O baterista Ivan Conti, o Mamão, da banda Azymuth, morreu na segunda-feira (17), aos 76 anos. A informação foi confirmada pela família por meio de comunicado oficial no Instagram do artista. A causa da morte não foi mencionada. Há cerca de um mês, Mamão cedeu uma entrevista para o jornalista Lucas Vieira, que será publicada na revista Noize #134 e chega com o disco Sandra Sá (1982).
Ivan Miguel Conti Maranhão nasceu no bairro do Estácio, Centro do Rio de Janeiro. Participou das bandas Os Dissonantes, de bossa nova, e The Youngsters, de rock, sendo esta última no mesmo momento em que foi contratado para ser o segundo baterista da gravadora Odeon. Neste trabalho, Conti começou a ter experiência com gravações profissionais, participando de diversos projetos. Em 1973, ao lado do tecladista José Roberto Bertrami (1946-2012) e do baixista Alex Malheiros, o baterista fundou a banda Azymuth, que mistura samba, jazz e funk. “Tinha gente que não entendia. Uns músicos da antiga, por exemplo, tiraram sarro quando o Bertrami começou a aparecer com os sintetizadores”, comentou Mamão em entrevista. O trio gravou, na década de 70, com artistas como Clara Nunes (1942-1983), Belchior (1946-2017), Hyldon, Elis Regina (1945-1982) e Tim Maia (1942-1998).
A banda recebeu uma projeção não só no cenário nacional: em 1977, foi o primeiro grupo brasileiro a tocar no Montreux Jazz Festival, o que abriu portas para uma carreira internacional. Desde 1979, o trio já lançou mais de 30 discos fora do país, sendo reconhecidos na Europa e em países como o Japão e Estados Unidos.
Em paralelo ao trabalho da banda, Mamão seguiu tocando com vários outros artistas e já gravou mais de cem álbuns. Seu nome aparece na ficha técnica de alguns dos maiores nomes da música brasileira, indo desde Sonhos E Memórias – 1941/1972 (1972), de Erasmo Carlos (1941-2022), a Clube da Esquina 2 (1978), de Milton Nascimento, de Aquarela do Brasil (1980), de Gal Costa (1945-2022), a Ciclo (1983), de Maria Bethânia, de Krig-Ha, Bandolo! (1973), de Raul Seixas (1945-1989) e Alô Alô, Como Vai? (1980), de Jorge Ben, exibindo a versatilidade rítmica de sua bateria.
Possuindo uma carreira solo desde a década de 80, em janeiro de 2019, Mamão divulgou o disco solo Poison Fruit (2019) e recentemente estava preparando um próximo álbum. O baterista também estava envolvido em outros projetos, como um próximo álbum de sua banda, que completa 50 anos anos em 2023, e uma homenagem a Raul Seixas. O velório de Conti será nesta quinta-feira (20), das 11h às 14h, na capela 07, do Crematório e Cemitério da Penitência, (Rua Monsenhor Manuel Gomes, 307, Caju, Rio de Janeiro).
Nas redes sociais algumas personalidades começaram a prestar homenagens para o Mamão, como Milton Nascimento que publicou: “Hoje a música perdeu um de seus maiores representantes. Mamão foi um músico e pessoa ímpar, e vai fazer uma falta enorme. Descanse em paz, querido amigo”. Nos comentários do comunicado no perfil oficial de Conti, Marcelo D2 falou: “Te amo Mamão, descanse em paz, meu grande irmão que essa vida me deu”, enquanto Emicida disse: “Eterno Mestre”.
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