Três horas de excelência com Pearl Jam

12/11/2015

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Por: Ingrid Flores

Fotos: Fabricio Barreto / Divulgação T4F

12/11/2015

Não tem Pearl Jam nas minhas playlists de favoritas e eu não passei os anos 90 ouvindo Ten até gastar (ou arranhar) o CD. Me deu até um medinho de escrever sobre o show deles de ontem à noite, porque achei que a emoção de um fã poderia fazer falta na hora de identificar os pontos fortes da banda – e confesso que não estava exatamente animada com a ideia de passar três horas assistindo à banda. T-o-l-i-n-h-a.

Depois do laço que eles deram naquele palco, eu não decidi ouvir Ten até cansar, mas posso afirmar com segurança: nunca mais perco um show dessa turma de Seattle. Que pedrada, Brasil.

*

Foram tantos elementos perfeitamente sintonizados que fica até difícil convencer quem não estava lá da impecabilidade do show – lorota dessa jornalista deslumbrada, de certo. SÓ QUE NÃO.

Vamos começar com a banda de abertura: a Wannabe Jalva mandou bem iniciando a noite (que ainda era dia) com seu indie-suave-vibes-e-tal, exatamente como no show do PJ de 2011 – que, por sinal, também rolou no dia 11/11. A tatuagem de Rafael Rocha, um dos Jalvas, com a data desse primeiro show, deve ter ficado mais pigmentada depois da segunda dose de parceria com a banda do Eddie Vedder, né?!

11.11.11 + 11.11.15

Uma foto publicada por Wannabe Jalva (@wannabejalva) em

Ainda sobre a data: 11 de novembro, além de dia oficial de ver Pearl Jam em Porto Alegre (risos), é também aniversário da belíssima esposa de Wedder, Jill McCormick. E o bonitão romântico não perdeu a oportunidade de homenagear a primeira dama. No meio do show, pediu pra plateia de 32 mil pessoas cantar “Parabéns Pra Você” com ele, seguido de repetidos “Jill Jill Jill Jill”. Fez um agrado pro seu par e provou que ensaiou direitinho o português. Quebrou tudo, Eddie.

O repertório do Pearl Jam é (mais) uma das características incríveis do grupo. Sempre gigantesco, sempre surpreendente: uma aula de técnica, fôlego e rock and roll. Convenhamos: só o fato de uma banda com uma discografia tão imensa se dispor a criar um setlist exclusivo por show já merece aplausos.

Foram três blocos diferentes, incluindo clássicos (“Release”, “Animal” e “Even Flow” rolaram já na primeira parte) e faixas mais recentes (do disco de 2013, Lightning Bolt, teve sucessos como “Pendulum”, “Sirens”, “Let the Records Play”). Os covers, com os quais o quinteto geralmente arrebata o público, foram uma lou-cu-ra. Rolou “Interstellar Overdrive” e “Comfortably Numb”, do Pink Floyd, e até “Fuckin’ Up”, do aniversariante de hoje, Neil Young.

O encerramento, com direito a luzes fortíssimas que faziam parecer que tinha amanhecido no estádio do Grêmio, teve clássicos também. “Black” e “Alive” mostraram que a energia naquele lugar não havia enfraquecido ao longo da noite – nem na plateia, nem no palco. Três horas passaram voando e todo mundo tava se sentindo mais vivo do que nunca.

Tentei não escolher, mas não pude evitar: elegi um momento favorito da noite. Bem no meio do show, na metade do segundo bloco, vivi instantes sublimes. Foi a combinação deliciosa da música com as luzes que invadiram a pista e refletiram a chuvinha leve que resolveu cair naquela hora. “Jeremy”, de acordo com a fã do Pearl Jam pra quem eu perguntei (podem rir, eu não sabia mesmo qual era), era o nome da faixa. Não sei o que foi aquilo, mas a graça da atmosfera criada ali me invadiu. Tomara que tenha sido assim pra todo mundo.

Não tenho como deixar de falar da produção impecável do show. Me digam: o que eram aqueles telões maravilhosos? As imagens contornavam todo o palco, com closes impecáveis nos músicos e também na plateia. A reprodução começou em preto e branco e com movimentos de câmera mais lentos, que se agitaram e ganharam cores conforme o show crescia. Cada vez que eu olhava para aquelas telas, me sentia assistindo a um DVD perfeitamente produzido, dirigido e editado, mas era tudo ao vivo. Nessas horas a gente lembra daquela frase clássica do Faustão, né.

Depois de ter assistido a esse show, desconfio que os cincos músicos do Pearl Jam deveriam ser estudados. Já rolam cabelos brancos, óculos na pontinha do nariz e marcas de expressão, mas a energia e a força de cada deles supera artistas no ápice da juventude. Não sei como a voz grave do Eddie Vedder não enfraqueceu nem um segundo, nem como os braços do Matt Cameron não caíram com a violência que foi a performance dele na bateria. Saí de lá apaixonada pelo baixo marcante do Jeff Ament – e nem preciso dizer que Stone Gossard e Mike McCready estão entre os melhores guitarristas que eu vi ao vivo.

Em meio às (muitas) frases que Vedder leu em português (sempre uma atitude encantadora vinda de artistas gringos), ele deixou bem claro que eles mesmos estavam encantados com aquela noite. E que super podem voltar pra cá, caso a gente queira.

Nossa resposta? Até o próximo 11 de novembro, Pearl Jam.

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12/11/2015

Jornalista por formação, questionadora e overthinker por não conseguir evitar.
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Ingrid Flores