Entre percussões, vocais e batidas, Numa Gama nos transporta para longe 

05/10/2023

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Gabriela Amorim

Por: Gabriela Amorim

Fotos: Kat Meyer/ Divulgação

05/10/2023

Bandas que você não conhece mas deveria é a seção mais antiga da NOIZE. Desde 2007, ela se reinventa em diferentes formatos e continua sendo impressa a cada lançamento do NOIZE Record Club. Toda quinta-feira, vamos publicar uma indicação musical apresentada na revista. Nesta edição, Numa Gama foi a indicade no BQVNC do Lado A da revista #127, que acompanha o vinil de “Em nome da estrela”, da Xênia França

Natural de Niterói, município do Rio de Janeiro, Numa Gama já carrega no nome a expressão de que é um pouco de tudo. Ambientada a cruzar pontes, para frequentar a cena eletrônica e tocar seu som, Gama vive o estilo nômade entre o Rio de Janeiro, São Paulo e Berlim, na Alemanha. Sua trilha musical começou por volta dos 14 anos, quando herdou um violão que estava abandonado na casa de seu avô. 

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Quatro anos depois, começou a trabalhar com músicas feitas a partir do computador e decidiu parar de tentar formar bandas, se aproximando da cena de festas como Mamba Negra e Blum, onde tocava. Compositore, DJ, produtore e performer musical, Gama se tornou uma figura recorrente na cena musical eletrônica alternativa e levou seus projetos a 18 países, para festivais renomados como Fusion (Alemanha), Baihidorá (México), Viener Festwochen (Áustria) e fez parte, por seis anos, do coletivo Voodoohop, originado de um movimento de festa de rua em São Paulo. 

Partindo de uma lógica não-binária, Gama tem uma trajetória formada por quatro álbuns lançados, sendo eles: Microscopic Cookbook (2017), pelo selo e coletivo Chill Mountain, de Osaka, no Japão; o vinil de A Correnteza (2019), pelo selo Nomade Records; em seguida divulgou o disco duplo Me Redesenho (2020), pelo selo Voodoohop e no ano seguinte, à convite do Centro Cultural São Paulo (CCSP), o disco Memórias de Oneyda (2021). Este último projeto tem trabalho de criação e mixagem por Gama e masterização de Bruno Palazzo. Adepta de improvisações em apresentações ao vivo, a niteroiense promove um som vigoroso, imprevisível e autêntico, dentro de um processo não-linear que desafia os limites de sua inventividade. 

Por onde começo? A audição ideal, que engloba toda a discografia, é pelo SoundCloud. O disco Me Redesenho é um ótimo começo, no qual de cara você já compreende o intuito de Numa Gama. A capa do álbum, produzida por Stella Ismene, foi inspirada pela canção “Cântico da Desbinarização”, presente na tracklist. Ainda que seja agradável ouvir as energias organizadas em ordem, coloco aqui os meus destaques: “Sinking Ship”, “Chapéu”, “Lights All”, “Umbigo” e “Twig People”. Dando sequência, siga para o disco Memórias de Oneyda, que traz uma série de áudios do acervo do CCSP. Contendo colagens sonoras, a maior parte dos vocais são de uma histórica missão de pesquisa folclórica de 1938, que visava gravar músicas tradicionais do Norte e Nordeste do Brasil. 

Mood: Natural, mas cheio de camadas. Numa Gama sabe colocar o seu toque em meio a suas pesquisas sonoras, tornando o som sempre algo leve e relaxante. Entre percussões, vocais e batidas, Gama ruma às vezes para um local quase inóspito, mas há um tom propositivo, que provoca o público mesmo nas faixas mais imersivas. Recomendável colocar naquelas playlists de passeios por praias, cachoeiras, ou para se desligar do som caótico que possa vir a ter na sua cidade.   

Como soa? Barulhos ritmados, flautas, sintetizadores e inúmeras percussões. As músicas de Numa Gama nos transportam para longe, dentro de um material muito rico no quesito de sonoridade. Em cada ponto existem histórias, energias, experimentalismos e detalhes. Independente do jeito que você for, o retorno após a escuta será mais leve. 

Qual a vibe? Descontraído, relaxante e ideal para ambientes abertos. É como se você estivesse em uma floresta futurista encantada, dentro de uma esfera alucinógena e inabitual. 

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05/10/2023

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