Foi das mãos de Juarez Fonseca, durante a visita ao jornalista, que o Arqueólogo recebeu uma relíquia: o livro Auditório Araújo Vianna 30 anos, escrito por Elisabete Tomasi e Simone Graciela Derosso em comemoração às suas três décadas. A publicação é uma verdadeira viagem pela história do auditório e começa contando o que, acredite, muitos não sabem: quem foi Araújo Vianna. Clique aqui para ver a capa do livro.
Primeiro compositor gaúcho a ultrapassar as fronteiras do estado e ficar conhecido nacionalmente, José de Araujo Vianna teve sua formação musical em piano e chegou a morar em Milão, para se aprofundar em harmonia e composição. Foi um dos grandes nomes da produção lírica do Rio Grande do Sul e morreu aos 45 anos, em decorrência de uma doença desconhecida, seguida de paratifo. Para ver uma foto de Araújo Vianna, clique aqui.
Seguindo pelo caminho do livro, chegamos às primeiras memórias do auditório, quando ainda era uma concha na rua Duque de Caxias, junto à Praça da Matriz, repleta de bancos de pedra. A construção de 1927 comportava 1.200 pessoas em um clima intimista em uma região importante, o centro da capital gaúcha. Mas a ânsia pelo progresso associado ao novo pairou sobre o Brasil e, numa época em que não havia a cultura de preservação de prédios históricos, determinou-se que aquele local seria o ideal para construir a Assembleia Legislativa. Sendo assim, o Araújo Vianna foi removido de seu endereço. Aqui, você confere uma foto do antigo auditório.
O Parque da Redenção foi eleito para abrigar o novo Araújo Vianna por ser um lugar já conhecido e frequentado pela sociedade. Em quatro anos, as obras foram finalizadas e, em 12 de março de 1964, era inaugurado o auditório tal como conhecemos hoje. Ou, ao menos, no mesmo lugar. O novo espaço tinha capacidade para 4.500 pessoas, um poço de orquestra para 60 músicos, salas de administração e ensaios e uma concha com 22 metros de boca, 12 metros de profundidade e 8 metros de altura. Para ver imagens de sua inauguração, clique aqui. Já aqui, você confere uma foto que mostra perfeitamente como era o auditório em seu início e, aqui, você vê o local lotado, logo depois de sua inauguração.
A concha acústica a céu aberto era uma exigência feita no acordo entre o Estado e o Município, mas nesta nova sede, contava com muito mais recursos técnicos e uma qualidade acústica superior. O próprio Carlos Fayet, arquiteto responsável pela obra ao lado de Moacyr Moojen Marques, pode comprovar a performance acústica ao escutar um rádio a pilha do outro lado do ambiente.
Apenas um mês após sua inauguração, o auditório passou por um momento crítico. Os militares, que iniciavam o seu regime no Brasil, chegaram à conclusão de que o Araújo Vianna remetia aos símbolos da foice e do martelo, usados pelos comunistas. Portanto, julgaram melhor deixar o auditório de lado e deixá-lo subutilizado. A classe artística e as pessoas ligadas à cultura consideraram um afronte e uniram-se na Associação dos Amigos do Auditório Araújo Vianna, que se manifestava a favor de programações constantes. A resposta foi uma agenda composta, inicialmente, apenas por óperas e, a partir de 1965, foi ampliada para gincanas estudantis e domingos no parque, com músicas, jogos e brincadeiras. Confira, aqui, uma foto da Banda Municipal no palco do auditório.
A partir dos anos 70, a música popular brasileira efervesceu pelo Brasil e, claro, teve lugar no Araújo Vianna. Roberto Carlos, Os Mutantes, Maria Bethânia, Elis Regina, Jair Rodrigues e Caetano Veloso, logo após voltar do exílio, foram alguns dos que se apresentaram – e lotaram – o auditório.