1, o primeiro álbum solo de Pedro Pastoriz, sócio de carteirinha do Mustache & os Apaches, foi lançado em 2015 e teve sua fornada de composições inspiradas e expiradas durante uma visita, de Pedro, ao tio Sam, e manufaturado em uma única tarde, em um take, filho único, diretaço no bom e velho bolachão, no estúdio Vinyl Lab, em Sampa. Fato esse devidamente registrado pela NOIZE. O ruído tesão da agulha deslizando pelo vinil é muito foda.
Dito isso, Pastoriz lança hoje, dia 02 de março de 2016, seu primeiro rebento videoclíptico, fruto da transa do som da quarta faixa, “Bom Fim”, e das imagens capturadas de Pedro, a pé, pela Av. Osvaldo Aranha no bairro Bom Fim, para em seguida adentrar em um táxi, transitando pelo já não tão famoso, efervescente, cultural e saudavelmente boêmio bairro porto-alegrense. Onde notívagos encontravam um porto seguro para chamar de seu e local onde Pedro cresceu e se desenvolveu.
“Sol bate nos letreiros que indicam um auge já antigo, me sinto em outra encarnação quando lembro o que poderia ter sido.”, anuncia Pedro Pastoriz. O clipe é um relato pessoal das vivências e experiências do músico pelo Bonfa! No vídeo podemos ver Pedro sua viola e sua gaita, companheiros de labuta, como um menestrel da cidade baixa de Poa, cantando o lamento da decadência de uma época que se findou. Um transeunte e sua bagagem de memórias afetivas, um relato de um tempo outro, passado e saudoso, que estar ali fazia sentido absoluto que colapsa com a contemporaneidade de pura melancolia, onde o que foi não mais é. “Bom Fim é meu lugar nesse mundo, lugar que há 10 anos atrás estava sempre cheio, a noite era extremamente fértil, pessoas se encontravam, barulho, muitas bandas, escritores, jornalistas e artistas”, diz Pedro. Olhar para trás não é uma opção puramente racional e sim uma necessidade emocional de puro afeto! Segundo Pastoriz nos últimos anos uma onda conservadora tomou de assalto o reduto da boêmia cool de Porto: “Muita violência também tem afastado as pessoas legais da boêmia. Mas enfim, há que se falar desse lugar!”, lamenta o cantor.
O trampo de produção e realização do audioretrato ficou a cargo dos parças, de longa data, da Doce Filmes de São Paulo, com direção de Elias Ficavontade e edição de Julia Linda. “Elias é meu amigo há muitos anos, já moramos juntos quando chegamos a São Paulo”, disse Pedro.
Pastoriz reflete sobre a realização do clipe: “Bom pontuar, essa coisa de brincar com espontâneo, se divertindo pouco tem a ver com ready made – conceito criado pelo pintor Marcel Duchamp de transformar elementos cotidianos em arte – muito a ver com produzir como dá.” Sendo assim, “Bom Fim” foi feito no melhor estilo colaborativo de ação entre amigos, repleto de diversão e companheirismo.
Sem mais, confere aí a fórmula da simplicidade de fino trato do produto final que ficou da hora!
Aproveite pra assistir à entrevista que fizemos com o Mustache & Os Apaches, em cima de uma árvore, lá em 2014: