Marina Melo e novo EP “o mundo acabou mas continua girando” faixa por faixa

18/09/2020

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Brenda Vidal

Por: Brenda Vidal

Fotos: Lais Aranha e Gustavo Fraza/Divulgação

18/09/2020

Se você pôde aderir ao regime de isolamento social e quarentena caseira desde o início da transmissão comunitária do novo Coronavírus aqui no Brasil, e se ainda persiste nessa, você está há 6 meses recluso/a em casa. Esse é o caso da cantora e compositora Marina Melo, que tem lançado mão da música para atravessar os dias pandêmicos. Desse processo coletivo e particular ela lança o íntimo EP “o mundo acabou mas continua girando”, que conta com a participação de Naná Rizinni.

Tem música para vizinha, composições que em uma linha dão conta de resumir o que estamos vivendo no âmbito global e até uma faixa dedicada à exaltar as icônicas lives de Teresa Cristina. Melhor do que eu escrever é a própria Marina comentar, né? Abaixo, solte o player, confira um breve papo com ela e o faixa a faixa exclusivo.

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Marina, onde você está cumprindo seu isolamento social? 
Em São Paulo, capital. Comecei a quarentena na vila onde morei os últimos anos. Agora, me mudei – tanta gente nesses deslocamentos, né? Me somei aos versos da minha própria composição. 

Já se passaram 6 meses desse regime. No começo, rolaram os booms de lives e mil táticas para fazer o tempo ser produtivo e interessante em casa. Agora, a gente tá até com fadiga de tela e encontros virtuais. Como atualmente isso tá batendo em você? 
A fadiga da tela realmente bateu. Com tanta força que tenho desligado com frequência meu celular, e os melhores dias são aqueles em que consigo passar algumas horas de manhã também sem me conectar. A cara do dia muda. Mas ainda acompanho algumas lives que têm me ajudado a atravessar os dias. Sobre a necessidade de ser produtiva… acredito que ela nunca me abandonou, rs. Tanto que temos aí um EP saindo! 

E quais tem sido seus rituais de autocuidado pra seguir com o mundo assim em suspenso?
O cuidado mais importante tem a ver com o celular. Os momentos de maior ansiedade te levam ao celular, que por sua vez só aumenta a ansiedade. Então, desligo o telefone em alguns momentos, adoro acordar sem ele, e deslogo do Instagram nos momentos em que sinto que estou conectada demais. De resto, faço exercícios, estudo música, tento me alimentar bem sempre que possível (risos), deixo a casa bonita, e peço ajuda quando preciso.

Faixa a faixa de “o mundo acabou mas continua girando”

1.”O mundo acabou mas continua girando
Fiz essa música em 2018, a partir de uma harmonia proposta pelo Sérgio Molina na pós-graduação em canção popular da Santa Marcelina. A música ficou adormecida e, mexendo nas minhas gravações antigas, a reencontrei. Achei essa frase tão pertinente ao momento que vivemos que resolvi colocar a música no EP dizendo apenas isso: o mundo acabou, mas continua girando / o mundo acabou, mas continua. E o que fazer com esse mundo que continua, apesar de tudo?

2.Cara vizinha,
Fiz essa música como presente para uma vizinha desconhecida que, no início da quarentena, todas as noites presenteava a vizinhança. Ela vivia no prédio ao lado da vila onde eu morava na época e, diariamente, depois do panelaço, escolhia a dedo uma música para tocar em alto e bom som. Era um ritual bonito realizado entre desconhecidos: cada qual na sua janela dançava segurando a lanterna do celular e no fim dava um jeito de aplaudir o mais alto que conseguisse e gritar um “muito obrigado” para ela. Essa música foi meu jeito de dizer a ela que as músicas escolhidas nos banhavam e faziam o medo – tão presente agora – desaparecer por alguns instantes. A fala no início da canção foi gravada no dia em que coloquei o amplificador na porta de casa e cantei para que ela me ouvisse lá da janela dela. Parece que ela ouviu. E também se banhou. E a música nos banha, e esquecemos do medo…

3.Segura firme na live da tt”
Essa música nasceu da vontade de não deixar a tristeza e o desânimo se instaurarem em mim. É uma missão que não é simples quando se atravessa uma pandemia no Brasil governado por Bolsonaro, e quando essa pandemia além de forçar mudanças (e mortes) mundiais, também te obriga a abrir mão de coisas que são muito importantes na sua vida particular. Fiz essa música, então, para me dar força nesse intuito de não me deixar desabar, por mais que a vontade tenha sido essa. E é por isso que a música, por mais que enumere tantas coisas que estão em queda, também busca pontos de apoio (as lives da Teresa Cristina, por exemplo, têm sido essencial nesse sentido) e canta: eu olho pra imensidão da vida, quero inventar alegria / eu olho pra imensidão, quero inventar… A Naná Rizinni entrou com contribuições harmônicas que mudaram bastante a música, e a música acabou se tornando nossa primeira parceria.

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18/09/2020

Brenda Vidal

Brenda Vidal