Exclusivo | Evocando o passado, Saskia lança o clipe “E Agora?”

08/04/2019

Powered by WP Bannerize

Brenda Vidal

Por: Brenda Vidal

Fotos: Kim Costa Nunes/Divulgação

08/04/2019

Aos 23 anos, a trajetória de Saskia já é marcada por deslocamentos. Nascida em Porto Alegre, se mudou para Torres e essas mudanças de cenários se relacionam com sua carreira. De volta a Porto Alegre, o fluxo aparece como fio condutor do novo clipe “E Agora?”.

Se jogando no mundo como compositora, cantora e produtora musical desde 2010, seu percurso musical também passa por transformações, transmutações e mudanças importantes. Em 2019, ela integra a lista de artistas contempladas pelo edital do projeto Natura Musical e celebra a conquista com a produção de seu primeiro disco, esperado para o segundo semestre. Costurando passado, presente e futuro no single “E Agora”?, Saskia lança a novidade e, ao lado das diretoras e fotógrafas do clipe Tuane Eggers e Kim Costa Nunes, bate um papo com exclusividade para NOIZE. Confira agora:

*

Como foi o processo de criação do conceito do vídeo? Que referências nortearam vocês?
Kim Costa Nunes e Tuane Eggers: Nos encontramos algumas vezes para conversar sobre o videoclipe. Fomos até o [bairro do] Guarujá, na zona sul de Porto Alegre, conhecer a casa da Saskia e buscar inspirações por aquela região. Foi então que descobrimos alguns daqueles cenários [do clipe]. No dia da filmagem, nos deparamos com uma casa abandonada, bem como a Saskia fala na música, e entramos no jardim. Foi onde descobrimos aquela fita VHS descartada e aquele pedaço de sound system que pensamos que conversaria com a estética musical dela também, como fitas k7 e esse universo mais “lo-fi”. Como referências, podemos citar Kelsey Lu, Solange e Sudan Archives, artistas negras maravilhosas que trabalham com essa estética mais experimental, tanto na parte musical quanto visual. Lembrando que o clipe se trata de uma produção totalmente independente, sem nenhum tipo de apoio financeiro. Fizemos entre poucas pessoas, daquela forma “do it yourself” [faça você mesmo], por acreditarmos na força do trabalho da Saskia e pensarmos que resultaria em uma linda colaboração.

No clipe, você passeia por espaços do bairro onde você mora, que fica na periferia de Porto Alegre. Como é a sua relação com esses espaços? Por que eles foram escolhidos como cenários desse clipe?
Saskia: O cenário do clipe foi onde eu cresci. Minha casa em Guarujá, zona sul de Porto Alegre, onde fiquei até os 14 anos, quando me mudei para [a cidade de] Torres. Essa casa da minha família foi construída pelo meu avô há pelo menos uns 50 anos. É um lugar representativo pra mim, pois morar nesse espaço mais isolado e periférico me influenciou a explorar a criatividade. Foi onde aprendi a tocar meu primeiro instrumento, o violão. Na beira do [rio] Guaíba foi onde eu escrevi minhas primeiras letras, e ainda escrevo, sempre dando uma banda sozinha na beira do rio. Essa música fala sobre minha volta para Porto Alegre, em 2016, agora morando sozinha, tentando passar na faculdade, conseguir um estágio, longe da família e do conforto, tendo que juntar as moedas pra pegar o ônibus ou indo a pé mesmo. Todo o processo de reconhecimento da responsabilidade da independência aconteceu nesse bairro pegando esse ônibus. Serraria – 179, o único ônibus que me leva pra casa.

Seu disco de estreia chega no segundo semestre e conta com a participação de Ava Rocha e Negro Leo. Como tem sido o processo de produção do disco com eles?
Saskia: A minha principal pira na música é sempre misturar vários tipos de vertentes musicais e estilos de produção. Nesse caso, estou tentando unir os extremos do eletrônico e do orgânico. Eu comecei a gravar esse disco na Áudio Porto, em Porto Alegre, que é um lugar com muitos equipamentos eletrônicos, de sintetização, onde gravei tudo direto no computador com a co-produção do Mateus Tabu, do selo Zona. Então, toda essa primeira etapa, de mais ou menos um mês, fiz toda a parte eletrônica com ele e convidados, pessoas que produzem música eletrônica que acredito que têm um trabalho mais singular. O Negro Leo e a Ava Rocha entram na segunda etapa do disco, quando vou pro Rio para gravar a parte orgânica do álbum: guitarra, baixo, bateria, vocal e toda a piração. Eu ainda não conheço eles muito bem, mas conheci antes o som do Negro Leo, e foi a partir da pira musical dele, com essa pegada mais alternativa, que pensei em chamar ele para o disco. Junto com ele veio a Ava, que se entregou para o projeto porque curtiu muito o meu trabalho, disse que quer muito me produzir e traduzir minhas ideias. Ainda não entrei nessa segunda etapa porque estou viajando no momento, mas já estou com toda a parte de beats eletrônicos para entregar pra eles.

“E Agora?” Ficha Técnica:
Direção & fotografia: Kim Costa Nunes e Tuane Eggers

Roteiro: Eduardo Taborda, Kim Costa Nunes, Luana Santana e Tuane Eggers

Figurino: Luana Santana

Edição: Martino Piccinini

Correção de cor: Dani San

Agradecimentos: Cássio de Borba Lucas, Eduardo Nascimento Rosa e Marcelo Reis

Tags:, , , , ,

08/04/2019

Brenda Vidal

Brenda Vidal