Luiz Gonzaga, o Elvis do Brasil

17/01/2013

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Por: Revista NOIZE

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17/01/2013

“Ele [Luiz Gonzaga] saía por aí com uma indumentária, uma formação musical extraordinária, um power trio. Foi o Elvis Presley brasileiro.” Quem disse ou, melhor, quem twittou esta frase foi ninguém menos do que Gilberto Gil. A relação dos dois artistas, que ilustram a capa e a contracapa, respectivamente, da Noize #60, vem de longe, lá do comecinho da carreira de Gil, e é muito forte. Louvação, seu primeiro disco, conta com uma mistura que iria marcar a carreira do músico durante a Tropicália: rock e música brasileira de raiz, em especial a nordestina. Ouça “Viramundo” pra entender do que a gente tá falando.
Viramundo by Gilberto Gil on Grooveshark
Também não dá para esquecer que Gil acabou de lançar um álbum inteiro dedicado à obra de Gonzagão. Em “Gilberto Gil canta Luiz Gonzaga”, são compiladas 14 faixas gravadas ao longo da carreira do ex-Ministro da Cultura.

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Certamente, tem gente que deve ter achado estranha a frase de Gil comparando o rei do baião com o rei do rock, mas olha que não foi só ele. Outro baiano arretado também vê semelhanças entre os dois. Curte o vídeo, que tem palhinha de Raul Seixas cantando “Asa Branca”.

Mais de cem anos depois do seu nascimento, Lua (apelido de Gonzagão) ainda é o cara. Prova disso são os depoimentos que você lê abaixo. São nomes de várias gerações da música brasileira falando sobre a representatividade deste pernambucano em suas carreiras.

“Quando eu fui estudar em Salvador, em 1952, ele foi fazer um show com Catamiro e Salário Mínimo na Praça da Sé, e minha tia me levou pra ver. Aí eu vi aquela coisa que parecia uma epifania, uma coisa descida do céu. Gonzaga foi a primeira chama indumentária da música brasileira, a primeira grande coisa significativa do ponto de vista da cultura de massa. Ele é um mestre, um semideus, um amigo. E no future do futuro, quando se for contar a história da música brasileira, ele vai estar lá, entre os cinco grandes inventores.” Gilberto Gil.

“O Gonzagão representa direta e indiretamente uma aproximação do Nordeste em relação ao Sudeste que, por vezes tem, e tinha na época em que ele apareceu, uma posição elitista e segregadora em relação à música tradicional de outras regiões. Acho que ele é um dos grandes responsáveis por essa popularização da música nordestina, portanto, responsável por trazer inúmeros elementos do forró, do baião e do xote pra artistas do Sudeste. Apesar de tão longíquo, me incluo entre os seguidores e agradeço.” – Gustavo Benjão, Do Amor

“Não sei se Gonzaga representa algo para a minha música em si, mas para minha história musical, sim. Meu avô era nordestino, e lá em casa sempre gostamos muito de ouvir xote, forró, além de outras coisas. Sempre havia o momento Gonzagão. Baião era forte, era divertido. Não costumo ouvir tanto hoje em dia, mas admiro a importância inovadora, os arranjos sofisticados, a criatividade aguda. Sempre que ouço sem querer, em alguma festa ou alguma rádio, fico alegre e admiro.” – Leticia Novaes, do Letuce

“Aos sete anos me lembro de tocar Luiz Gonzaga na vitrola de meu avô. Ele foi um guerreiro por ter conseguido sua coroa da forma que conseguiu. Na música, representa a raiz nordestina, a originalidade regional e a prova que não precisa ser doutor em letras pra escrever algo forte e marcante. Na lista das composições que fiz para o novo disco da The Baggios, tenho duas a que devo a influência da sua música. No Brasil, o cara era rei.” – Júlio Andrade, The Baggios

“Desde pequeno lembro do compacto de ‘Asa Branca’ rodando na minha vitrolinha. Lembro que eu e meus primos ficávamos ouvindo no repeat e imitando o cara tocar a sanfona. A música dele é daquelas que, de tão enraizadas na nossa vida, deixam de ser uma influência consciente.” – Dago Donato, DJ e empresário

“Gonzaga se tornou parte do Nordeste como é o queijo coalho, o cuscuz, o mandacaru, a carne de bode, o arrasta-pé, o anfitrião que o recebe como parte da família. A música sincera, o artista inteiro, entregue, sem máscaras, a poesia sublime, a genial simplicidade da arte.” Tibério Azul, cantor

“Há algum tempo, minha música brasileira preferida é aquela produzida no Nordeste. E a herança do baião, do xote e de outros ritmos serviu de base para tantas misturas que fizeram a cabeça de gerações posteriors – como o mangue, por exemplo. Gonzagão foi uma grande voz, não apenas para cantar, mas também comunicar. Todo artista vive essa eterna busca.” – Rodrigo Lemos, da Banda Mais Bonita da Cidade e Lemoskine

Pra finalizar, the man himself contando um pouco de sua história:

*Depoimentos concedidos a Marcos Xi, do Rock in Press

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17/01/2013

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