“Canções de Guerra”, disco lançado em 2011 pelo Pública, continua rendendo muito trabalho para a banda gaúcha. O mais recente deles é o clipe de “Pouca Estrada Pra Cedo Envelhecer”, que o grupo lança hoje, com exclusividade, aqui na NOIZE.
Feito sem lente, com uma Canon 5D, o Pública usou uma cartolina para tapar o bocal da câmera, numa técnica de captação de imagens chamada Pinhole. “Pouca Estrada Pra Cedo Envelhecer” é o primeiro clipe que se tem conhecimento filmado dessa forma. E para assisti-lo em primeira mão é só dar play aqui embaixo:
Foi para falar sobre o inusitado trabalho de “Pouca Estrada Pra Cedo Envelhecer” que conversamos com Pedro Metz, vocalista do Pública. Ele não só comentou sobre como foi gravar o clipe num sistema de Pinhole digital como também adiantou alguns detalhes sobre o próximo disco do grupo, que será lançado no ano que vem.
Como foi gravar esse novo clipe?
O clipe foi feito de maneira muito despretensiosa, livre, excetuando a pretensão estética de estarmos usando um artifício pouco conhecido e explorado: pinhole com câmera digital.
Você é quem sempre dirigiu os clipes do Pública. De que forma você se envolveu com esse novo vídeo?
Sou um dos diretores (os outros diretores são o Leo Lage e o Gus Vargas) e me envolvi em todas as etapas. Não imagino, no momento, ficar de fora de algo que envolva a banda, e os clipes são muito importantes para construir a estética do que passamos nas músicas. Gosto tanto de fazer os clipes quanto os discos. E, na verdade, não dirigi os dois primeiros clipes, “Bicicleta” e “Polaris”, embora tenha sido um dos roteiristas dos dois.
Os clipes do Pública sempre foram grandes trabalhos. “Casa Abandonada”, de 2009, foi até indicado ao prêmio VMB na categoria melhor videoclipe. E esse novo, o que ele tem de especial?
Um dia, naqueles momentos de bebedeira frequentes na nossa ex-casa na Vila Madalena, eu e o Leo Lage conversávamos como aproximar o digital do analógico. O Leo sugeriu: “e se tentássemos um Pinhole com camêra digital?”. Comprei a ideia na hora. O Leo tinha experiência em Pinhole clássico, que, explicando toscamente, consiste em fotografar sem lente, através da entrada de luz numa caixa escura – uma lata, uma caixa… – com um pequeno furo. Essa luz queima o material sensível (que vai desde papel, a filme 35mm) desenhando a imagem a que ele foi exposto.
A partir de definida a ideia de misturarmos Pinhole com digital, colocamos em prática com uma camêra Canon 5D, sem lente, e cobrimos a entrada da lente com cartolina preta com um (ou mais) pequeno(s) furo(s). Fomos testando até sabermos como chegar no resultado que queríamos. Então, é um clipe com uma linguagem suja, desfocado, com sobreposições, texturas e transparências inusitadas. Mas é belo como retrato de uma banda que adora o que faz e que está disposta a arriscar.
No início do ano, nós conversamos a respeito do “Despedida”, o novo disco do Pública que estava em processo de gravação. Como anda o disco?
O disco ainda está em fase de gravação e mixagem. Estamos fazendo sem press,a porque só lançaremos ano que vem. É possível o lançamento de um single com clipe este ano.
Nos próximos dias, em agosto ainda, um tributo a uma das maiores bandas dos anos 90 será lançada com artistas brasileiros. Fomos a primeira banda a ser convidada, então tivemos a oportunidade de escolher um hino definitivo do Britpop. E esta versão que estamos finalizando antecipa em muito a sonoridade do próximo álbum.