Numa temporada de projetos que estão seguindo a todo vapor, Gal Costa, 76, presencia sua agenda de shows mais lotada, desde que retornou para os palcos no segundo semestre de 2021. “Tem sido muito maravilhoso. É incomparável estar na presença do público, com a energia das pessoas, ouvindo elas cantarem comigo.” – afirma a cantora, em entrevista por e-mail.
Seguindo com shows do espetáculo “As Várias Pontas de uma Estrela“, assinado por Marcus Preto, a soteropolitana irá estrear o espaço Pavilhão Pacaembu, neste sábado (30), em São Paulo. O local temporário, que irá funcionar até pouco antes da conclusão das obras do novo Pacaembu, tem capacidade para até 9 mil pessoas, porém para o show de Gal, terá 3 mil lugares disponíveis em mesas.
No roteiro, a cantora apresenta canções clássicas de seu repertório compostos por Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso, Dorival Caymmi e Tom Jobim, além de outras surpresas e lados B de sua discografia: ”O palco me traz serenidade, me dá energia também. Eu estava com saudades dos palcos”, acrescenta Gal.
Os ingressos para o evento em São Paulo, cidade onde a artista vive, ainda estão sendo vendidos pelo site da Eventim. Os valores, que variam dependendo do setor, estão entre R$ 97,75 + taxas, a meia entrada e R$ 195,50 + taxas, a inteira.
“Acho que uma música muito boa, com conteúdo, agrada sempre, em qualquer faixa etária. Fico feliz que minha voz esteja passando por novas gerações.”
Gal Costa
Reverberando entre diferentes idades
Observando um público diferenciado desde o lançamento do disco Recanto (2011), Gal vem recebendo uma plateia mais jovem em seus shows e novos ouvintes nas plataformas digitais. A artista sente essa movimentação também em suas redes sociais: “É maravilhoso. Percebi isso recentemente pelas redes sociais e fui dando cada vez mais continuidade para isso.”, disse a artista.
Nos dois anos de pandemia, a cantora fez apenas duas lives —uma em setembro de 2020, em comemoração ao seu aniversário de 75 anos, e outra em maio passado. Sem temer sobre seu potencial, a cantora complementa: “Acho que uma música muito boa, com conteúdo, agrada sempre, em qualquer faixa etária. Fico feliz que minha voz esteja passando por novas gerações. Eu ainda trabalho porque a música é muito importante tanto para o público quanto para minha vitalidade.”
Em seu mais recente show, no festival Rock The Mountain, em Itaipava, região Serrana do Rio, a cantora fez uma homenagem a Rita Lee, recém-curada de um câncer de pulmão, cantando a faixa “Bem-me-quer”, lançada em 1980.
“Eu adoro Rita, fico muito feliz que ela esteja bem e saudável. As suas músicas são um bálsamo para a alma. Não me lembro quanto tempo não nos vemos, mas faz tempo”, ela diz.
Participando de outros eventos espalhados pelo Brasil, como Breve Festival, a cantora é atração confirmada de festivais como o CoMA, em Brasília, e igualmente do Coala Festival, que acontece em setembro, em São Paulo, e do estreante Primavera Sound São Paulo. Neste último, Gal surge como headliner do primeiro dia de evento, ao lado de artistas como Arctic Monkeys e Björk, e irá apresentar show completo do disco Fa-Tal – Gal a Todo Vapor (1971), que recém completou 50 anos.
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Gal para além dos palcos
Com 56 anos de carreira fonográfica, a artista tem trajetória reconstruída em obra, lançada em março, sob o título “Gal Costa” (Editora BEĨ, 264 págs., R$ 145). A fotobiografia, organizada por Leonardo Lichote, Marcus Preto e Omar Salomão, não fica apenas nas imagens grandiosas de Gal, fã incondicional de João Gilberto, e exibe textos inéditos – escritos pelos organizadores e por Antonio Risério, Júlio Diniz, Pedro Duarte e Renato Vieira, além de reproduções de entrevistas da própria cantora.
Em papo com a NOIZE, Preto revela que começou o livro do zero: “Gal não tem nada, não guarda um álbum de fotos sequer. Postamos nas redes dela que faríamos o livro e algumas coisas incríveis apareceram, inéditas. Renato Vieira e Arlindo Hartz foram atrás de material ‘oficial’, reportagens de época, fotos em acervos de revista e jornal etc.
Com percurso narrativo que vai desde a sua infância até os dias atuais, Preto conta que ao lado de Lichote ele criou a linha do tempo com os principais momentos do legado de Gal: “A ideia era que o livro fosse pop, de leitura divertida, sem grandes ensaios filosóficos. Gal sempre foi uma estrela pop e o primeiro livro sobre ela tinha que seguir o mesmo caminho. Acho que conseguimos.”
A figura libertária de Gal está em exibição na série documental de 2016, O Nome Dela é Gal, no streaming HBO Max, da qual a cantora esteve envolvida na produção. Já com previsão de lançamento para 2023, a cantora terá sua história sendo retratada nas telas do cinema, com o filme Meu Nome é Gal.
No longa, Gal é interpretada pela atriz Sophie Charlotte, que canta ao vivo grande parte das músicas do filme. Com direção de Dandara Ferreira, nome por trás da série de 2016, e Lô Politi, que assina o roteiro, a cantora confessa que só leu o esboço do filme: “Eu confio plenamente nas diretoras, e achei que se visitasse o set de filmagem, poderia inibir o elenco. Só li o esboço do roteiro e quero ver quando estiver pronto”.
Quando questionada como está sendo viver essa fase, vislumbrando todos os projetos saindo do papel, Gal finaliza: “A sensação é de muita gratidão. É ter a certeza de um dever cumprido. Me sinto realizada, comovida e muito grata com o registro da minha história em diversos meios”.
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