A África sempre esteve próxima da gente. Do maracatu aos arranjos futurísticos com influências africanas de Damon Albarn; da capoeira aos batuques da parceria entre Brian Eno e Karl Hyde.
Cada vez mais, a cultura africana se torna pop. Todos querem beber um pouco dessa água que transborda vida e ritmo. Na série Africanize, vamos falar sobre e mostrar os sons que vem desse povo rico em cultura e capaz de transformar a natureza em música. Os frutos dessa cultura são muitos, e aos poucos nós iremos descobrindo-os.
Um dos grandes ídolos do país é o nigeriano Fela Kuti, conhecido por fortalecer a cultura africana e lutar contra o imperialismo europeu. Sua arma para unificar a África era o afrobeat, e foi com o estilo criado por ele que Fela Kuti também revolucionou a música de seu país. Kuti apoiou a cultura afro até do outro lado do oceano ao se apaixonar pelo movimento Black Power nos Estados Unidos, no início dos anos 70.
Quando voltou das Américas, Fela Kuti fundou a Kalakuta Republic e a declarou independente da Nigéria. Uma comunidade ativista em que ali ficavam a família, os integrantes da banda e o estúdio do músico. Dentro da República e no disco Zombie (1976), ele criticava o regime militar Nigeriano, truculento e opressivo. Cutucou tanto que o então presidente Olusegun Obasanjo ordenou que a Kalakuta fosse invadida. Durante o ataque, a mãe de Fela Kuti, Francis Abigail Olufunmilayo Thomas, foi jogada de uma janela e morreu após ficar em coma durante oito semanas.
Dirigido por Alex Gibney, o filme “Finding Fela” (2014) conta um pouco da trajetória do músico revolucionário. O documentário conta com imagens raras de Kuti e depoimentos de parentes e amigos próximos como Tony Allen, outro ídolo do afrobeat. “Finding Fela” foi lançado em janeiro desse ano no Sundance Film Festival, nos Estados Unidos, e já circulou em alguns festivais audiovisuais no Brasil, mas ainda não tem data para estrear nos cinemas daqui.