Entrevista | Yazmin Lacey eleva a cena do R&B e do Jazz em retorno ao Brasil

12/04/2023

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Gabriela Amorim

Por: Gabriela Amorim

Fotos: Nina Manandhar/Divulgação

12/04/2023

Na última vez em que esteve no Brasil, Yazmin Lacey, 34, se apresentou no circuito Sesc Jazz, em São Paulo, no mês de outubro de 2019. Na passagem, a musicista londrina, nascida em Stratford, afirmou em papo com a NOIZE que recebeu influências do Jazz, porém também adorava R&B e Soul, quase nos dando pistas do que poderíamos escutar em seus projetos futuros. Abrindo os portais sonoros para um mundo pós-pandêmico, Lacey divulgou seu álbum de estreia, Voice Notes (2023), em março passado, produzido por Dave Okumu, músico líder da banda The Invisible. O projeto alegre nos oferece a maturidade da artista, que compôs as canções a partir de suas memórias e vivências, possibilitando que o ouvinte mergulhe nas suas histórias em uma mistura de Jazz, Soul e música eletrônica.

Para quem conheceu a artista neste momento, é possível passear por obras de sua autoria, realizadas desde 2017. Lacey já lançou três EPs e segue na contramão da rapidez dos artistas contemporâneos, com obras sólidas produzidas no seu tempo. “Raramente, entro em um estúdio, encontro alguém e apenas faço música imediatamente. Gosto de sentir a vibe primeiro e ter uma noção de como a pessoa é antes de começarmos a criar. Eu diria que minha vida mudou muito, quero arriscar mais na minha música. Gostei tanto de fazer o álbum que só quero continuar criando”, ela afirma. A estrela contemporânea do Jazz e do R&B volta ao Brasil para shows em São Paulo ao lado da banda britânica Cymande, nesta quinta-feira (13), e no Rio de Janeiro, no sábado (15), onde se apresenta no festival Queremos!.

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O disco de estreia, que conta com uma sofisticação maior ao lado de arranjos minimalistas, abre com a canção “Flylo Tweet”, um monólogo sincero no qual a cantora criou a partir do tweet do rapper californiano Steven Ellison. Na letra, a artista confessa sobre o medo de fracassar e sua autoconsciência, enquanto ocorre um jazz confuso de fundo. Em conversa a artista confirma que ainda tem medo do fracasso, mas que segue com ímpeto de dar sequência aos seus trabalhos sem temor: “Eu me sinto constrangida, porém eu tento não congelar nisso. Eu apenas tento fazer o que me faz sentir bem para reduzir esses sentimentos”.

A sensibilidade é um fator condutor que interliga os seus três projetos antecessores com o presente, onde a cantora expurga sua vulnerabilidade e o medo íntimo, trazendo a tona o sentimento para o público, que acolhe bem suas diversas facetas: “O fato de compartilhar coisas tão pessoais de maneira tão aberta me deixa um pouco tímida, e ficar em uma sala cheia de pessoas cantando essas histórias também me deixa tímida. Porém, de certa forma, é libertador apenas compartilhar o meu mundo. Quando as pessoas se conectam com isso é uma coisa linda, e se torna maior do que minha experiência, é muito especial. A timidez também muda com o tempo, hoje em dia sinto bem menos do que antes.”

Lacey começou a fazer música em sua sala de estar, após se mudar para Nottingham, e já foi diversas vezes comentada por Gilles Peterson, radialista da BBC e dono da gravadora Brownswood Recordings. A artista cresceu em meio a influências do reggae, do dance hall e do rap norte-americano, o que definiu, minimamente, as influências sonoras que a cantora carrega consigo: “Quando criança ouvíamos soul music em casa, Marvin Gaye, Aretha Franklin, Curtis Mayfield, eu também ouvia muito Bob Marley. Já meus irmãos tocavam muita coisa da América, rap, hip-hop, Neo Soul, enquanto as festas em família sempre tinham como trilha o reggae, soul, soca e pop”.

A inspiração contemporânea da cantora de voz aveludada também passa por grandes nomes da música, dentre eles o destaque evidente é o de Erykah Badu, que esteve no Brasil em janeiro passado. Porém, o grande motor de incentivo para a sua criação é o seu cotidiano, onde a a artista se consagra ao seguir apreciando as questões mínimas, com um olhar e uma escuta aguçada. “Me inspiro por aqueles ao meu redor, suas histórias de como eles se tornaram, ou o que move as pessoas, ou o que nos deixa com medo. Sou inspirada pelo amor e pela instabilidade, porque são nesses momentos em que eu me agarro à criatividade”.

“Com esse novo disco eu aprendi muito sobre mim e levei algumas lições da vida real. Aprendi a correr riscos e a me comprometer com algo até o fim. Aprendi também que a comunicação é fundamental e tenho melhorado nisso à medida que o processo avança, mas quero melhorar mais, comunicar com clareza é uma habilidade tão grande”, completa.

YAZMIN LACEY NO BRASIL

Quando Nos dias 13 (SP) e 15 (RJ) de abril
Onde Audio (São Paulo) e Marina da Glória (Rio de Janeiro)
Preço a partir de R$ 150 (SP) e R$ 250 (RJ)

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12/04/2023

Gabriela Amorim

Gabriela Amorim