Primavera Sound 2016 | A volta do LCD Soundsystem

03/06/2016

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Rafael Rocha

Por: Rafael Rocha

Fotos: Ariel Martini

03/06/2016

A tarde estava acabando quando me aproximei do Parc Del Forum, região metropolitana de Barcelona, para mais um dia de Primavera Sound. Na rua, em meio a ambulantes indianos vendendo cerveja a um Euro, caminhavam em bando jovens do mundo inteiro, fãs de música, sorridentes. Sabiam que mais um dia de grandes atrações os aguardavam. Enquanto eu esperava por amigos, tomando uma cerveja de procedência duvidosa, mas que havia custado “solo 1 euro”, tentava decifrar a variedade de línguas que escutava: inglês, espanhol, catalão, português e outras que realmente eu não sabia de onde vinham. Um dos pontos mais interessantes de festivais na Europa é justamente essa conexão com pessoas de todas as partes, da sala de imprensa aos shows, são muitas vivências diferentes em um só lugar.

Entrando no Parc, após atravessar o famoso letreiro móvel escrito “Primavera Sound”, fui reto conferir todos os palcos para me localizar dentro daquela estrutura gigante. Apesar da distância entre as atrações, o acesso entre elas era fácil. No caminho, passei pelo palco Primavera Night Pro, onde naquele momento se apresentavam os brasileiros d’O Terno. Em um show sólido, muito bem tocado, com direito a cover de “Trem Azul” do Clube da Esquina e pedido de “Anna Julia” por parte de um fã da platéia (wtf?), conseguiram conectar com o público e cativar um número bom de pessoas que passavam por ali. Fizeram bonito.

*

Logo após o show, me desloquei para o Anfiteatro Rockdelux, que se localizado em um prédio muito bonito, todo revestido de pedras pretas, e iria trazer um dos shows mais aguardados por esse que vos escreve: o jazz cheio de alma de Kamasi Washington. Em um auditório lotado, com um som impecável, Kamasi e seu grupo levaram o público ao êxtase e confirmaram por que são considerados um dos nomes mais importantes do jazz dos últimos tempos. Com um repertório baseado no seu disco triplo “The Epic”, Kamasi mais seis músicos, incluindo duas baterias em perfeita harmonia e a belíssima voz de Patrice Quinn, deixou o público boquiaberto com uma mistura de jazz, funk, afro e soul. Destaque para o final do show com a música “Malcolm´s Theme”, com direito a sample de discurso de Malcolm X ovacionado pelo público presente.

Após o show fui correndo para um dos palcos principais tentar pegar o final da apresentação dos franceses do Air. Cheguei a tempo de ver o duo executando o hit “La Femme d’Argent” e agradecer aos presentes no Parc. Foi bom enquanto durou. Depois, era tempo de conferir o grupo de post-rock, Explosions In Sky. Com uma bela iluminação, com direito a ondas radiofônicas em 3D na beirada do palco, os americanos tocaram um set list denso e leve ao mesmo tempo, com destaque para a última música do show, “The Only Moment We Were Alone”, pedrada de 2003, do disco The Earth Is Not a Cold Dead Place.

Saindo de lá, corri para pegar o show do Floating Points em verão live. Projeto do músico e neurocientista (!!) Sam Shepherd, o FP geralmente se apresenta em sua versão solo, fazendo dj set e comandando as pickups. Porém, no Primavera Sound, ele veio com banda completa, guitarra, baixo, bateria e synths. O grupo fez o publico pirar com a sua mistura de jazz, batidas quebradas e, é claro, música eletrônica. Ao final do show, Sam ainda presenteou a plateia com uma música inédita.

Ainda sob uma sensação boa do beat em meus ouvidos, corri (mais uma vez) para pegar o começo do show do Tame Impala, em um dos palcos principais do festival. Com um show parecido com o que vi no Lollapalooza Brasil desse ano, os australianos comandados por Kevin Parker fizeram um set excepcional, cheio de músicas conhecidas dos seus 3 discos, fazendo o público cantar junto em diversos momentos. Destaque para “Yes I´m Changing”, dedicada para os franceses do Air, a belíssima rapidinha “Nangs” tocada pela primeira vez ao vivo, o cover de Mark Ronson, que conta com a voz de Kevin, “Daffodils” e “It Feels Like We Only Go Backwards”, com direito a chuva de papel picado e catarse psicodélica coletiva. Nem mesmo a falha técnica no meio da canção “Eventually”, que fez com que o público ficasse sozinho cantando o refrão da música, fez o show perder o brilho. Após uma pausa de 15 minutos, e muito corre-corre dos roadies (vestidos de grandes jalecos brancos), o grupo retorna do ponto onde parou, no exato refrão, para que a galera cantasse junto mais uma vez.

Nem uma falha técnica no meio da música "Eventually" pode abater o show do Tame Impala aqui no #PrimaveraSound2016. Depois de 15 minutos de espera, a banda recomeçou o show do ponto onde parou: no meio do refrão da música, levando o público ao delírio. #NoizePrimaveraSound2016

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Depois do Tame Impala, chegava a hora mais esperada da noite, a volta para terras espanholas do Lcd SoundSystem. Volta em festivais grandes, no caso, pois alguns sortudos (inclusive eu) puderam conferir em um show fechado e exclusivo o grupo tocar na Sala Barts, espaço pequeno de espetáculos em Barcelona. Com um repertório cheio de hits, e bem baseado nos shows de despedida da banda há 5 anos atrás, James Murphy e seus amigos transformaram o Primavera Sound em uma grande pista de dança. Com um globo de discoteca gigante iluminando a todos, desfilaram grandes músicas como “Daft Punk is Playing in my House”, a bela “I Can Change”, “You Wanted a Hit” emendada em “Tribulations”, “Home”, entre outras. James citou que a banda tinha tocado no Primavera Sound pela última vez há 13 anos, quando o festival ainda era “very small”, o que com certeza ficou para trás. O Primavera Sound se transformou em um dos principais festivais da Europa e do mundo. Em uma noite especial, o vocalista estava solto no palco, com a simpatia e timidez de sempre ao apresentar a banda, encerra o concerto com o hit “All my Friends” deixando um sentimento de dever cumprido nos que ali estavam presentes. Isso é só o começo, ainda têm mais dois dias no Parc del Forum com diversas atrações por vir.

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03/06/2016

Rafael Rocha

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