Em 1998, o duo francês Air lançou o álbum de estreia Moon Safari. Com um eletrônico ambiente, sedutor e solar em down-tempo, diferente do house e do poperô-eurodance que circulavam na época, o disco virou sensação cult – com destaque para “Sexy Boy” e “All I Need”. Ao misturar influências que iam de Krafwerk a Beach Boys com uma pegada dream pop, o trabalho ganhou também a crítica da época.
No ano seguinte, a dupla conquistou um público maior com “Playground Love”, faixa que embalou cenas em tom pastel do filme Virgens Suicidas, de Sofia Coppola.
Formado por Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel, o Air logo virou referência em uma música eletrônica minimalista, mas com tempero suficiente para circular na MTV.
“Nós não imaginávamos esse sucesso”, conta Dunckel, durante coletiva com jornalistas brasileiros neste mês. “Não ambicionamos o mainstream, mas, sim, produzir um álbum com qualidade artística”.
No ambicionaram, mas o sucesso veio. Desde então, lançaram álbuns com boa recepção, como 10,000 Hz Legend (2001) e Talkie Walkie (2004). Também seguiram no flerte com o cinema: continuaram colaborando com Sofia Coppola (como na trilha de Maria Antonieta) e, em 2012, lançaram o disco Le voyage dans la lune, inspirado no filme de mesmo nome de Georges Méliès.
O processo criativo do Air envolve muita lapidação sonora, o que nem sempre se reflete nos lançamentos mais hypados do momento, ao contrário do que foi com o primeiro disco. Mas isso não preocupa os integrantes. “Estamos buscando uma espécie de novo espírito para nossas músicas, uma nova maneira de compor os instrumentos. Não nos importávamos muito em fazer músicas, mas em fazer a música certa”, revela Nicolas Godin.
De volta ao passado
25 anos após o debut, o Air aproveitou a efeméride para revisitar a própria obra: além de terem se apresentado nos Jogos Olímpicos de Paris no ano passado, cantando “Playground Love” ao lado de Thomas Mars, do Phoenix, deram o pontapé na tour do Moon Safari, tocando o álbum de estreia na íntegra.
É esse celebrado show que chega por aqui no dia 24 de maio, em São Paulo, durante o C6 Fest. O festival ainda apresenta Nile Rodgers e Chic, Gossip, Pretenders, Wilco e Perfume Genius, entre outras atrações entre os dias 22 a 25 de maio. Os ingressos estão disponíveis no site oficial do evento.
Veja o line up completo do C6 Fest
Eles garantem que os fãs podem esperar por um Moon Safari fiel à versão de estúdio. “É ótimo chegar a esse estágio, de poder tocar um disco de 1998 aceitando-o do jeito que ele é. Não queremos ajustá-lo ao jeito que somos e tocamos hoje, porque se tornou um álbum cult”, conta.
Ao contrário de músicos que temem virar um tributo de si mesmos, o Air reconhece que fizeram um bom trabalho no passado. “Ouvindo o Moon Safari, acho que ele continua atual, fresco. Sabe, tínhamos medo de fazer uma música que envelhecesse mal”, conta Dunckel.
Já para Nicolas Godin, o melhor é poder tocar o Moon Safari com a tecnologia e a maturidade musical que angariaram nas últimas décadas. “É como pegar um ônibus espacial, uma máquina do tempo. E, de repente, acordamos em 1998. É como voltar para o futuro, sabe?”, conta. “Autografamos discos do ‘Moon Safari’ para os fãs, usamos os mesmos instrumentos… Vem sendo uma experiência maravilhosa”, comenta. O público brasileiro não vê a hora de embarcar nesta viagem no tempo.