Edu K

08/04/2010

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Por: Revista NOIZE

Fotos:

08/04/2010


Este na íntegra traz novas fotos e a entrevista inteira com Edu K. A matéria original está disponível na revista NOIZE #32

Você tá com um visual mais clean agora, né? E você parece bem vaidoso e muda a aparência com frequência. Isso tem algum motivo especial?

Na verdade têm vários motivos e o principal deles é que eu sou retardado. Minha cabeça não para quieta um segundo eu tô sempre tendo idéias, mesmo se eu quisesse tentar bloquear não ia ter como. Mas, realmente, tem um lance de deixar solto, de deixar rolar… Isso me dá um monte de problemas porque as pessoas esperam algo de você quando você faz qualquer coisa razoavelmente reconhecível e depois te cobram isso. Tipo, “porra, mas tu não era funkeiro, tu não tocava House?”. Talvez o fato de eu nunca ter feito um mega sucesso tenha me permitido ser assim até hoje. De certa maneira eu tenho que manter isso, se não manter tô fodido. O dia em que eu tiver algum compromisso sério eu vou ter que me matar.

*

Você sempre transita por vários gêneros musicais. Existe algum novo ou inusitado que você esteja curtindo no momento? Nas suas viagens, você procura descobrir novos sons ou fica mais no circuito de música eletrônica?

Inusitado não é… talvez seja pra mim, mas nem mesmo pra mim, que tô acostumado com tanta mudança. Agora eu tô totalmente alucinado por Deep House, por exemplo. Não é inusitado, mas, afinal, o que é inusitado hoje em dia? Esse é o grande problema, porque eu vivi numa época em que existiam coisas inusitadas e era divertido. Hoje em dia é divertido, mas não existem coisas inusitadas, então não é TÃO divertido. Na verdade eu ouço de tudo, mas ultimamente tenho saído mais em baladas rock porque conheci uma galera diferente. Antes eu ia mais em lugares eletrônicos, mas, na real, pra sair eu curto mais rock mesmo.

Se eu te perguntasse com qual deles tu te identifica mais, Baile Funk, House, New Rave, Electro, Punk tu saberia me dizer só um deles?

Bah, não. A única escolha que eu faço é a que eu tô no momento. Eu nunca fui nada. Eu sou uma pessoa que no fundo não tem personalidade. Às vezes eu me apavoro com isso e penso “porra, eu não sou nada”. Quem é tudo, acaba sendo nada.

Tu tá indo pra segunda turnê na Austrália agora. Já fez turnês na Europa, Reino Unido, Estados Unidos,  Canadá… tem algum lugar que tu te sinta mais em casa?

Um lugar que eu adoro é a Austrália. O pessoal é legal, a galera é festeira. Mas eu adoro Berlim também, que é quase uma segunda casa, a minha base na Europa é lá. Desde que eu comecei os tours, eu sempre vou pra lá. Então eu já conheço vários lugares, um monte de gente.Eu tenho muita imaginação, então eu imagino as coisas gigantes e quando eu chego perto é desse tamanhinho. Aí eu fico meio chocado, mas depois caio na realidade e vejo que a realidade também é legal. Eu imaginava Berlim uma coisa ultra, super, mega… fui pra lá pensando em Iggy, Bowie… Cheguei lá e vi que não existe mais essa Berlim, e quando eles foram para lá também não existia mais. Mas tudo bem, também tem aquele lado romântico de procurar lugares idealizados.

Depois da carreira internacional, tua relação com o Brasil, teu país de origem, mudou? Como?

Inacreditavelmente sim. Eu sempre caguei e andei pro Brasil, sempre pensava “que merda isso daqui ta me atrasando, não vou pra frente porque nasci nessa bosta desse país”. E agora eu vejo que gosto daqui. O Brasil é legal. É afudê. Tenho saudades. Eu sempre ouvia os caras dizerem “redescobri o Brasil depois da Europa” e pensava “Bah, que viagem, que bunda mole, vai se foder” e agora eu sou um bunda mole também.

Muitos artistas, de Bebel Gilberto a Carlinhos Brown, sentem que o Brasil não valoriza os produtos nacionais. Tu também te sente, às vezes, mais valorizado lá fora?

Eu acho que isso acontece, mas é uma questão cultural mesmo. Aqui no Brasil apesar de ter um monte de gente que curte som eletrônico, que sai e ouve, não tem uma cultura superforte desse tipo de coisa. Lá fora tem. E você é respeitado por isso. Quando eu fui pra lá achavam que eu era maluco, que eu era funkeiro, e depois eles viram “ah, o som dele é meio estranho”. Agora descobriram quem eu sou de verdade. No Brasil eu sou meio marginalizado tipo “ah, esse cara é um retardado, não faz nada direito, cada hora faz uma coisa diferente, não leva nada a sério” e é isso mesmo. Não levo mesmo. Se isso é um problema, então foda-se.

No início, o De Falla era mais rock’n roll. Como foi a transição pra uma coisa mais funkeira? Como vocês se aproximaram do gênero?

Na real nunca foi total rock nem nunca foi funk. Nunca foi nada. Até quando a gente fez a parada funk não era funk. Os funkeiros odiavam porque tinha guitarra, os rockeiros odiavam porque tinha funk. Então tava sempre no meio. Uma coisa que marcou essa época foi que eu produzi o disco da Comunidade Nin Jitsu, que me reconectou com funk, porque eu já ouvia disco do DJ Marlboro e tal. Curtia o Rio, achava bizarro, achava foda. Mas aí quando eu conheci o Fredi e a galera da Comunidade pirei no funk de novo. Foi aí que saiu Popozuda, a música que me levou pra fora do Brasil.

Você teve um papel fundamental na internacionalização do Funk Carioca. Você acha que hoje ele ainda vive um hype no exterior? Tá consolidado ou o papel dele de era meio de modismo mesmo?

Eu acho que teve o seu momento hype. Eu acho que o ponto alto do funk foi quando a M.I.A apareceu com a camiseta I love baile funk. Ali foi o auge, com o Diplo. A partir daí deu uma queda e agora é um tipo de som que a galera mais ligada em clubs, tipo Baltimore, conhece e respeita. Mas não tem o Hype.

Em um workshop de música eletrônica você falou que seu processo de composição era anárquico, intuitivo e sem muitas regras. Ele continua assim?

Sim. O método é não ter método, só que isso é um método.

E a diferença entre fazer remixes por pura vontade e remixes encomendados? Você já penou muito pra fazer alguma coisa com um material que não curtia? Já desistiu no meio?

Não necessariamente. A gente pode escolher o que quer fazer e eu sempre quero fazer tudo. Às vezes quando pego um material horrível, tem a minha curiosidade e desafio de: “tá, o que eu vou conseguir fazer com essa merda?”. De repente fica uma merda e de repente fica legal, não sei. Quem pega as coisas não consegue julgar objetivamente. Essa é a verdade.

Cita aí um artista com o qual você gostou (ou gosta) bastante de trabalhar e outro que você gostaria, mas ainda não teve a oportunidade.

Bom… tem os Crookers que foi foda conhecer e trabalhar. Recentemente to lançando discos com o DJ Worthy e o DJ Claude Vonstroke, um da Dirtybird e outro Anabatic, dois selos foda de San Francisco. Agora eu to fazendo um trabalho puxado pro Deep House com o Jay-You e uma piazada de Miami do selo petFood. O Lazaro Casanova também tá nessa galera. Eu tô sempre fazendo coisas. Mas eu acho que assim, queria muito produzir algo com Lady Gaga e Amy Winehouse. Pra atender os únicos pedidos que me fazem quando toco em casa, no Rio Grande do Sul.

Veja a galeria com fotos inéditas:

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08/04/2010

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