sergio Mendes [Nightingale], eu sou muito amigo também do Hermeto Pascoal, do Raul de Souza, que toca trombone… Nós sempre tivemos muita relação. [Egberto] Gismonti, eu não conheci ele nunca, mas eu amava o Gismonti. O Gismonti é world music, ninguém entendia o Gismonti. 

E o Hermeto também foi para os Estados Unidos.

É, o Hermeto foi quem ensinou o Airto Moreira a tocar percussão. Eles tinham um grupo de samba [Quarteto Novo], e o Hermeto ensinou pra ele a tocar de tamborim a porcos. Qualquer coisa. Eu me lembro que um dia ele falou pra nós que estava a uns dois quarteirões de casa, e de repente começou a ouvir um rock n’ roll brabo, e era o filho dele que estava tocando o rock n’ roll. E o Hermeto entrou e disse: “Você vai tocar essa merda aqui? Vai embora!”. (risos) “Aqui não vai tocar essa merda, não”. 

O Hermeto é muito sério.

Maravilhoso. É muito amigo do Hugo, que aprendeu muito com ele, ficava o dia inteiro: “tarararatiba”… [cantando a melodia de “Chorinho Pra Ele (Little Cry For Him)”]. “Hugo, para, por favor, todo dia é isso!”. É um estudo. 

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Editor - Revista NOIZE // NOIZE Record Club // noize.com.br
Ariel Fagundes

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