Juvi Chagas, conhecida por seu trabalho como influenciadora digital, lançou o terceiro álbum, Cultura do Ódio, na última sexta-feira, 14/10. Misturando humor com críticas sociais, a cantora, compositora e produtora, traz uma sonoridade que remete aos ritmos latino-americanos. Os arranjos das 10 músicas trazem elementos orgânicos misturados aos timbres da música eletrônica, e ainda incluem beats e distorções vocais.
O álbum vem na sequência de Músicas para Ex, Vol. 1: Só Gatilho Foda (2022) e Músicas para Ex, Vol.2: 99% Boladona, 1% Xonadona. Diferente de seus antecessores, mas seguindo o mesmo fio condutor, Cultura do Ódio traz Juvi refletindo sobre temas da contemporaneidade, como o abuso de substâncias lícitas – “Novas Drogas Legais” – e as novas expressões da sexualidade – “Web Sexo (A Nova Moda)”.
“O novo projeto explora uma sonoridade diferente, resgatando o rock psicodélico com ritmos latinos e influências jamaicanas, como dub e reggae. Há uma forte presença de ritmos brasileiros e latino-americanos, e isso surgiu principalmente ao trazer o álbum para a performance ao vivo, onde a sonoridade se tornou mais orgânica”, declarou a artista em entrevista à NOIZE.
Abaixo, confira nosso papo completo com Juvi.
Antes de “Cultura do Ódio” você lançou “Músicas para Ex” (Vol. 1 e 2), com uma sonoridade mais eletrônica e rockeira. Olhando para essa diversidade, como funciona o seu processo de criação?
No Músicas para Ex Volume 1 e 2, a sonoridade foi muito influenciada pelo hyperpop e pela cena industrial dos anos 90, que misturava eletrônico com rock, criando algo ao mesmo tempo denso e pop. O processo de criação acontece testando timbres, sintetizadores, guitarra, e compondo de forma espontânea. Muitas músicas começaram pelos títulos, que vinham de conversas com amigos ou de ideias que surgiam naturalmente. Um exemplo é “Remédio da Maluca”, que nasceu de um vídeo viral.
Como surgiu a vontade de explorar outra sonoridade neste disco?
O novo projeto explora uma sonoridade diferente, resgatando o rock psicodélico com ritmos latinos e influências jamaicanas como dub e reggae. Há uma forte presença de ritmos brasileiros e latino-americanos, e isso surgiu principalmente ao trazer o álbum para a performance ao vivo, onde a sonoridade se tornou mais orgânica. Esse resgate me conecta com algo que eu vivenciei na adolescência, e a banda contribuiu muito para essa transformação. O novo álbum, Cultura do Ódio, é mais sério que o Músicas para Ex, mas ainda tem humor e irreverência.
Como ser produtora musical influencia a maneira como você faz música?
Ser produtora traz muita agilidade para o processo criativo. Por exemplo, o Músicas para Ex Volume 2 foi produzido em duas semanas. Além disso, nesse novo álbum, eu saí da produção eletrônica e toquei instrumentos, o que impactou bastante o som. Eu experimentei tocar vários instrumentos novos, como bandolim e saxofone, e esse aprendizado contribuiu muito para o resultado. Estou documentando todo o processo de produção para mostrar como essas duas facetas – produtora e compositora – se misturam.
Qual o papel do humor no seu trabalho como compositora?
O humor é uma ferramenta poderosa na arte, mas isso não significa que não possa coexistir com poesia ou reflexão. Muitas vezes, comparam meu trabalho ao Mamonas Assassinas, o que entendo, mas tento usar o humor de forma mais crítica. Minha inspiração vem de artistas como Frank Zappa, que usava o humor para provocar reflexões mais profundas. Em músicas como “Tropa do Pau Médio” e “Remédio da Maluca”, por exemplo, há humor, mas também uma crítica social embutida. No novo álbum, Cultura do Ódio, estou explorando ainda mais essa relação entre tragédia e humor, trazendo temas mais sérios.
Quais são os seus planos para o futuro?
O meu foco é tocar ao vivo, levar as músicas para os palcos com mais improvisação e interação com o público. O álbum novo tem uma sonoridade muito forte ao vivo, e eu quero que as pessoas sintam isso nos shows. Além disso, pretendo gravar um álbum ao vivo com a banda. Embora eu esteja muito ocupada com minha carreira de influenciadora, minha meta principal é continuar equilibrando isso com a música, focando mais em shows e performances ao vivo no próximo ano.
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