Faixa a Faixa: Caio Ocean, ‘Garoto Oceano’

06/11/2024

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Por: Revista NOIZE

Fotos: Divulgação

06/11/2024

Em tom confessional, o artista carioca Caio Ocean compartilha com a NOIZE o Faixa a Faixa do primeiro EP, Garoto Oceano (2024), lançado em outubro.

Com seis músicas que exploram as vivências da vida urbana e os dilemas existenciais em torno da solidão, o projeto de rap é uma viagem pelo inconsciente do artista. E, também, desperta memórias. “Tenho poucas lembranças de dias cinzas e chuvosos durante minha infância, acho que minha mente as apaga. De qualquer forma, sempre que o clima estava assim, eu ficava em casa com minha mãe”, rememora Caio, sobre a faixa que encerra o EP, “Adele”.

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O boombap de Caio Ocean carrega frescor e melodias envolventes. Todas as músicas foram gravadas pelo celular, refletindo os novos processos de produção musical.

O EP tem produção assinada por OrdinaryJoe & Grãovizir. “Eu faço minha onda, eu pulo do barco, mas nós sempre tem aliado por perto”, diz a letra de “Fé Meu Levado”.

O trabalho vem na sequência de singles como “Terra de Ninguém”, que lançou Caio para as redes sociais em 2023. A faixa já soma mais de 10 milhões de streams.

Confira o Faixa a Faixa abaixo:

“Intro/C&V”: “Entre exaustão cíclica e dificuldades de autoidentificação, ‘Intro’ é a transcrição de uma rotina cíclica e exaustiva debatida em forma de autorreflexão, em uma grande carta aberta aos meus arrependimentos e incertezas. É retrato de um estado mental com um anseio de melhora.

Fala sobre o desgaste com alguém presente. A única pessoa que amei. Uma figura feminina, a mais importante da minha vida.”

“Margem: “Foi uma canção criada durante uma fase turbulenta, assim como todo o EP, mas essa faixa consegue resumir, em pequenos grupos de frases, muitos dos conflitos e contradições rotineiras. Sumindo e aparecendo na vida, como as marés que cercam as margens. 

Cumpre o papel de transição, como se fosse uma espécie de desaceleração ou rota de fuga. É uma viagem sem destino definido, cheia de sentimentos misturados.

Ao mesmo tempo que não tenho essa iniciativa ou vontade de criar laços, mantenho por perto pessoas importantes. Da mesma forma que reconheço vontades, também deixo à deriva a ideia de apegos e relações com o mundo exterior. Sem paciência ou energia para lidar com a ideia de rotina e pessoas novas.”

“E o sol”: “Foi a faixa onde me senti pronto pra dizer;’ entrei pro jogo’, entre barras sólidas e frases abertas à interpretação pessoal. Veio de uma insatisfação na forma como sentia que era visto.

Às vezes, sinto que muita gente não dá valor aos artistas pequenos que se destacam com poucos trabalhos lançados. Isso sempre me causou estresse. Não sou muito de falar de mim, mas senti que as pessoas não veem o quanto podemos conquistar com o pouco que temos.

Nesse momento, me senti preparado na missão de criar um trabalho onde pudesse projetar o futuro e não me sentir tentado a rejeitar ou apagar.”

“Fé Meu levado”: “Aqui, te levo em um passeio para apresentar como é minha relação com o mundo exterior.

Não tenho problemas em dizer que posso ser uma pessoa difícil de se relacionar. Entendo que nem sempre estou presente fisicamente e prefiro ficar em meu mundo, recluso, pensando em minhas coisas – mas sempre que vejo como possível/necessário ou interessante, consigo aportar por uns instantes para confraternizar ou dividir um momento divertido com alguém.

Mesmo que eu ainda me veja navegando sozinho e me sinta à deriva, ainda tenho pessoas de confiança comigo.”

“Vandalismo puro”: “Essa é a que mais bate pra mim quando o assunto é instrumental de peso. A faixa é até um pouco destoante em meio a sons mais calmos.

Ela imprime meus poucos momentos de explosão e ganância, quando tenho que parar de ser tranquilo e calmo – os valores que mais gosto em mim – para assumir um papel de autocuidado, tentando me precaver de me perder em meu pior lado.”

“Adele”: “Chegando ao final, temos ‘Adele’”.’ Nela, tenho a possível conclusão de que, mesmo após passar tanto tempo rodando em ciclos e assuntos em comum, talvez exista a possibilidade de nada mudar e de que minha rotina continue a mesma, mesmo após um árduo esforço de mudança. Admito minha vulnerabilidade a uma substância, a uma pessoa.

Tenho uma conversa comigo mesmo, uma conversa de um minuto, que, pra mim, dura uma eternidade.

No final, talvez eu não tenha mudado, e não sei se quero mudar. O desapego me deixa confortável e seguro. Ainda tento entender se a evolução vem do ato de se pôr em risco, errar e aprender, ou se a melhoria está em aceitar seus prós e contras, se mantendo sozinho e ativo.”

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06/11/2024

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