A paraense Dona Onete, 83, será a homenageada de hoje na 2ª edição do Troféu Tradições, da UBC (União Brasileira de Compositores), em Belém. Estrela responsável por sucessos como “No meio do Pitiú”, “Jamburana” e “Banzeiro”, a artista já soma mais de 300 composições e segue compondo boleros e tantas outras nos gêneros carimbó chamegado, bangüês e lundus. Suas criações são pura inspiração, como ela conta em entrevista à NOIZE: “Quando eu entrego [as composições] para vir gravar, eu já tenho todos os tons, e eu não sei qual é o maior ou qual o menor, isso aí eu mesma me acho”.
A cerimônia será realizada no Theatro da Paz (Avenida da Paz, S/N, Belém, Pará), às 20h00 e contará com show de Dona Onete com participações de Fafá de Belém, Jaloo, Mestre Damasceno, Lucas Estrela, Félix Robatto e Aqno Carimbó Sancari. “Tem uns [artistas] que eu já conheço, outros só conheci durante o ensaio geral, mas deu tudo certo. Chegou, cantou e deu tudo certo. Eu tenho muita paciência e quero que todos os meus convidados brilhem junto comigo, a gente vai fazer todo mundo brilhar.”, diz Onete sobre o espetáculo de hoje.
Marcelo Castello Branco, diretor executivo da UBC, fortalece o compromisso da associação sem fins lucrativos em valorizar a pluralidade da música brasileira: “O Troféu Tradições deste ano vai para o Pará, o Carimbó, outra expressão da excelência e diversidade da riqueza da música brasileira exemplarmente representada pelo talento e coragem de Dona Onete, uma vida dedicada à cultura e à música. Seguimos com nosso propósito de valorizar a pluralidade e singularidade de nossos titulares em suas maiores capacidades.”, diz Castello Branco em nota para imprensa.
Acumulando muitas conquistas desde o seu primeiro álbum de estúdio Feitiço Caboclo (2013), a Rainha do Carimbó, reúne trajetória com turnês internacionais e passagens por grandes festivais. Para Dona Onete a premiação é a colheita de uma carreira longa: “É uma batalha vencida, porque Graças a Deus eu já consegui ter minha própria banda, fiz 3 álbuns, estou no quarto disco [de estúdio], eu estou muito feliz. O carimbó era só coisa de homem, só homem cantava, quando uma mulher cantava todo mundo, às vezes, até parava de dançar. Somente quando homens cantavam o pessoal dançava, porém comigo foi diferente, era quando eu estava cantando que lotava o lugar. Agora eu estou colhendo esses frutos amadurecidos, estou muito feliz por isso.”
Sem muita conexão com o mundo virtual, a artista visualiza isso como um fator que faz bem para sua entrega musical: “Tem uma coisa que não sou chegada na internet, a mandar uma mensagem. Não, eu não quero que a minha mente se envolva nessas coisas, porque pode tirar o meu foco regionalista, da minha cidade e do meu povo. Eu quero estar sempre naquele mundo que eu vivi. Com tudo isso na cabeça, como uma mulher de 83 anos, eu tenho que conservar isso. Quando a gente se mistura com internet e outras coisas, a gente vai se acostumando, a mente da gente vai se acostumando, e eu não quero me acostumar. Enquanto todo mundo foi, eu ainda estou por aqui, ou eu fui e os outros ficaram, não sei.”
Sobre o novo projeto a artista adianta que quase todas as músicas já estão prontas e que seu disco será como uma salada musical de ritmos dançantes: “Esse disco que estou fazendo, estou preparando com muito carinho, apesar de tanta coisa ter acontecido ao mesmo tempo. Eu já estou com as músicas quase todas prontas, quero trazer muita coisa gostosa para dançar, principalmente bagaceira, mas eu não vou me esquecer dos outros ritmos, principalmente lambada, carimbó e boi bumbá.”, finaliza a cantora e compositora.
A apresentação terá direção do artista visual e designer Batman Zavareze e será transmitida ao vivo pelo canal da UBC no YouTube. Os ingressos estão sendo vendidos pelo site da Ticket Fácil ou na própria bilheteria do Theatro da Paz.
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