Contagem regressiva para a primeira edição do festival Doce Maravilha: o evento acontecerá entre os dias 12 e 13 de agosto, na Marina da Glória, no Rio de Janeiro. Com a baía de Guanabara ao fundo, 30 artistas se apresentarão em dois palcos, além de uma pista de dança focada nos DJs. Os ingressos para o segundo dia estão esgotados, restam apenas o terceiro lote para o sábado. Um sideshow acontecerá no dia 11/8, em São Paulo, quando Adriana Calcanhotto e Rodrigo Amarante se apresentarão na Audio.
A programação foi costurada a muitas mãos, em uma encontro entre a nova e velha guarda da música nacional. O evento surgiu após conversas entre Luiz Oscar Niemeyer, da empresa Bonus Track – veterano dos mega shows, do Rock in Rio ao Rolling Stones em Copacabana –, e o jornalista Nelson Motta, que assina a curadoria do Doce Maravilha. A dupla se conhece de outros carnavais, inclusive, realizaram o festival Hollywood Rock entre as décadas de 1970 e 1990. Junto a eles, se somam Luiz Guilherme, filho de Luiz Oscar, e Rodrigo Tavares, da produtora Mango Lab.
“O meu grande mentor, André Midani, dizia que, nós que trabalhamos com música, precisamos desenvolver um segundo gosto. É o que faço: me abro a coisas novas e tento harmonizar com o meu gosto pessoal. Não estou fazendo um festival para mim, então esse segundo gosto olha para coisas que não estou tão acostumado, mas despertam emoção e verdade para outras pessoas”, reflete Nelson Motta em entrevista à NOIZE.
A proposta do evento é justamente celebrar a diversidade da música brasileira, ao mesmo tempo em que propõe formatos inéditos e apresentações especiais. Os encontros se destacam na programação: “Neste formato, usamos o que eu chamo de ‘harmonia por contraste’. Seria estranho ter Emicida e Maria Rita, ou Liniker e Péricles, mas eles se harmonizam pela diferença. Em outros casos, há a harmonia pela semelhança, como Anavitória e Samuel Rosa. Fora os encontros geracionais: Gilberto Gil e Baianasystem trazem a tradição da música baiana, assim como Margareth Menezes e Luedji Luna“.
Outra abordagem da curadoria são os shows dedicados a discos emblemáticos, como no caso de Marcelo D2 e seu A Procura da Batida Perfeita (2003) e Caetano Veloso tocando Transa (1972) com participação de Jards Macalé. Os artistas farão apresentações exclusivas para o evento com um repertório que não deve se repetir tão cedo. “É uma oportunidade incrível ver o Caetano recriar o Transa, um disco extraordinário. Do exílio, ele faz o disco mais profundamente brasileiro, destacando as suas raízes sentimentais e culturais. Ver o Caetano se dispor a ensaiar e apresentá-lo significa que vale muito a pena, é um presente para o público”, comenta o curador.
No caso do rapper carioca, o álbum representa um marco na história do hip hop por se aproximar do samba: “A origem do D2 é no samba, na Lapa, mas a sua formação também é do punk e do rock, e ele junta tudo isso ao procurar a batida perfeita. Tem samba, bossa nova, partido alto, tudo isso integrado com a eletrônica espetacular do rap”.
Para o experiente jornalista e articulador cultural, vivemos um momento de efervescência no país. Após um período de baixa, o setor tenta se estabilizar em meio aos desafios dos últimos anos. Segundo a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE), o mercado de eventos cresceu 42,3% no primeiro semestre deste ano.
“Não diria que vivemos um renascimento, mas um grande momento de vibração da música brasileira: shows lotados, festivais arrebatadores, turnês incríveis, a volta dos Titãs, a família Gil viajando o mundo, são coisas espetaculares. O festival é uma celebração disso, dessa doce maravilha que é este momento”, reflete Nelson Motta. A adesão do público ao formato e a proposta do festival mostra um futuro promissor, que pode incluir edições em São Paulo e em Belo Horizonte em 2024. Como o jornalista se mantém a par de todas as novidades? Para ele, as trocas continuam sendo a coisa mais importante: “Uma alegria conviver com essa turma! Me dá uma revitalizada, eu ‘vampirizo’ os jovens (risos)”.
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