Especial | The Wall – O filme

24/03/2012

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Por: Revista NOIZE

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24/03/2012

_por Nícolas Gambin

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Aqui, os Floyds também não foram os primeiros da fila: o já citado álbum Tommy, do Who, virou longa-metragem em 1975, sem contar o desenho animado que marca a passagem do iê-iê-iê para a fase lisérgica/psicodélica dos Beatles, o viajadão Yellow Submarine, de 1968.

Porém nenhum deles, a meu ver, atinge o nível de excelência da adaptação de The Wall para o cinema, em cartaz três anos após o lançamento do disco, dirigida por Alan Parker (Mississípi em Chamas,
Commitments – Loucos pela fama, Evita).

O longa mescla animação com uma surreal atuação de Bob Geldof, interpretando o personagem criado por Waters no disco, o malfadado superstar “Pink Floyd”. As sequências do filme mostram a vida de Floyd
narrada exatamente como nas canções.

A trama se inicia em sua infância (criança-órfã, mãe-viúva), no pós 2ª Guerra, com a perda traumática dos laços paternos, demonstrada através de fortes cenas de violência bélica.

As próximas sequências relatam Floyd lidando com seu primeiro sentimento de perda (o pai morto) e, após, indo parar no colégio. Aqui, bruscas críticas aos moldes tradicionais de educação são elucidadas: o professor, que zomba, pune e castiga a criatividade dos alunos, e o sistema escolar, que padroniza as mentes segundo seu critério de educação (repressão?). Todos acabam em uma espécie de moedor de carne, transformados em qualquer coisa que não humanos (merda?).

Seguem atos que explicitam conflitos modernos, dramatizados de modo que deixariam qualquer psicanalista babando: filho traumatizado x mãe viúva, marido ausente x mulher adúltera, excessos e vazios da vida
artística (putarias, bebedeiras, overdoses). E tudo acaba com um ser que se vê em ruínas e destrói seu quarto de hotel à beira de um colapso nervoso-depressivo-suicída.

Então começa a fase líder-fascista de Floyd com seu exército de seguidores fanáticos (mais cenas de repressão, violência, perseguições).

Floyd acaba em tribunal, tendo sua sanidade julgada por um juiz, que é representado por um par de nádegas (!). No julgamento, estão presentes mãe, ex-professor e ex-esposa, cada qual figurando as pequenas dores de Floyd, que uma a uma, constituíram os tijolos de seu “muro”, culpado por isolá-lo da sociedade e levá-lo à insanidade. Mestres!

Gran finale: o ‘muro” de Floyd explode, crianças recolhem os destroços, tijolinho por tijolinho. Esperança? Talvez. O fato é que é impossível assistir The Wall – O filme e não se identificar com pelo menos um trecho do roteiro.

The Wall foi milhas e milhas além de um mero álbum duplo recheado de boas canções. É uma visão densa, perturbadora, intrigante e reflexiva – produto da genial mente de seu líder: Roger Waters.

Ainda faltam motivos para querer ver tudo isso reproduzido ao vivo diante de seus olhos? Pelo jeito, não.

@nicolasgambin é jornalista freela e aprecia tocar The Meters com amigos nas horas vagas.

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24/03/2012

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