Bandas que você não conhece mas deveria é a seção mais antiga da NOIZE. Desde 2007, ela se reinventa em diferentes formatos e continua sendo impressa a cada lançamento do NOIZE Record Club. Toda quinta-feira, vamos publicar uma indicação musical apresentada na revista. Nesta edição, Iris da Selva foi a indicade no BQVNC do Lado A da revista #133, que acompanha o vinil de “Sal”, de Anelis Assumpção.
Artista trans não-binário da Amazônia, nascide em Icoaraci, distrito de Belém (PA), que leva em suas composições o carimbó urbano, presente nas periferias da capital. Estreou musicalmente quando divulgou o EP Das Águas Desse Rio (2020), com quatro canções que caminham para um significado mais amplo de amor romântico. Fruto deste projeto, Iris lançou o belo e sensível clipe da faixa “Meu Pequeno Eu”.
Tendo a espiritualidade como fio condutor de suas obras, também integrou projetos de sonoplastia, além de concluir, em 2021, um curso técnico de canto. No mesmo ano, Iris participou da primeira edição do Festival Bambata Brothers, evento que promoveu nomes da cena paraense de música preta e contou com produção executiva da Psica Produções. Iris formou seu grupo base chamado Pássaros Urbanos, formado em sua maioria por músicos que também vivenciam o carimbó.
Em 2022, integrou a programação do Festival Se Rasgum e foi selecionade no projeto Impulso, programa de capacitação e aceleração de carreiras artísticas da União Brasileira de Compositores (UBC). Também lançou o EP Zelo (2022), feito em parceria com o DJ e produtor irlandês Peter Power, e o single “Sereno”, ao lado do potiguar Letto. Atualmente, Iris está dando continuidade ao processo de gravação do seu primeiro disco.
Por onde começo?
Pelo show “Iris da Selva no Festival Bambata Brothers”, disponível no Youtube, onde Iris surge com banda completa. Em seguida, vá para o clipe “Meu Pequeno Eu” e adentre as composições do EP Das Águas Desse Rio (2020). Nas plataformas digitais, ouça os singles “Três Marias” e “Sereno” e finalize a sessão com o EP Zelo (2022).
Mood?
Suas músicas, de alegre melancolia, evocam ancestralidade, a energia das águas, e costuram metáforas sobre o dia a dia nas telas da alma. Em contraposição ao primeiro trabalho, Irís apresenta o segundo EP abordando mais sobre uma conexão silenciosa com a natureza e com o inverno amazônico, levando a explorar diversas formas em sua trajetória artística.
Como soa?
Suave. Em meio à sonoridade forte de banjo, tambor, flauta e maracá, Iris exibe a suavidade de seu vocal e do dedilhado de seu violão. Quando fala sobre a sereia, na faixa “Sereia do Rio”, que abre seu primeiro EP, Iris canta pela percepção de si, sem necessidade de denominações binárias.
Qual a vibe?
Faz entender, minimamente, a nossa posição como pessoa no mundo. As canções de Isis nos permite acessar a sentimentalidade e o equilíbrio que nos são privados na rotina, sendo um abraço cheio de alento.