O festival belo-horizontino Sonora, que exalta o trabalho de mulheres compositoras, inaugurou uma plataforma, em novembro, chamada Sonora Conecta. O objetivo, segundo as idealizadoras Isabella Bretz e Deh Muss, é mapear iniciativas do mercado musical que promovam a igualdade de gênero, de shows a cursos, oficinas e outros eventos, nos 22 países que compõe a região Ibero-América. A plataforma foi inaugurada junto à publicação da pesquisa Iniciativas de empoderamento feminino na música no mundo, em evento realizado em Belo Horizonte no dia 27 de novembro.
A pesquisa, que começou a ser realizada em 2023, traz dados importantes sobre a concentração de iniciativas inclusivas de gênero no sudeste — das 71 mapeadas no Brasil, 49 estão na região —, mas também evidencia o crescimento dessas iniciativas em nosso país, inclusive, daquelas que aliam profissionalização e auxílio na saúde mental ou em casos de violência contra a mulher.
“Felizmente, o protagonismo desse eixo sudestino está, pouco a pouco, se desfazendo e estamos vendo a aumentar visibilidade de projetos de outras regiões. Mas ainda é preciso muito trabalho e, principalmente, investimento, para que ações em outras regiões não apenas surjam, mas sejam sustentáveis e perdurem por muitos anos”, contextualiza Deh Muss, em entrevista à NOIZE.
A idealizadora da plataforma explica que essa é uma forma de facilitar e fomentar a formação de mulheres na música. “Sabemos que é preciso cobrir uma vasta gama de problemas para termos algum resultado real, e foi justamente o que encontramos. Há projetos de formação, festivais e mostras, pesquisas, selos, gravadoras, empresas, associações, coletivos… O grande objetivo dessas iniciativas é não serem mais necessárias um dia. Mas, infelizmente, ainda são cruciais para termos uma sociedade mais justa. Então, a parte boa é saber que estão surgindo mais e mais ações, em várias regiões e com abordagens variadas”, conta Deh.
Para ela, é preciso haver mais iniciativa pública para promover a igualdade de gênero na produção musical brasileira, de ponta a ponta, englobando todos os trabalhos dessa rede. “É preciso uma articulação entre artistas, agentes culturais, sociedade civil organizada, empresas e poder público, para que ações com esse objetivo sejam tratadas com a importância que elas têm”, explica.
“As empresas precisam ver benefícios nas iniciativas de empoderamento feminino para além do mês de março, o dinheiro precisa chegar nas mãos das mulheres. Além da realização, é preciso reverberar o que acontece: os projetos precisam ter a atenção dos jornalistas, ter espaço na mídia nacional, serem prestigiados por celebridades, terem atenção dos influenciadores. Assim a informação começa a circular mais, saindo do contexto local e ganhando força.”
Também é possível inscrever novas iniciativas na plataforma, que ficam registradas no mapeamento, para promover, de fato, uma conexão entre esses projetos. Conhece a plataforma e os projetos disponíveis em cada região em sonorafestival.com/sonoraconecta.
A iniciativa é uma parceria da Sonora com a Ibermúsicas e apoio da Prefeitura de Belo Horizonte, UBC e Sebrae.
LEIA MAIS