Em tempos de polarização mundial, Castello Branco surge suave à espera de uma brecha para aproximação. Quem estiver de peito aberto, ouvirá em seu álbum mais recente, Sermão (2019), um convite para ampliar o olhar sobre o encontro. Finalizando a trilogia iniciada pelo álbum Serviço (2013) e continuado em Sintoma (2017), o registro reforça o compromisso do artista em se colocar à disposição do coletivo.
Lançado em 20 de setembro, o disco tem seu primeiro show marcado para amanhã, sábado, dia 9, na Casa Natura Musical, em São Paulo. Os ingressos antecipados ainda estão à venda aqui. Para adentrar no clima do álbum, solte o player abaixo e confira um papo dinâmico, mas profundo, que a NOIZE bateu com Castello sobre os sentidos de falar sobre o encontro e o processo de conclusão da sua trilogia musical.
Castello, Sermão encerra uma trilogia iniciada em 2013. Como foi estruturar um projeto que conecta de forma tão profunda os três trabalhos? Qual é o sentimento de estar finalizando esse processo de seis anos?
Projetar algo que precisa existir por questões emocionais e ao mesmo tempo ser tão imprevisível, por se tratar de falar com o tempo e ano que estaríamos vivendo, foi uma tarefa que exigiu muito de mim e do meu parceiro Lôu Caldeira. Mas hoje me sinto bem, me sinto forte por ter construído isso, e mais forte estou mais preparado para continuar meus planos de servir o mundo aonde posso.
Você veio de uma construção sonora bastante orgânica e ao longo dos discos foi migrando para algo mais eletrônico e vibracional. Como essa estética foi se desenhando? Como Sermão explora essa estética de forma mais madura?
Engraçado pensar isso, mas eu fui fazendo o que o dinheiro dava, o que permitia. O Serviço foi todo doado, o Sintoma eu passei perrengue produzindo num quartinho minúsculo numa república em São Paulo, e já em Sermão, tive patrocínio e apoio incondicional da Natura Musical e “do Brasil”, que me empresaria. Reparo hoje que eu estou indo pro lugar que sempre esteve na minha cabeça, do jeito que a realidade me permite. E claro, vivendo o que a natureza vai me apresentando. Eu ouço ela.
O álbum tem como proposta o encontro, o diálogo. Por que você decidiu falar sobre a temática do encontro?
Acredito que é onde identifico um grave problema, vejo do velho à criança com essa dificuldade. É natural que eu queira abordar esse assunto: a busca espiritual que reside dentro de cada um e uma forma de despertá-la. Cada um tem um caminho e precisa existir de forma que se sinta bem e forte para ajudar o próximo.
E pra gente fechar: por que você acredita na música enquanto método de cura?
Pra mim, é repetição e frequência. Me desculpe ser sucinto nessa, mas é isso. Repetição e frequência.