Você já ouviu o primeiro single do Guri. Agora, vai saber mais sobre ele.
Batemos um papo com o músico, conhecido por seu trabalho no Pública, e ele nos contou de onde veio a inspiração para “Todos Meus Amigos Vão Me Ouvir Cantar” e quem está com ele nessa.
Conte a história do single.
Eu tenho muita dificuldade para guardar datas com exatidão, mas lembro que foi um período em que passei por uma insônia grotesca. Eu costumava dormir pelas 6, 7 da manhã. Tinha o hábito de dormir sempre com uma guitarra ao lado. Na época, estava solteiro, e ela aparecia algumas vezes escorada no meu travesseiro. Assim, quando aceitasse que não ia dormir tão cedo, eu pegava a guitarra para ver se o sono vinha. Dessa vez, veio uma música. Talvez, por ser guitarrista, as primeiras músicas sempre surgiam de algum riff. Eu tinha visto um show da Sharon Jones e fiquei com aqueles grooves chapados na cabeça. Peguei o celular, cantarolei um monte de palavras desconexas e consegui dormir. A letra vai saindo aos poucos. Eu vou cantando até achar um mote. Depois que vem o mote e a primeira frase, o resto é rápido. Como o clima era Sharon Jones, nada mais justo que chamar os meus amigos que fazem parte da metaleira da Orquestra Brasileira de Música Jamaicana. Eles até são elegantes como os membros da banda dela: terno, gravata e suspensório.
Lançamos o single, mas há previsão de um lyric video ou clipe para ele?
Para falar a verdade, essa música não era para ser um single, mas com o lance do Catarse (leia mais abaixo), achei de bom tom colocar uma música para as pessoas terem uma ideia do que estou fazendo. O título “Todos Meus Amigos Vão Me Ouvir Cantar” mostra bem essa fase boa da minha vida, em que eu deixo a guitarra em segundo plano e boto muito da minha vida em letras e gogó. Estou pensando em um clipe sim, mas não será desta música. Ela é uma espécie de cartão de visitas. Tipo “Olha, eu tô aqui, e tá vindo uma porrada de coisas por aí.”
E o álbum, conte um pouco sobre ele. Quem está com você nessa?
O álbum está gravado. Agora, falta finalizar com aquela mix mais fina. Ele foi gravado praticamente todo em Porto alegre, com eventuais captações aqui em Sampa. Quem assina a produção do disco junto comigo é o Gilberto Junior (Juninho). Ele é foda. Foda pra caralho. Fodaço e mais um monte de palavrões que iria referir, mas paro por aqui para não ofender a sua mãe. Chamei um pernambucano chamado Thiago Guerra para as baterias, Luciano Leães para as teclas, dividi os baixos com Pedro Porto e chamei algumas participações, como Caetano Machio, Bruno Serroni no cello e os sopros da OBMJ. Tem algumas parcerias também: uma música que fiz com Guizado, uma com o Juninho, que tem letra minha e do Edu, outra música com o Edu e uma música com a letra do Carlinhos Carneiro (Bidê ou Balde).
O disco chama-se “Quando Calou-se a Multidão”. Tem alguma história por trás disso?
O nome do disco surgiu com uma parceria que fiz com Eduardo Praça, do Quarto Negro, que citei na resposta acima. Eu tinha uma música que estava com dificuldades de letrar e chamei ele para me ajudar. A letra é totalmente fictícia. É a história de um homem e uma mulher que se encontram no meio de uma multidão. A imagem que vinha em minha cabeça eram os dois se encontrando no centro de Porto Alegre ou São Paulo. Rola um diálogo. Uma típica e corriqueira história de um relacionamento mal-resolvido. Acho que quando acabamos a letra, veio o nome. Todo mundo parado, olhando, que ali entre os dois havia muita coisa ainda.
Há uma previsão de lançamento?
A previsão de lançamento é fim de agosto, começo de setembro. Se tudo der certo.
Vamos aproveitar para falar sobre o Catarse?
Estou fazendo um Catarse para arrecadar fundos para finalizar o disco, prensar e dar um empurrão na divulgação. Acho incrível essa possibilidade, vendo que ninguém ali está fazendo uma doação e nem me dando esmola. Como o Guilherme Almeida falou, é um adiantamento pelo meu trabalho. O dinheiro é investido, porque darei coisas em troca. Quem quiser contribuir, é só entrar no www.catarse.me/guri. Tem um monte de recompensas legais. Entra lá, te diverte e faça parte das várias pessoas que, a cada dia, tiram aos poucos alguns quilinhos das minhas costas.