Poeta, dançarino, professor, Pedro Cassel é tudo isso e mais. Cantor, músico, compositor, faz cerca de três anos que seu nome surge em elogiadas apresentações espalhadas pelo Rio Grande Sul, mas, até hoje, não havia saído nenhuma música sua que não fosse de algum registro ao vivo.
Seu primeiro single, “Tango Tempestade”, está sendo apresentado agora ao público. Lançada em um clipe dirigido por Martino Piccinini, a faixa produzida por Daniel Roitmann chega como um impactante e visceral cartão de visitas para a obra de Pedro.
Assista abaixo:
Hoje (13/9), há o show de lançamento do clipe no Agulha, em Porto Alegre, onde haverá também a apresentação de Clarissa Ferreira (mais informações aqui). Aproveitando a oportunidade, trocamos uma ideia com Pedro sobre sua procura artística, os próximos passos de sua carreira e os sentimentos por trás de “Tango Tempestade”.
Confira:
Se tiver que apresentar sua música para alguém que nunca ouviu falar em você, como você descreve seu som?
Quando rola essa pergunta, eu falo que é música brasileira, cantada em português. Em sequência, sempre vem a pergunta: “É tipo MPB?”. Aí já não sei. Faço canção.
Já havia saído gravações ao vivo de músicas como “Piscina” e “Aguaceiro”, mas o clipe de “Tango Tempestade” traz sua estréia em estúdio. Que sentimentos inspiraram essa composição e por que ela foi a escolhida para dar o pontapé inicial dos seus lançamentos?
Essas gravações a gente fez pra divulgar um show grande. “Aguaceiro” e “Piscina” são canções muito queridas pelo meu público e sempre pareceram naturalmente boas músicas de trabalho, mas apareci num ensaio com “Tango Tempestade” e o Daniel, que pensa e produz o som comigo, gostou demais. Acabou furando fila e tá aí, na linha de frente.
Quanto à inspiração, acho que minha onda quando escrevi “Tango” era muito mais encaixar as palavras e ver o que acontece do que sentar e tentar colocar um sentimento no papel. Aliás, essa safra inteira é muito assim. Bater pedra pra ver que faísca sai.
Como nasceu o conceito do clipe de “Tango Tempestade” e como foi, para você, o desafio de atuar nele?
Eu tentei me perguntar quem era o sujeito que cantava aquelas palavras, o que queria, em que universo se situava. Essa pessoa que tem vontade de se desmanchar numa descarga elétrica, só pelo prazer da onda, quem é? Talvez pelo entusiasmo quase épico da melodia, o sonho e a fábula me pareciam bons dispositivos pra falar dele. Levei algumas ideias e referências pro Martino [Piccinini], meu diretor, e fomos nos comunicando.
Não sei se digo que atuei nesse trabalho, acho que compareci. Me parece digno que um artista compareça aos seus videoclipes. Senão, quem mais? Todavia, pra esse comparecimento eu tive o preparo da Naomi Luana, diretora de teatro que tem uma sensibilidade incrível, e falamos muito sobre exaustão e presença. Mais do que ter atuado, espero ter colocado um pouco dessas duas coisas ali: presença e exaustão.
Além da música, você possui uma pesquisa e produção na área da poesia e da dança. Como você sente que essas linguagens se atravessam na sua obra?
Penso que a primeira coisa que se nota é o gosto pela língua desaguando nas letras de música. “Tango Tempestade”, por exemplo, tem aparições de palavras como “cítrico” e “plasmático”; as duas primeiras estrofes formam uma mesma e longa pergunta; no meio do refrão encontramos uma aliteração (“risca, ronca, raia”). Já a dança pode aparecer de forma mais óbvia, na minha presença de palco por exemplo, ou traduzida num certo senso de ritmo, numa certa noção de organicidade, do meu trabalho em geral.
Quais são os próximos passos previstos? O que pode adiantar sobre novos lançamentos e shows que virão por aí?
O clipe tem um show de lançamento no Agulha, pelo Porto Alegre em Cena, na sexta feira 13 de setembro. Nessa mesma noite sai um caderno com as cifras desse show, “Abrir”, que venho fazendo há algum tempo em Porto Alegre. É como o encarte de um disco que ainda não existe. Talvez uma simpatia para que ele venha a existir. Depois disso, sai outro clipe, que ainda está sendo gerido. Esse clipe deverá puxar outros shows, e outros clipes. Vamos vendo.