Yago Oproprio comenta faixa a faixa seu álbum de estreia, “Oproprio”

02/07/2024

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos: Ênio Cesar/ Divulgação

02/07/2024

Paulistano da zona leste, Yago Oproprio chamou atenção e emergiu nacionalmente com o single “Imprevisto”, em 2022. Agora, o rapper lança seu álbum de estreia, Oproprio, consolidando seu lugar no rap brasileiro. Com um flow melódico e rimas que refletem questões do cotidiano da juventude com ironia e descontração, Yago traz em sua bagagem musical influências do boom bap, da MPB e da música latina, que aparecem em diversos momentos da obra.


O álbum vem acompanhado de um videoclipe para as três primeiras faixas, funcionando como filme curta-metragem. Com a música, o artista traz um universo narrativo e visual que compõe o conceito de Oproprio. Abaixo, confira o faixa a faixa exclusivo que fizemos com Yago Oproprio falando sobre cada uma de suas novas composições lançadas:

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1. La Noche: “É a primeira faixa do disco, onde eu me auto afirmo. O mistério dessas coisas do meu mundo. O álbum tem meu nome. Eu sou a mosca da sopa de Raul Seixas. Pela primeira vez eu puxo isso. É uma faixa que aborda os temas, as dores, coisas dos jovens. Essa insalubridade de ter que estar no rolê e do outro dia ter que trabalhar. Como lidar com essas consequências? Junto com a poética e estética dessa ótica cotidiana, que todo mundo vive e todo mundo vê. Por isso que tanta gente tá se identificando”.

2. Inofensiva: “É basicamente a continuação de ‘La Noche’, só que agora já no trabalho. O jovem que passou do ponto no rolê e agora tem que lidar com as consequências de ter que trabalhar virado, de todo esse embate, todas as pautas que giram em torno disso. Em ‘La Noche’ eu já dou uma anunciada nessa obrigação, que é “daqui a duas horas eu bato ponto no serviço”. E aí em ‘Inofensiva’ vem a continuação acompanhada de uma culpa cristã por ter feito o que foi feito na noite passada. Uma culpa nesse lugar entre o trabalho e a diversão”.

3. Catedrais: “Uma reflexão sobre a culpa cristã, que está na faixa anterior e também mistura esse ceticismo e sincretismo, onde falo de Jesus e Satanás, mas trago os Orixás ali, referenciando o canto de Ossanha. É uma reflexão sobre a culpa cristã e talvez uma outra maneira de enxergar o mundo e se culpar”.

4. Fora do Tom: “A faixa traz o amor como perspectiva de mudança. Dentro de uma fossa que se apresenta desde o início do disco, de problemas com vícios, com drogas, com rolês, com a loucura, pela primeira vez o amor vem como objeto de salvação, onde o eu lírico se respalda em alguém na perspectiva de melhora. Por cima do muro você estendeu a mão, nega sabe como é bom. É a primeira faixa que vai para esse lado”.

5. Melhor que Ontem: “Uma música de ressignificação da dor, que eu fiz pensando em atingir um estado melancólico através do instrumental, um estado depressivo, e através da letra trazer uma perspectiva de mudança, uma possibilidade de melhoria, um sopro de positividade”.

6. Enigma: “Eu olho pro amor de uma maneira incógnita, em um lugar que nem eu mesmo sei quem sou e quiçá o outro. Isso traz uma problemática imensa, porque se a gente ama sem saber quem a gente é, a chance de dar errado é muito alta. Então, ‘Enigma’ tem essa camada de reflexão sobre o que é esse amor, se ele é saudável, se vai dar certo”.

7. Modus Operandi: “Foi a última faixa que eu fiz do álbum e ela aborda uma dualidade presente no amor sobre querer estar perto e não poder estar perto. Essa dor de não ter mais o que fazer. Ela também propositalmente não tem refrão, os versos e a ponte se repetem na intenção de trazer essa ambiência, esse lugar quase tóxico que essa faixa representa. É uma música de amor, mas também tem os seus questionamentos’.

8. Papoulas: “Aqui a gente finaliza a trilogia love song do álbum, que começa em ‘Enigma’, passa por ‘Modus Operandi’ e finaliza em ‘Papoulas’, onde tem esse amor bem visceral, no começo até agressivo, em defesa da amada. Depois, essa analogia de um amor tão forte que remete ao ópio, que causa dependência, visceralidade. A poética dessa música trafega entre esses dois ambientes e traz alguns questionamentos”.

9. Jejum: “É a minha faixa favorita do álbum, basicamente questionando os tempos da internet, a fragmentação política, o excesso de opiniões sobre determinados assuntos e o que isso gerou, como isso nos distanciou. Tentando propor algum ponto em comum pra quem pensa parecido. Todo mundo se revolta com a fome, também não queremos que a natureza acabe. Então, ‘Jejum’ veio para para tocar nesse ponto tão delicado”.

10. Linha Azul: “A letra mais antiga do álbum. Escrevi em 2019 e carrega toda essa comicidade, esse estilo de escrever jovem que eu tinha no começo das minhas aventuras de composição. É muito diferente dos dias de hoje, então carrega uma inocência aí na escrita que eu não tenho mais. É uma cantiga, quase uma música infantil, uma ciranda, mas carrega essa subversão de pular catraca. Tá nas minhas faixas favoritas também e só entrou no álbum por insistência do meu pai”.


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02/07/2024

Revista NOIZE

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