Faixa a faixa | Mariana Volker mergulha em “Olho D’Água”, seu novo álbum

11/07/2024

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos: Isadora Relvas/ Divulgação

11/07/2024

Quarto disco de estúdio da cantora e compositora carioca Mariana Volker, Olho D’Água vai à nascente dos sentimentos, lidando com a complexidade das dores, mágoas e saudades que permeiam o fim de relacionamentos. Lançado no final de maio, o álbum chegou às plataformas de streaming acompanhado por um videoclipe para a canção “Deleita”.


Orgânico, o disco tem sonoridade focada no violão e piano tocados pela própria Mariana, acompanhando sua voz suave que canta as letras carregadas de sentimento. A artista dividiu com a NOIZE sua percepção sobre cada canção do álbum e explicou como faixas relatam as diversas etapas de um término. Confira abaixo.

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Faixa a faixa Olho D’Água

1. Lágrima: “É a abertura do disco, fala muito dessa mágoa insolúvel, que permanece parada, sabe? Essa água, esse líquido. Essa lágrima, essa fluidez que tá presente no disco inteiro. Então, essa lágrima é uma representação dessa mágoa, desse processo, desse sentimento profundo mesmo que permeia o disco. E ela é uma introdução, é curtinha, traz os barulhos, mil gravações que a gente tem antes de eu cantar, que simbolizam mesmo essa abertura de baú, esses cacarecos que a gente tá fuçando na vida, no coração. Então, como se a gente tivesse mexendo em várias coisas. Tem sons de várias coisas que a gente gravou ali: coisas pessoais, o som de digitação, falas, coisas escondidas. Então, é como se a gente estivesse abrindo um baú mágico para a gente contar essa história”.

2. Gota a Gota: “Uma música que fala sobre um fim de um relacionamento, esse desfazer de uma relação, e é uma música muito intensa. Eu acho que ela é uma música muito bonita, muito profunda e verdadeira, e também não faz nenhum floreio. Ela é muito direta no que diz, e é na nossa gravação, na nossa produção, a Calor Matias queria que essa gravação fosse ao vivo, então eu gravei o violão e a voz ao mesmo tempo, no microfone de fita, pra gente captar bem essa emoção do momento. Depois a gente tem o Rudah Guedes que veio fazer um solo de clarinete. É uma música muito muito profunda, muito direta. O que interessava para a gente ali era realmente passar a simplicidade, desde o arranjo, passar a profundidade da mensagem e a beleza dela que é muito direta, muito bonita e tem uma melodia muito desenhada”.

3. Tu tá: “Aqui a gente já está num momento onde já existe uma certa raiva. A gente já passou do sentimento da mágoa e a gente já foi para a ironia, para o sarcasmo, para o deboche, para essa raiva, para esse rancor que está ali, mas ao mesmo tempo tem essas risadas, tem esse deboche mesmo, acho que é a melhor palavra, para falar dessa música. E ela já tem uma coisa um pouco mais de ‘superei um pouco isso, já estou aqui por cima e não vem avacalhar, não vem’, acho que eu gosto muito dessa frase. Você não tem direito de anarquizar com a minha vida, então acho que fala muito desse momento que você está. Já superou essa primeira etapa da dor, que você está no chão e você já levantou e já tá por cima. E é isso, é uma gravação também que tem várias coisinhas, ironias, falas e tem essa atmosfera meio que quase uma névoa ali, rodeando essa festa que tá acabando e que a gente tá assistindo. Acho que tem essa mágica, essa magia”.


4. Outras Pessoas: “Composição minha com a Paula Santa Rosa, é uma das músicas mais importantes para mim. Ela fala desse momento que você fica num repeat de procurar uma pessoa em outras pessoas, quando essa pessoa vai embora, quando essa pessoa já não tá mais com você. Então, é uma coisa muito comum que muitas pessoas fazem, da gente procurar esses sinais do outro em outras pessoas, sejam físicos, sejam de jeito, seja de estilo, enfim. Foi uma coisa que eu vivi muito intensa, de ficar anos nesse repeat, nesse loop, de procurar uma pessoa em outras, e aí ficar rebubinando essa fita. Essa coisa que não se desfaz, não se dissolve, assim como aquela lágrima lá do começo, que não se dissolve. Tem o arranjo do piano, que não é um piano perfeito, a gente optou por não gravar um gran piano. Gravamos um piano de parede que estava levemente desafinado, que tem essa dor, que ele está ali doído também. A forma como eu gravei a voz, eu gravei a voz de cabeça baixa. É uma técnica diferente de como se grava com a cabeça mais pra cima, além da escolha estética do piano, os barulhos, fazendo conexão com a primeira faixa, que tem esses cacarecos que se misturam e que trazem água. Água, memória, máquina de escrever, digitação de teclado, enfim, várias coisas, vários elementos. A Calor falando também, no fundo, então tem essa atmosfera dessa saudade, desse repeat, dessa fita rebubinada várias vezes”.

5. Como é que se faz: “A gente passou por uma fase onde tá bem com isso tudo e fala do momento da falta. A gente já superou, já passou a etapa ruim e você convive com essa falta. Fizemos a escolha de gravar um coro no final, onde as pessoas cantam juntas sobre essa falta. ‘Como é que se faz com a falta que você me faz’ e acho que isso dá uma força para esse refrão a mais. Já é um refrão muito forte e acho que simboliza isso. Essa multidão que sente também alguma falta, é onde a gente se encontra, nessa falta, nessa dor. É uma canção também muito bonita, de Barbara Rodrix e Paulo Novaes e foi a última a entrar no disco e que vai caminhando para o fim do processo”.

6. Deleita: “Ela é esse grande feitiço. Quando a gente escreveu – eu e a Calor -, pensamos muito nesse feitiço que às vezes parece que você joga, ou que jogam, e você que tenta se trazer de volta. Você já está bem, você já tá seguindo a sua vida, mas tem aquela coisinha que vai lá e tenta te puxar em algum momento pra essa memória, pra essa saudade. Ela é uma música muito solar, já num momento de luz. Fala desse lugar conhecido. A música diz, ‘mapa de uma ilha que eu já sei de cor’, então fala sobre uma pessoa que é conhecida e que vai desenhar na sua pele devagar o mapa da saudade. Então tem essa essa coisa da saudade, mas de um jeito muito leve, muito mais alegre, mais saudoso também de alguma forma, mas já caminhando para o fim do processo. Então acho que é isso, tá amarradinho e tudo nessas seis faixas”. 

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