Balaclava Fest reúne novidades e clássicos da música alternativa em SP

12/11/2024

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos: Rena Remédios, Camila Cara, Mayara Giacomini

12/11/2024

Na tarde do último domingo, (10/11), o Tokio Marine Hall recebeu pela terceira vez o Balaclava Fest, um dos festivais mais aguardados da reta final do ano. O evento já é tradicional por trazer grandes nomes da música indie e alternativa — Slowdive e Mac Demarco já foram headliners, por exemplo —, para além de apresentar as bandas do selo para um público disposto a ouvir novos sons.

Nesta décima quarta edição, as atrações ficaram por conta do Paira, Raça, Ana Frango Elétrico, Nabihah Iqbal, Water From Your Eyes, BADBADNOTGOOD e Dinosaur Jr.

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O Balaclava Fest já vem investindo em dois palcos, como aconteceu novamente neste ano. Só que, dessa vez, os shows não foram majoritariamente simultâneos, possibilitando que cada banda tivesse oportunidade de tocar para um público maior.

As pratas da casa, os mineiros do Paira e os paulistas do Raça, abriram os shows na tarde de domingo no Palco Hall. Já o Palco Balaclava, o maior do festival, contou com Ana Frango Elétrico abrindo os trabalhos e encerramento do Dinosaur Jr., banda que ajudou a pavimentar o grunge e o indie rock dos anos 1990.

A estrutura do Tokio Marine ajudou no fluxo do público entre um palco e outro, dando foco à experiência musical, afinal, a grande protagonista do evento.

Nossa equipe esteve por lá e te conta como foram os shows. Veja abaixo:

Paira

O Paira, banda que mistura h-pop com drum’n’bass, tocou para um público que começava a chegar no Palco Hall e, atentamente, acompanhava cada movimento de André Pádua e Clara Borges. Para o show, o duo adotou o formato em quarteto, acertado: a bateria deu o peso necessário para as versões ao vivo de singles como “O Rio” — ponto alto do show. O duo também apresentou músicas novas e do EP01, lançado pela Balaclava. A primeira apresentação do Paira em um festival foi coroada com guitarras altas e beats previamente gravados.

Com pouquíssimo tempo de estrada — a banda teve seu primeiro lançamento neste ano — o Paira mostrou desenvoltura e carisma no palco. “É surreal, lançamos tem pouco tempo e estamos aqui, abrindo para a porra do Dinossaur Jr.!”, disse André, já ao fim do show.

Raça

Festa indiecore em grande estilo: o quinteto trouxe convidados especiais para a apresentação que celebra a estreia do 27, quarto disco da banda, lançado no final de agosto. As conexões geográficas e temporais trouxeram os vocais de Carlos Dias e Marina Nemésio, a percussão de João Menezes, e o som do saxofone punk do Gal Go, integrante da banda do King Krule, referência máxima do grupo paulistano. Em clima de final de Copa do Mundo, os rapazes estavam à vontade.

A primeira metade foi dedicada aos primeiros discos, incluindo os hits do baixista Novato – “Dez” e “Nem Sempre Fui Assim”, e o restante ao novo repertório.

Ana Frango Elétrico

A artista carioca entregou um show cheio de energia e groove, interpretando canções de seus álbuns Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua (2023) e Little Electric Chicken Heart (2019). Um dos pontos altos da apresentação é o já famoso medley das músicas “Não tem nada não”, de Marcos Valle, e “Gypsy Woman (La Da Dee)”, de Crystal Waters. Sobre o palco, Ana Frango entrega uma performance arrebatadora, enquanto canta com qualidade semelhante a de estúdio, e ainda tocando teclado em alguns momentos pontuais.

Entre as canções do repertório autoral, destaque para “Camelo Azul”, “Insista em Mim”, “Electric Fish” e “Tem Certeza?”.

Nabihah Iqbal

Depois de 17 meses em turnê, a artista londrina-paquistanesa encerrou o ciclo do disco Dreamer (2023) em São Paulo. Acompanhada da baixista Shoko Yoshida, Nabihah apresentou o seu som etéreo e espacial, que incluiu um cover de “A Forest”, do The Cure. Durante o set, ela declarou que faz músicas que “nos deixam felizes e tristes ao mesmo tempo”.

Abraçando a dualidade da vida através do som, há um quê melancólico em seu trabalho, ainda que seja pintado com as cores neons das referências do pop oitentista, tudo isso amarrado pelo pedal de reverb e do vocal suave.

BadBadNotGood

Os canadenses do BBNG mostram todo o seu virtuosismo técnico no palco Balaclava, com a pista completamente lotada de ouvintes. O grupo formado por Alexander Sowinski na bateria e samples, Leland Whitty no saxofone e guitarra, e Chester Hansen no baixo, ainda contou com Felix Fox-Pappas no teclado, Juan Carlos Medrano nas percussões e Kaelin Murphy no trompete. Com pouca ou nenhuma luz e projeções rodando na parte de trás do palco, a banda interpretou músicas como “Lavender”, do clássico IV (2016), “Sétima Regra”, do recente Mid Spiral (2024), e “The Chocolate Conquistadors”, uma parceria com MF DOOM, em homenagem ao saudoso rapper.

O público vibrou com o jazz contemporâneo do BadBad, que mistura elementos de gêneros como o hip hop, o rock e da música brasileira — para além da admiração por Arthur Verocai, na semana do festival, a banda lançou uma música com Tim Bernardes, “Poeira Cósmica”.

Dinosaur Jr.


Um público ansioso já aguardava o Dinossaur Jr. no palco principal antes mesmo que se encerrasse o enérgico show do Water From Your Eyes no Hall. Até que, pontualmente às 21h50, diante da muralha de Marshalls, subiram ao palco J Mascis na guitarra, Lou Barlow no baixo e Murph na batera, já ovacionados.

A banda não interagiu tanto com o público — salvo em momentos impagáveis, como quando Lou pede emprestado uma “chuquinha” de cabelo (que usou ao longo do show). Mas não fez diferença: o repertório, tocado na maior altura (como deve ser), falava por si. O trio abriu com “The Lung” e entregou outras do aclamado You’re Living All Over Me (1987), como a “In a Jar”, para além do famoso cover de “Just Like Heaven”, do The Cure, já na reta final do show. O momento de deleite coletivo veio com o “Feel The Pain”, do Without a Sound (1994). O show lavou a alma dos fãs e coorou o encerramento de mais uma edição do festival.

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