Bruno Fortunato, do Kid Abelha, fala sobre música, chuveiro e Lana del Rey

07/03/2012

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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07/03/2012

Atire a primeira pedra quem nunca cantou “Como eu Quero” no banho. Ou “Fazer amor de madrugadaaaaa” bêbado em um churrasco. Por isso – porque temos humor – conversamos com Bruno Fortunato.

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Fortunato está a frente do Kid Abelha há mais de trinta anos. Ao lado de Paula Toller e George Israel tocou e retocou hits como “Te Amo pra Sempre” e “Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda”.

Nesta quinta, às 21h, o guitarrista sobe ao palco do Teatro Feevale, em Novo Hamburgo (RS) com a turnê “Glitter de Principiante”. E sim, eles garantem: todos os clássicos estão na setlist.

Antes de chegar pelas bandas do Sul, o educadíssimo Fortunato bateu um papo com a NOIZE. E nos surpreendeu: o Kid Abelha quer tocar com a Lana del Rey.

Repete, por favor?

NOIZE:Nos anos 1980/90, o Kid Abelha era uma das maiores “Fábricas de Hits” do Brasil. Tudo que vocês tocavam virava ouro. Músicas como “Como eu Quero” são uma das marcas dessa geração. Qual a diferença que você vê nos hits de antes e nos de hoje? Acha que os de hoje são mais rasos?
BF: Acredito que a nossa geração inaugurou uma maneira de compor criativa e diferenciada onde os temas foram colocados de uma forma mais direta e coloquial. Havia propositalmente a intenção de rompimento com a temática e o jeito de compor da geração que nos antecedeu e por este motivo algumas vezes fomos taxados de superficiais.

Não acho que os hits de hoje são mais rasos. Eles fazem parte de uma parte do retrato da geração à qual eles pertencem. É claro que sempre vai haver a música boa, bem escrita e por outro lado, a música ruim, mal escrita e pobre em idéias criativas.

N: E isso é um reflexo do público ou dos músicos?
BF:Dos dois e mais alguma coisa. Se a gente for parar pra pensar, talvez isto a que você se refere seja um reflexo dos dias de hoje onde a informação gira a uma velocidade estonteante e poucas pessoas acabam se dedicando, por exemplo, à pratica da leitura de livros (o que é bem diferente de se estar inteirado do que se passa na internet). Se quisermos aprofundar a discussão, o maior responsável pelo empobrecimento cultural é sem sombra de dúvida o governo, que investe pouco em educação e submete os professores públicos a um salário de fome. Um público mal instruído vai se contentar com a tal música “rasteira” à que você se referiu. Um músico-compositor mal instruído pode ter dificuldade em produzir uma boa música.

N: Se você pudesse escolher um artista novo para tocar com o Kid, quem seria?
BF: Vou apelar hein! “Lana Del Rey” e “Aylin Prandi” que regravou recentemente uma versão sensacional do iê iê iê italiano “24000 Baci”. E para o público feminino “Seu Jorge”.

N: Se você perdesse o seu celular e a gente achasse, para quantas pessoas da música brasileira nós conseguiríamos ligar?
BF: Para bem poucas, talvez umas duas ou três, isto apesar de eu ter um carinho enorme por vários colegas de profissão e de diferentes idades.

N: E que música você canta no chuveiro?
BF: “Still Alive and Well” do Johnny Winter e “Deus é o Amor” do Jorge Ben na voz da musa pop dos anos sessenta, a Gal Costa.

N: Vocês “testam” as músicas antes com alguém? Como você sabe que ela vai dar certo?
BF: Ainda não inventamos este laboratório de testes. Já aconteceu de mostrarmos uma música para alguém antes de divulgá-la. Na verdade, nós somos os nossos maiores críticos e dá para se ter uma idéia de quando acertamos a mão na composição e no arranjo de uma determinada canção.

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07/03/2012

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