A nuvem de Bruno Souto

08/10/2013

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Por: Revista NOIZE

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08/10/2013

Bruno Souto, que por mais de uma década lidera a banda Volver, está lançando o seu primeiro disco solo. “Estado de Nuvem”, que foi produzido por Regis Damasceno (Cidadão Instigado e Marcelo Jeneci), está disponível para download gratuito no site www.brunosouto.com.

No seu primeiro disco solo, Bruno Souto pode, finalmente, passear por estilos que nunca conseguiu extravasar com o Volver. “Estado de Nuvem” mistura um pouco de synth pop, soul e reggae ao rock e à personalidade do cantor. “O disco não é um recomeço”, como bem frisou o vocalista. O seu primeiro trabalho solo é, na verdade, o ponto de partida para novas experimentações.

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E foi justamente sobre isso que conversamos com ele.

Dez anos depois de estar à frente da banda Volver, esse é o seu primeiro disco solo. Por que tanto tempo para lançá-lo?

O meu disco solo foi uma necessidade de buscar novas estéticas, de experimentar outras coisas. O Volver é uma banda muito fechada, no sentido de a gente saber como é que é e como é que vai ser. E eu estava querendo um desafio mesmo, de fazer um outro projeto, que não fosse uma banda. A ideia era ter um projeto solo, experimentar um outro modelo, que me desse mais liberdade. Eu tinha essa vontade, não de começar do zero, mas de ter uma nova perspectiva, fazer um som diferente. No Volver, eu também toco guitarra. Na minha banda, eu fico só ali na frente, como um frontman mesmo. Eu achei que era a hora de fazer esse disco, não por causa dos dez anos, dessa data redonda. Mas porque essa ideia já vinha pairando na minha cabeça há alguns anos.

“Estado de Nuvem” é um disco cheio de referências, que vão do synth pop ao reggae. Como foi para juntar tudo sem perder a unidade do álbum?

O disco flerta com vários estilos, mas não pode ser considerado de apenas um. Ele tem um pouco de synth pop, mas não é um álbum de synth pop. Ele tem alguma coisa de reggae, mas não é um disco de reggae. Eu queria que fosse assim mesmo, que as minhas referências se tornassem apenas elementos. O “Estado de Nuvem” não é um disco de rock também. Eu acho que cada um dos participantes trouxe para o disco um pouco da sua bagagem. Lógico, eu me preocupei que as músicas, mesmo com influências tão diferentes, tivesse uma unidade, pelo menos nos timbres. E eu acho que a gente conseguiu isso. O som que a gente chegou em “Estado de Nuvem” tem mais personalidade do que qualquer outro trabalho do Volver.

A produção do disco foi dividida entre você e o Regis Damasceno, guitarrista do Cidadão Instigado. De que forma o trabalho de vocês no estúdio se complementou?

Eu nunca tinha puxado muito a responsabilidade. Eu sempre dei os meus pitacos e tal. Mas o curioso é que quando chamamos o Regis para trabalhar no disco, a gente não entrou muito em detalhes em como ele deveria ser. No estúdio, teve algumas coisas que não estavam andando como deveriam e a gente teve que parar, sentar e acertar tudo. Eu nem conhecia o Regis antes e ele chamou a responsabilidade do trabalho para ele. Mas chegou uma hora que ele sentiu a necessidade de eu me inserir mais. E depois dessa conversa, me senti mais a vontade para a assumir a coisa, dirigir e centralizar o trabalho. Foi isso. A gente quase sempre estava junto e eu fiquei um tempo trabalhando sozinho também. Todo mundo fez tudo, mas num clima de maior participação minha. Uma coprodução mesmo. Eu gostei demais da experiência.

“Estado de Nuvem” tem letras bastantes subjetivas, que falam muito sobre você mesmo. O quanto que o disco é uma obra biográfica e uma peça de ficção?

Uma coisa que eu nunca me forcei a fazer foi criar personagens. Desde o primeiro disco do Volver, com uma exceção ou outra, as letras sempre falaram muito sobre mim. Então, no “Estado de Nuvem” isso se repete. O álbum fala muito sobre as minhas relações, sobre as coisas que eu vivencio, sobre as perspectivas minhas para o futuro. Tudo isso num viés positivo, nada muito sombrio. Se eu arriscasse uma coisa mais obscura, não seria mais eu, seria um outro personagem. Pode ser que eu faça isso algum dia, mas no álbum não tem nada disso não.

O Volver estava vivendo o seu melhor momento com o disco “Próxima Estação”. O que esperar da banda agora, já que você vai precisar de algum tempo para se dedicar à sua carreira solo?

Eu sou o compositor dos dois projetos, mas não sou um cara de escrever muito. Eu não sou desses que compõe por mês cinco, seis ou sete músicas. Não. Às vezes demora dois meses para sair uma. É coisa muito do momento. Partindo disso, eu lancei um disco com o Volver no ano passado e nesse ano saiu mais um conjunto de composições inéditas minhas. Logicamente, eu ainda tenho ainda algumas canções prontas, mas a minha autocritica diz que elas ainda não merecem estar num disco do Volver. Portanto, eu não estipulo tempo. A gente tem se apresentado ao vivo sempre que pinta alguma oportunidade bacana de show, mas disco mesmo só quando tivermos um conjunto de músicas, que tenham uma unidade. Não estamos fechando as portas, até porque eu quero ficar com as duas coisas em paralelo.

E agora que o disco está pronto e circulando por aí, quais são os seus próximos planos?

O disco recém saiu e ainda tem gente assimilando que o Bruno Souto é o vocalista do Volver. A nossa banda sempre teve uma característica muito do coletivo, então é normal que isso aconteça agora. Não acho que “Estado de Nuvem” seja um recomeço, até porque eu já tenho dez anos de estrada. Não é uma coisa de começar do zero também, mas eu reconheço que o tempo nunca vai correr no tamanho da nossa ansiedade. Eu quero que ele renda bons frutos, mas não vai ser em um mês ou dois. Eu vou querer fazer todos os shows possíveis, estar onde der para estar. Mas estou bem consciente que esse será um processo de médio a longo prazo. Eu estou muito feliz com o resultado.

(Foto: Rafael Kent)

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08/10/2013

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