* Entrevista por Ariel Fagundes
Conhecida por ser uma vila paradisíaca no Norte da Bahia, Arembepe recebeu visitas de grandes nomes entre o fim da década de 60 e o inicio dos anos 70, dentre eles a banda Novos Baianos, o cineasta Glauber Rocha, o poeta Wally Salomão, e os artistas Janis Joplin, Mick Jagger, Roman Polanski, Jack Nicholson. Por ser próxima de Salvador, o local foi um reduto da contracultura na América Latina, sendo um ponto cultural para o movimento hippie e um refúgio para artistas, como foi o caso de Gal Costa que viveu por alguns meses no vilarejo com José Simão e Pink Waine.
As histórias deste tempo estão reunidas no livro “Arembepe, aldeia do mundo“, escrito pelo trio de amigos Claudia Giudice, Luiz Afonso Costa e Sérgio Siqueira, divulgado pela Editora Máquina de Livros e com ilustrações do artista plástico John Chien Lee, feitas nos anos 70 quando ele morou na vila. Durante mais de cinco anos, os amigos recolheram histórias e conversaram com dezenas de figuras icônicas da aldeia, como Candido de Alencar, que criou a “Casa do Sol Nascente”, com seu inédito cinema solar onde reflexos de espelho levavam os espectadores a viagens psicodélicas.
A obra será lançada em São Paulo no dia 7/12, na Livraria da Travessa, unidade do Shopping Iguatemi de São Paulo, a partir das 19h. O livro está disponível em livrarias físicas e também pode ser adquirido on-line, no formato de E-Book.
Com a euforia das histórias, Giudice chegou até a propagar uma fake news que fora publicada no livro: “Na minha opinião a história mais divertida envolvendo artistas é com Mick Jagger. Animada em divulgar Arembepe depois de me apaixonar pelo lugar, comecei a divulgar que ele havia passado o verão em uma casa aqui. Existiam várias fotos. Existiam vários relatos para passagem dele pelo vilarejo. Todo mundo comentava. Parecia óbvio. Não consegui checar com ele, mas publiquei. A história foi crescendo, crescendo, saiu em vários jornais. Não consegui falar com o popstar mas com o autor das fotos, o fotógrafo norte americano Adger W. Cowans, ele disse: ‘Arembepe? Não nunca estivemos lá’. A minha versão não era verdade. A casa onde ele morou não ficava em Arembepe, mas no extremo norte de Salvador. Ele andou por aqui e, pior, foi ignorado pelos nativos e hippies de verdade. Morta de vergonha, peço perdão no livro e aqui, mais uma vez”, diz Claudia.
A importância do local para a cultura brasileira é imenso: “Várias canções foram escritas aqui ou sobre Arembepe. A mais bonita é ‘Revólver do meu Sonho’, escrita por Wally Salomão para Gal Costa cantar lindamente. O fluxo nunca parou porque importantes festivais de música aconteceram aqui nos anos 1970 e 1980, eram festivais organizados precariamente, nada parecido com os festivais Coala e Rock in Rio dos dias de hoje, porém reuniam muitos jovens e estrelas. Os jovens criavam e compunham na contracultura, entre o mar, o rio, a lagoa e as dunas”, finaliza.
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