Coquetel Molotov | No capricho

Com um caprichado line-up, o Coquetel Molotov comemorou seus 10 anos misturando ingredientes que satisfazem a variados apetites musicais. Em dois dias, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Recife, abrigou 16 shows, divididos meio a meio entre o Red Bull Music Academy Stage e o Teatro.

Para os que curtem um som mais intimista, teve Rodrigo Amarante, que atraiu um grande público, curioso para ouvir ao vivo o novo álbum, “Cavalo”; Perfume Genius, alterego do norte-americano Mike Hadreas; e Opala, projeto de Maria Luiza Jobim (filha de Tom) e Lucas de Paiva que estreou há pouquíssimo tempo nos palcos.

De Portugal, veio o duo Memória de Peixe, que agradou quem curte um show mais enérgico, com músicas criadas em real time à base de bateria e guitarra, sem voz. Também teve o rock de Rafael Castro. O paulista levou sua banda para reproduzir as faixas que gravou sozinho, tocando todos os instrumentos, para o álbum “Lembra?”, e garantiu o público para a turnê de 15 dias que fará pelo Nordeste no próximo mês.

Para quem curte um bom swing brasileiro, o paulista Bixiga 70 mostrou o seu mix de samba com elementos trazidos de outras partes do mundo; enquanto Karol Conká viu seu rap funkeado fazer ferver Recife pela primeira vez. Já o Metá Metá chegou ao festival com a responsabilidade de satisfazer a expectativa de quem foi até lá só para vê-lo. Talvez nem a banda soubesse disso, mas deu certo.

O novo cenário musical de Pernambuco também passou pelo Coquetel Molotov. Juvenil Silva, o cara da Cena Beto e grande aposta do festival, mostrou ao vivo o resultado de seu primeiro disco, “Desapego”, lançado às custas da venda da maior parte de sua coleção de cerca de 2 mil LPs. Já Claudio N levou ao palco as faixas do recém-lançado “Ambiente Familiar”, em que faz um mix de ritmos, que vão do axé ao bolero.

DJs sets foram os responsáveis por abrir os dois dias do festival. No primeiro, Mauricio Fleury mostrou sua performance em vinil como produtor e DJ, projeto que mantém em paralelo ao Bixiga 70. No segundo, foi a vez do Grassmass, projeto de Rodrigo Coelho, forte nome da cena local, que apresenta um set criado em tempo real.

O rock ficou por conta do francês Team Ghost, projeto do ex-M83, Nicholas Fromageau, e do paulista Hurtmold. Enquanto o primeiro surpreendeu no Red Bull Music Academy Stage com seu tempero eletrônico, o segundo agradou os ouvidos dos que preferem uma boa sonoridade orgânica.

Dois fenômenos também passaram pelo festival. Cícero viajou do Rio ao Recife para ver uma fila gigante se formar na porta do lounge da Ray Ban, por fãs enlouquecidos em busca de uns segundos ao lado do cara. Por sua vez, Clarice Falcão teve o prazer de sentir o calor de sua terra natal no show da turnê de seu primeiro disco, “Monomania”. Foi a vela do bolo de aniversário do Coquetel Molotov, encerrando mais uma bem-sucedida edição do evento.

Fotos: Lidy Araujo

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*A NOIZE viajou ao Recife a convite do festival