Mike Watt no Brasil

11/11/2013

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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11/11/2013

Mike Watt, um dos baixistas que ajudou a escrever a história do punk rock nos Estados Unidos, está de volta ao Brasil. O músico, que irá se apresentar hoje, em São Paulo, e amanhã, no Rio de Janeiro, será a grande atração da festa #GETLOUD, evento capitaneado da marca Converse All-Star no país.

Pela primeira vez por aqui com a sua própria banda, o Missingmen, Watt quer repetir no palco o mesmo clima da apresentação realizada em 2009, com o Stooges. “Essa será a minha terceira passagem pelo seu país e a mais especial também. Os brasileiros têm um coração gigante um espírito punk rock verdadeiro”, adiantou o baixista para a a gente. Os melhores da nossa conversa com Mike Watt, que promete tocar os clássicos do Minutemen, do Firehose, do Dos de todos os seus outros projetos parelelo, você confere aqui.

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O seu último trabalho solo, “The Hyphenated Man”, foi todo baseado na obra do pintor holandês Hieronymus Bosch. Como foi unir música e artes plásticas num disco de punk de rock?

“The Hyphenated Man” é a minha terceira ópera-rock. Na verdade, eu usei o trabalho e as pinturas de Bosch para criar um universo paralelo no meu disco. Eu queria falar sobre o moimento esquisito em que eu me encontro, por ser um punk de meia-idade, uma situação que eu nunca imaginei me ver quando eu era jovem e membro do Minutemen. A ideia por trás de “The Hyphenated Man” é recuperar o meu trabalho no Minutemen, mas sem um sentimento de nostalgia.

Por muito tempo você liderou o Minutemen, uma das bandas mais importantes do punk rock norte-americano nos anos 70. Se a banda existisse hoje ainda, como seria o seu som? Sobre o que seriam as suas letras?

Não posso responder isso com precisão, porque o Minutemen era uma banda que tinha muito a essência do D. Boon, nosso guitarrista e meu melhor amigo. Se ele não tivesse morrido num acidente de carro nos anos 80, nós certamente continuaríamos fazendo o mesmo tipo de som, um punk rock bem louco. O D. Boon era um cara apaixonado por música e uma grande inspiração para mim. E, até hoje, sempre que alguém me pergunta que tipo de baixista eu sou, eu costumo dizer que “sou o baixista do D. Boon”.

Você costuma dizer que o Stooges salvou a sua vida. Por que? Qual é a importância da banda para você?

O Stooges é muito importante para mim. Eu não sei o que seria da cena punk rock se não tivesse surgido o Stooges. Durante os nove meses que eu fiquei internado, por causa de uma grave infecção no períneo, a música do Stooges foi o meu remédio. Então, meio que como um milagre, eu fui convidado para tocar com a banda, 29 anos depois de eu ter conhecido o grupo. Eu simplesmente não acreditei! Há 125 meses eu estou com esses caras, aprendendo com eles, dando o meu melhor em cima do palco. Para mim, uma coisa ainda inacreditável.

Você virá ao Brasil para se apresentar dentro do projeto #GETLOUD, que tem como filosofia o “do it yourself”. Como era ter uma banda no começo dos anos 70? O que o Minutemen tinha que fazer por conta própria para sobreviver?

Você precisa entender que a cena punk norte-americana, nos anos 70, era muito pequena. A maioria das pessoas nos Estados Unidos simplesmente odiavam os punks. Então, a gente sabia, desde o começo, que precisávamos trabalhar duro, ou ninguém iria nos respeitar. No Minutemen, nós trabalhávamos de dia, nos nossos empregos regulares, para termos condições de nos dedicar à música, com comprometimento também. Eu acho que isso é uma coisa que faz parte da “ética punk”. O movimento punk pertence à classe trabalhadora.

Com Kira Roessler, a sua ex-esposa e ex-baixista do Black Flag, você lançou três discos com o projeto Dos. Qual eram principais dificuldades em trabalhar em família? A relação pessoal de vocês não potencializava brigas e discussões sobre música?

A Kira é uma mulher maravilhosa. Ela foi uma das pessoas que viu o punk rock surgir em Los Angeles e trabalhou muito duro, de um jeito que você não é capaz de imaginar. É por isso que ela ganhou mais um Emmy, pela edição de áudio da série “Game of Thrones”, área em que ela trabalha atualmente. Sobre o Dos, esse foi um projeto que tivemos por quase três décadas, que nós gostávamos muito. Nós tivemos alguns problemas no nosso casamento, mas sempre encaramos a banda como uma relação diferente. Nós continuamos grandes amigos e a música é que nos mantém próximos ainda, mais até mesmo do que quando éramos casados.

Em 1995, logo após o fim do fIREHOUSE, você formou uma banda com Dave Grohl, Eddie Vedder e Pat Smear. O que você se lembra daquela época e daquele grupo?

Na verdade, depois que o fIREHOUSE acabou, eu gravei um álbum solo, chamado “Ball-Hog or Tugboat”, que eu contei com a participação de quatorze bandas, formadas por músicos diferentes. Para mim, isso foi um grande teste, ainda mais porque eu fui o responsável pela união de todos. Quando o disco ficou pronto, o Eddie e o Dave me procuraram, com a ideia que fizéssemos uma turnê juntos, com a minha banda, o Hovecraft, projeto que o Eddie levava adiante na época, e com o Foo Fighters. O Pat eu conheço desde quando ele era um bebê, então ele também se juntou a nós. Foram shows incríveis, muito loucos. Esses caras são demais.

Além de todas as suas bandas e projetos, você tem também um programa de rádio e podcast, o The Watt from Pedro Show. O que você costuma tocar por lá? Poderia montar para a gente uma playlist com cinco bandas?

Eu apresento o The Watt from Pedro Show há doze anos já. Bastante tempo! Eu começo o programa sempre com uma música do John Coltrane e tem também outras bandas que tocam direto, porque eu sempre atendo o que o público pede. Mas vamos lá, espero que vocês gostem dessa seleção que eu montei aqui:

Mike Watt no Brasil:

Rio de Janeiro
11 de novembro, às 21h
Studio RJ (Av. Vieira Souto, 110 – Ipanema)
Informações: (21) 2523-1204

São Paulo
12 de novembro, às 21h
Hangar 110 (Rua Rodolfo Miranda, 110 – Bom Retiro)
Informações: (11) 3229-7442

(Foto: Heather Harris)

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