Situado na cidade de Salvador (BA), o documentário musical traduz o carnaval em suas diferentes épocas, retratando desde a década de 1940 até os dias atuais, onde a festa segue suspensa. Com trilha sonora criada a partir do repertório do BaianaSystem, as faixas intercalam a narrativa audiovisual em diferentes pontos, somados as imagens de acervo que foram fundamentais para a execução do curta.
Liberado na segunda-feira (21) pelo Youtube da Amazon Music e igualmente por seu aplicativo, o filme “Manifestação: Carnaval do Invisível” traz as ruas de Salvador como personagem principal, sendo um território potente, de construção de identidades, mas também de conflitos e tensão social. Realizado pela Máquina de Louco com produção associada da Janela do Mundo, o curta apresenta registros jornalísticos, pessoais e da própria banda Baiana System e seu Navio Pirata, feito por diversos fotógrafos ao longo de uma década, somados aos depoimentos de grandes nomes da Bahia, como Ubiratan Marques, Goli Guerreiro, Mateus Rocha e Mestre Jackson.
O manifesto visual é contado a partir do olhar do personagem “Invisível”, interpretado no filme pelo ator baiano Leno Sacramento, do Bando de Teatro Olodum, que provoca uma reflexão sobre os trabalhadores da folia que são marginalizados e jogados à invisibilidade, como cordeiros, catadores de lixo e vendedores ambulantes. Em parceria com a Amazon Music, o curta tem duração de 22 minutos e traz direção de Filipe Cartaxo, diretor visual do BaianaSystem; por Russo Passapusso, integrante do grupo; e Letícia Simões.
A marca do filme ficou para os depoimentos dos entrevistados, onde eles explicam o lado histórico, cultural e civil que uma festa como o carnaval de rua tem. Em fala, o educador e músico Mestre Jackson afirma que a música do carnaval baiano sempre foi negra e que começou nas ruas: “Nós temos de falar de um movimento que nasceu dentro do carnaval, que é o tambor de rua, esse batuque dos ancestrais, dos anônimos, dos ritmistas, dos batuqueiros do nosso passado. O samba reggae inovou a proposta da percussão de rua, valorizando mais o ritmista, que se torna o percussionista. O movimento vai para os palcos. Além de tudo isso, e o mais importante: foi também uma proposta de transformação social da comunidade”.