Entrevista | Selvagem na buena onda do Mimpi Film Festival

19/11/2015

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Por: Giovani Barbieri

Fotos: Ádamo Ovalhe

19/11/2015

A dupla de DJs e produtores paulistana Selvagem veio experimentar a buena onda do Mimpi Film Festival no útlimo dia 14, na Ilha das Flores, em Porto Alegre. O Mimpi, que já está na sua 4ª edição, é um festival de filmes de surfe e skate que nasceu em Porto Alegre e foi até o Rio de Janeiro, onde acontece a premiação da mostra. Nesses anos de aventura, foram mais de 20 filmes premiados em diferentes categorias, que representaram o melhor da produção audiovisual de diversos países, sendo um dos mais importantes encontros cinematográficos especializados da América Latina.

Ao lado dos DJs da tradicional festa Disc-o-Nexo e dos novatos LZR vs LZR, Millos Kaiser e Trepanado garantiram a energia do festival que reúne música e cinema até o final da madrugada. Antes de tudo começar, trocaram uma ideia com a gente, sobre festas de rua, música e baladas européias.

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Vocês definem o som de vocês como Discoteca Brasileira ou Balneárico (referência ao gênero Balearic). De onde veio essa definição?
A gente pesquisa muita música brasileira. Gostamos de ir atrás desses sons e de elementos que tenham uma estética balneárica, que é mais ou menos de Ibiza, dos anos 80 e mistura pop europeu, rock, música progressiva e new age com música eletrônica, enfim. Começamos a buscar esse som dentro da estética brasileira e daí tem coisa desde os anos 70 até o meio dos anos 80 que se encaixam nessa estética.

Vocês voltaram agora na metade do ano de uma turnê pela Europa. Como era a receptividade do público Europeu com a estética brasileira do som de vocês?
Na França, especialmente, tem uma aceitação bem grande pra música brasileira. Lá é um lugar que cabe misturar. É um tempero diferente que a gente leva que ninguém mais tem, então a gente tem que investir nisso. Mas a gente acaba precisando misturar esse som com outros que fazem mais sentido pra eles, para que não fique tão fora da curva, se não a gente acaba caindo para um lado exótico que a gente não gosta muito. Agora no final do ano vamos voltar pra França e Suíça.

Vocês acham que os movimentos de ocupações de rua têm perdido a força?
Não sei se perderam a força, mas estão menos frequentes. Não sei acabou a energia, mas o principal problema é que muitas vezes não dá pra pagar a conta. Você tem o custo de botar som, às vezes banheiro químico, segurança… E tudo isso tem um custo. Muitas festas fazem o seu próprio bar, mas você tem a concorrência dos ambulantes que fazem parte do jogo, afinal, você está ali na rua. E hoje a prefeitura cobra algumas contrapartidas da festa pra que ela aconteça sem problemas de fiscalização. Ao mesmo tempo ela não colabora, então você tem que cuidar do gramado da praça, cuidar da limpeza, etc. E assim tem todo o ônus de fazer esses eventos, que são uma cobrança grande, uma responsabilidade grande. É um aglomerado de gente e você sempre torce pra que dê tudo certo. Mas o clima é sempre muito liberal. Quando as pessoas vão para uma festa de rua elas vão sempre menos armadas de atitude, postura crítica e vão mais para curtir então é um astral que a gente sempre gostou. Mas esse ano realmente deu uma enfraquecida nesses eventos, pois boa parte dos grupos que faziam essas festas lá começaram a enfrentar esse tipo de dificuldade.

Qual é a diferença do rolê da Selvagem quando ele é produzido no Rio e em SP?
A festa do Rio é com a Comuna. A Comuna faz a produção e a gente aluga uma casa no centro da cidade que é sempre lá e é demais porque é uma versão noturna da Selvagem. Em SP começa de tarde e no Rio é sempre à noite; também sempre foi paga enquanto em SP é de graça. Hoje a Selvagem no Rio tem uma identidade própria, é um som diferente e tem uma comunidade própria, de pessoas que vão sempre.

Quais são os planos de vocês para o futuro? Tanto como produtores musicais quanto produção de festas e discotecagem?
A gente quer manter essas três residências que a gente tem hoje: a festa de dia em SP, a festa de noite em SP e a festa de noite do Rio que já ocupam quase que o mês inteiro. Acabamos privilegiando as nossas festas, já que esse é o nosso trabalho regular onde a gente busca sempre apresentar variedade e um novo repertório. Mas lançar música também é crucial, pensando especialmente para fora do Brasil, já que aqui dentro o mercado é mais restrito. Ainda que os produtores brasileiros toquem as músicas uns dos outros, lançar lá fora é importante porque é o jeito de você ser exposto lá. Você pode ter três festas no Brasil, mas quando você vai pra fora você não consegue recriar a mesma atmosfera e promover músicas próprias é um jeito de você se fazer conhecido. Temos investido cada vez mais em produção própria em conjunto com o Carrot Green, um produtor do Rio. A ideia é termos um EP pronto para o começo do ano que vem, já que na Europa as pessoas trabalham com muito mais antecedência e planejamento do que no Brasil.

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19/11/2015

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Giovani Barbieri