Por dentro dos festivais: como foi a segunda edição do C6 Fest 

22/05/2024

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos: Divulgação

22/05/2024

A segunda edição do C6 Fest aconteceu no último final de semana, em São Paulo. O evento reuniu cerca de 30 atrações de diferentes estilos musicais, mesclando nomes consagrados – e aguardados – com apostas e artistas em ascensão no exterior. 

“Festival bom precisa facilitar o encontro entre vários tipos de público, vários estilos musicais, possibilitando novas descobertas e quebra de preconceitos”, explicou o co-curador Hermano Vianna em nota à imprensa. 

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Os shows foram distribuídos em quatro palcos no Parque Ibirapuera, incluindo o Auditório, sua área externa, o Pacubra, e uma tenda montada para abrigar parte da programação. Separamos 5 shows que se destacaram no festival: 

Black Pumas

No perfil do Spotify, Eric Burton — vocalista do Black Pumas — descreve o show deles como uma “igreja eletrificada”. De fato, quem esteve em sua apresentação no palco Arena Heineken pôde ver que era isso mesmo. Ainda que o Black Pumas seja uma dupla, formada por Burton e o guitarrista Adrian Quesada, o palco contava com uma banda completa, com destaque para as backing vocals, cujos arranjos de voz remetiam à escola do gospel. Enquanto isso, as percussões apontavam ao funk mais sensual, à la Curtis Mayfield. Longe de qualquer pregação, Burton e o grupo mostraram um show visceral, que sintetizava as raízes da música afro-estadunidense, do spiritual ao soul, sem nenhum saudosismo, apenas sublinhando o valor atemporal desses sons. Mais de uma vez, Burton desceu do palco e foi cantar no meio da plateia, que estava entregue, seja em hits como “Colors” ou em canções um pouco menos conhecidas, como “Hello” ou “Sugar Man”. Aliás, conhecer a banda não era pré-requisito pra curtir: a igreja elétrica do Black Pumas converteu todos os presentes em fiéis, tocando como se fosse fácil operar aquele milagre todo.

Raye

A revelação britânica levou seis troféus do Brit Awards deste ano, incluindo melhor álbum, com My 21st Century Blues (2023), e artista do ano. Em sua estreia no país, a cantora demonstrou versatilidade: “Prada”, seu hit pop eletrônico, que viralizou no TikTok, ganhou uma versão rock ao vivo. Ao longo da apresentação foi do hip hop ao jazz, e até brincou com ópera. Muito à vontade no palco da área externa do parque, cantou acompanhada da banda trajada de ternos brancos, algo como se o grupo estivesse pregando uma peça na tradição. A fluidez da sua voz abraça sonoridades distintas pois ela funcionará com qualquer ritmo, então ainda que alcance as notas mais altas ou tenha o scat singing perfeito, ela finca os dois pés no presente. As batidas “Black Mascara” a levam para a atmosfera noturna das boates, já o flow em “Escapism” a conecta à nova geração de rappers britânicos. 

Romy

A vocalista do the xx apresentou as músicas de Mid Air (2023), seu primeiro disco solo, inspirado na vida noturna londrina bebe da eurodance e do eletropop. No palco, ela se apresentou com Francine Perry no sintetizador e nas programações. Ao longo de uma hora, fez o público suar ao som de “The Sea”, “She’s On My Mind”, “Did I”, e outras surpresas, como um remix de “Into You”, da Ariana Grande, e “Angels”, do trio. Ainda que mantenha a timidez dos tempos de banda, a artista esbanjou carisma pois estava feliz em apresentar a sua “emotional dance music”, algo como chorando na pista de dança. Para encerrar o set, incluiu o sample original de “Enjoy Your Life”, retirado de “La Vita”, do disco Primal Prayer (2004), do compositor canadense Beverly-Glenn Copeland. Em seguida cantou “Lights Out”, parceria com os produtores e DJs fred again.. e HAAi, track empolgante e absoluta na pista de dança, e fechou com “Strong”, faixa lançada como single em 2022. 

Cat Power

Indo do doce folk acústico ao blues elétrico crocante, Cat Power e sua banda entregaram uma apresentação sofisticada, levando ao palco sua homenagem a Bob Dylan, registrada no disco Cat Power Sings Dylan: The 1966 Royal Albert Hall Concert (2023).  O show começou com um set acústico, incluindo sucessos como “It’s All Over Now, Baby Blue” “Mr Tambourine Man”, e foi escalonando com a chegada de épicos como “Ballad Of a Thin Man” e “Like a Rolling Stone”, cantadas em coro por uma plateia majoritariamente acima dos 30 anos. Nem sempre era fácil cantar junto, pois a artista fazia como o próprio Dylan faz, deslocando a métrica original dos versos. Mas isso não atrapalhou em nada a conexão do público com o show, pelo contrário, fez as pessoas ficarem vidradas, acompanhando para onde as canções iam. E elas iam longe, embaladas por timbres e arranjos elegantíssimos. Talvez o único porém tenha sido a duração do show, que acabou em cerca de 50 minutos, deixando com vontade de mais.

Pavement

Ícones do indie rock noventista, o grupo americano parou as atividades na virada do milênio, mas desde então, realizou duas turnês de reunião. A primeira, em 2010, passou pelo extinto Planeta Terra, já a atual foi concebida após o convite do festival catalão Primavera Sound, em 2022, e a geração TikTok. O hit improvável “Harness Your Hopes” viralizou na rede social e se tornou a música mais escutada do grupo nas plataformas de streaming. O clima no domingo era de pura descontração, tanto o vocalista e guitarrista Stephen Malkmus, quanto o restante da banda estavam em casa. O grupo dedicou “Cut Your Hair” a Porto Alegre,  “Grounded” à produtora cultural mineira Fernanda Azevedo, falecida no último final de semana, e costurou cerca de 20 músicas ao longo de uma hora.  

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22/05/2024

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