A 8ª Mostra Cantautores trouxe uma busca por artistas que sejam criadores e obtenham uma singularidade que se manifeste em múltiplos níveis e atraíram os olhares da curadoria para novos nomes que estão ocupando a cena, como foi o caso de Josyara e Bruno Berle. Porém, o 3º e último dia mostrou que essa pesquisa não se deu somente por esse caminho. Com shows de Letícia Fialho, Badi Assad e Mauricio Tizumba, o domingo (4) foi o ponto alto de todo o evento, com performances maduras, de artistas com longos panoramas musicais.
Realizado no Galpão Cine Horto, do Centro Cultural do Grupo Galpão, o primeiro show foi da brasiliense Letícia Fialho, que ocorreu por volta das 16h40. No repertório a cantora passeou por sua discografia que incluiu o disco Maravilha Marginal (2018), o mais recente EP Carta de Fogo (2021), e trouxe a faixa inédita “Outra Ladeira”. Durante a apresentação, Fialho proferiu diversas histórias e reflexões, além de ser acompanhada por grande parte do público na cantoria de suas composições.
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Adentro o palco descalça, Badi Assad foi acompanhada por uma guitarra, mas o grande destaque foi para a sua voz, que emitia sons diversos em um malabarismo vocal, fazendo com que se a plateia fechasse os olhos, pudesse imaginar que a artista estava acompanhada por uma banda. Num efeito inebriante, Assad atravessou décadas com faixas do álbum Chamaleon (1998), Verde (2004), Amor e Outras Manias Crônicas (2012) e Ilha (2022) em uma compilação bem amarrada, que não deixou de lado nem o seu trabalho infantil, conduzido pela faixa “Qualquer Coisa Por Você”, presente no disco Cantos de Casa (2014). A animação desta última faixa, trouxe grande participação do público, levando a plateia a momentos de surpresas e gargalhadas na interação.
Ao final da Mostra, Badi Assad realizou uma homenagem a Milton Nascimento, que recentemente encerrou a turnê “A Última Sessão de Música”, com a canção “Ponta de Areia”, de 1975. Se apontando mais atual e sem esquecer sua multipotencialidade, presente em toda sua carreira, Assad se destacou como uma das maiores compositores da Mostra.
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Completando 50 anos de carreira em 2022, Mauricio Tizumba subiu no palco usando gungas em seus pés, instrumento de percussão feito por latinhas cilíndricas vedadas, o que tornou a caminhada mais dificultosa, mas logo no primeiro momento, com toda a sua maestria, Tizumba se pôs a tocar a percussão. Durante a apresentação emocionante, o mineiro passou por faixas que acolheram o público, como “Maurice A Paris”, “Devagar com o Andor”, “Mãe de Todos os Homens”, “A Criação”, “Sá Rainha” e “Terra da Montanha” – essas últimas duas com alto teor crítico, valendo a escuta.
Levando a influência do congado mineiro em suas músicas e transportando ritmos afro-brasileiros, Tizumba também não deixa de lado sua crença: “Eu não consigo desvencilhar a minha crença do meu trabalho, então em qualquer lugar que eu for, eu vou cantar as coisas do Reinado e dos Orixás. As minhas composições, em sua maioria, giram em cima da fé que eu professo e assim vou seguindo mundo afora”, refletiu.
O artista foi o nome ideal para encerrar a 8ª edição da Mostra Cantautores, em Belo Horizonte. Sendo a personificação de um mineiro que sempre tem uma história boa para contar, Tizumba, no auge dos seus 65 anos, carrega força, luz e a esperança em um Brasil melhor.
Vida longa à Mostra Cantautores.
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